“Amnésia ou ignorância?” Artigo de Evanildo Bechara sobre o Acordo Ortográfico
Amnésia ou ignorância?
Evanildo Bechara*
Enquanto não passavam de desacertadas opiniões de pessoas desinformadas da história das propostas iniciais, expostas em 1885 e consubstanciadas na primeira reforma ortográfica, de 1911, íamos mostrando, em jornais e revistas, a tais reformistas a sem-razão de adotar oficialmente algumas sugestões de simplificação ortográfica, entre as quais a abolição do h inicial – oje por hoje – ou a redução da forma quero em qero. Embora os defensores dessas simplificações nunca tenham chamado a atenção dos seus leitores para o fato de que algumas dessas propostas muito parecidas já tivessem sido anunciadas, cabe lembrar que a pretensa novidade data, pelo menos, do século 19.
A própria Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1907, tentou um movimento simplificador, que teve no filólogo João Ribeiro grande adepto. Todavia ele reconheceu: “Tudo aconselha a adotar um sistema conservador, embora difícil, em vez de outro qualquer, arriscado e susceptível de anarquizar a escrita”.
Tese investiga práticas, atitudes e identidades linguísticas entre jovens moçambicanos plurilíngues
Tese investiga práticas, atitudes e identidades linguísticas entre jovens moçambicanos plurilíngues
A tese de doutorado intitulada “As línguas não ocupam espaço dentro de nós”: práticas, atitudes e identidades linguísticas entre jovens moçambicanos plurilíngues foi recentemente defendida por Letícia Cao Ponso, aluna do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob a orientação da Profª Drª Cláudia Roncarati (in memoriam), do Prof. Dr. Xoán Lagares e coorientada pelo Prof. Dr. Gregório Firmino.
Confira abaixo o resumo da tese.
RESUMO Esta tese investiga as atitudes, as práticas e as identidades linguísticas de uma comunidade de estudantes do curso de Letras na cidade de Maputo (Moçambique) acerca do estatuto das línguas autóctones moçambicanas e do português, língua ex-colonial em processo de nativização. A partir de uma pesquisa etnográfica, realizada durante o ano de 2012, proponho-me a descrever e a analisar os estatutos atribuídos às línguas pelos falantes plurilíngues, bem como relacioná-los às experiências particulares e concretas dos sujeitos da pesquisa nos âmbitos em que hoje se articulam movimentos de persistência e emancipação plurilinguísticas: a radiodifusão em línguas locais, as práticas religiosas, o comércio nos mercados, a educação bilíngue, os ritos tradicionais, as vivências familiares. Busco compreender os significados sócio-simbólicos de “ser plurilíngue” segundo os valores e as relações culturais específicas dessa comunidade, nas práticas sócio-históricas que as tornaram possíveis em meio ao cenário de colonização e descolonização linguística ocorrida em Moçambique nas últimas décadas. O aporte teórico advém da Etnografia da Fala e da Sociolinguística Interacional de base interpretativa (Hymes, 1962; Hymes, Gumperz, 1964; Goffmann, 1979; Blom; Gumperz, 1972; Gumperz, 1982a, 1982b). Valho-me também da reflexão feita por teóricos da pós-colonialidade (Fanon, 1968; Wa Thiong’o, 1986; Bhabha, 1994 e 1998; Mignolo, 2003 e 2010; Santos; Meneses, 2010; Santos, 2004, 2006 e 2011, Ramose, 2011) para tecer uma discussão desse objeto de tese em meio aos processos de minorização das línguas efetuados pelo encontro colonial em África e seus desdobramentos na construção de identidades linguísticas híbridas. A contribuição deste estudo é propor uma metodologia quali-quantitativa de base etnográfica para os estudos contatuais (especialmente de atitudes linguísticas) nos contextos multilíngues pós-coloniais.
