Disputa entre idiomas trava o desenvolvimento da Argélia

Placas na Argélia usam vários idiomas para indicar a direção do zoológico (Foto: ECA International)

A mistura de línguas dificulta a comunicação na Argélia, um país marcado pela conquista árabe e pela longa colonização francesa

Para a maioria dos países, a questão da língua é tão simples como soletrar ABC. Não na Argélia. Os jardins de infância dificultam o aprendizado das crianças. A língua oficial do país é o árabe, mas poucas crianças falam árabe, portanto, sentem-se perdidas já no primeiro dia de escola. O berbere, a língua de cerca de um quarto dos argelinos, foi reconhecida oficialmente no ano passado, mas não se chegou a um consenso a respeito de qual dos seis dialetos seria ensinado nas escolas.

A elite argelina prefere a língua dos colonizadores franceses. A ministra da Educação, Nouria Benghebrit, defende a introdução de uma quarta língua: darija, a língua materna da maioria dos argelinos. Um número crescente de anglófilos quer aumentar o uso do inglês.

A escolha da língua predominante está associada ao sentimento de identidade da Argélia. No período colonial os franceses proibiram o ensino do árabe na escola primária, com o argumento que era uma língua pouco refinada. Após a independência em 1962, os nacionalistas resgataram o uso do árabe depois de 132 anos do domínio francês. Milhares de professores e burocratas do Egito e da Síria preencheram os postos de trabalho dos funcionários franceses. Mas a chegada deles provocou uma reação, desta vez contra a dominação árabe. Agora, os movimentos linguísticos mais recentes são autóctones.

Os muçulmanos defendem o árabe clássico. Alguns mais delirantes acusaram a ministra Benghebrit de conspirar com o Mossad para trair a língua de Deus. “A arabização foi um erro pelo fato de ter sido motivada pela ideia de vingança contra a colonização francesa”, disse um de seus assessores. “Não devemos confundir a colonização bárbara da França com a língua francesa, um meio de comunicação universal da ciência e da cultura.”

As discussões continuam nas universidades e em outras áreas. Os alunos das universidades estudam direito, política e religião em árabe, mas quase todas as outras matérias são ensinadas em francês. O árabe é a língua usada nas sessões dos tribunais, na mídia e nos sermões de sexta-feira. Os seriados de televisão são falados em darija. O francês predomina nas reuniões ministeriais, assim como nas reuniões de negócios e nos salões literários. “Estamos precisando desesperadamente de uma paz linguística”, disse Amara Benyounès, secretário-geral do partido berbere Movimento Popular Argelino (MPA).

Fonte: Opinião e Notícia

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