Baixe a tese aqui: PONSO_2014_DO_plurilinguismo_atitudes_Mocambique
Lançada edição online da revista do I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do Mercosul (I GELF)
Lançada edição online da revista do I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do Mercosul (I GELF)
Divulgamos a publicação online da revista do I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do Mercosul (I GELF), que pode ser visualizada abaixo:
O I GELF foi uma iniciativa idealizada pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), com sede em Cabo Verde-África, e pela União Latina, sediada em Paris. Realizado entre os dias 20 e 22 de julho de 2011, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Foz do Iguaçu-PR na tríplice fronteira, reuniu especialistas de seis países diferentes para ministrar palestras a partir de experiências amplamente diversas, contribuindo, desta forma, para uma discussão coerente das questões que se interpõem à gestão da educação linguística das fronteiras.
Vinculado ao I GELF, a revista Ideação, da UNIOESTE, publicou o dossiê “Gestão em Educação Linguística de Fronteira”, cuja edição online pode ser acessada aqui.
Para maiores informações sobre o I GELF, acesse aqui o site do evento.
Lançado o número 4 da Platô: A Língua Portuguesa nas Organizações Internacionais.
A Platô – Revista do Instituto Internacional da Língua Portuguesa – lança hoje o seu número 4.
Os textos apresentados colocam em evidência a atual gestão da língua por instituições como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Fórum de Macau, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) ou o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e tratam de iniciativas que vêm sendo implementadas em âmbitos regionais e por agências especializadas para a valorização do português em particular e do multilinguismo em geral. São reveladores da visão que cada organização tem sobre o valor da língua como ativo diplomático e econômico, bem como das diferentes estratégias que cada uma desenvolve.
Os organizadores enfatizam que a presença e a oficialidade da língua portuguesa nas organizações internacionais é, ao mesmo tempo, uma necessidade para a plena participação da nossa comunidade linguística no funcionamento do sistema decisório global e um sintoma do peso e da relevância desta mesma comunidade no mundo.
Esse número 4 fecha a sequência de publicações dos resultados da série de Colóquios organizados pelos IILP e que tematizaram variados contextos e políticas envolvendo a língua portuguesa, a saber: a diversidade linguística no seio da CPLP, isto é, a situação e as políticas dos Estados Membros para com as 390 línguas faladas nos seus territórios e que coabitam com o português (Colóquio Internacional de Maputo, Platô número 1); a língua portuguesa nas diásporas (Colóquio Internacional da Praia, Platô número 2) e a língua portuguesa na Internet e no Mundo Digital (Colóquio Internacional de Guaramiranga, Platô número 3).
Encerrada essa fase, a Platô passa a contemplar propostas temáticas e chamadas abertas. O próximo número, a ser lançado em breve, tratará do Ensino das Línguas Portuguesa e Chinesa, publicando assim relevantes discussões sobre esse tema ocorridas em Macau. Acesse a revista, clique aqui.
Fonte: Blog do ILLP
Carlos Alberto Faraco: “Devemos alterar o acordo ortográfico de 1990?”
Devemos alterar o acordo ortográfico de 1990?
Carlos Alberto Faraco
Qualquer pessoa que estuda a história ortográfica das línguas sabe que, por razões econômicas e culturais, não se deve mexer em ortografias estabilizadas. Mudanças “simplificadoras” ou “racionalizadoras”, embora propostas sempre com a maior das boas intenções, resultam, se implantadas, em desastre.
Apesar dessa lição histórica, os filólogos da geração de Antônio Houaiss, portugueses e brasileiros, entenderam que era necessário superar a duplicidade de ortografias oficias do português. Depois de décadas de debates, chegaram ao Acordo Ortográfico de 1990, pelo qual se fizeram pequenos ajustes em cada uma das ortografias vigentes para submetê-las a um único conjunto de princípios. Na proposta desses filólogos, não houve propriamente uma “reforma ortográfica”, na medida em que o núcleo duro das bases da ortografia estabelecidas em 1911 não se alterou.
Tese de doutorado investiga variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do RS
Processos de territorialização de variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do Rio Grande do Sul
A tese de doutorado intitulada Processos de territorialização de variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do Rio Grande do Sul foi recentemente defendida por Luciana Santos Pinheiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob a orientação do Prof. Dr. Cléo Vilson Altenhofen.
Acesse aqui a dissertação na íntegra.
Confira abaixo o resumo da tese.