Morre Joshua Fishman, um dos fundadores do campo da sociologia da linguagem e um estudioso de planejamento linguístico e educação bilíngue
Joshua Fishman, um dos fundadores do campo da sociologia da linguagem e um estudioso altamente influente nas áreas de planejamento linguístico e educação bilíngue, morreu no último 01º/03 à noite em sua casa no Bronx aos 88 anos. A nota a seguir, escrita por Ofelia García (professora nos programas de doutorado em Educação Urbana e de Literaturas e Línguas Hispânicas e Luso-brasileiras do Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova York), foi compartilhada no Facebook e em The Linguist List.
Um professor amado e estudioso influente, Joshua A. Fishman morreu serenamente em sua casa no Bronx, na segunda-feira à noite, 1º de março de 2015. Ele tinha 88 anos. Joshua A. Fishman deixa para trás sua esposa dedicada, Gella Schweid Fishman, três filhos e noras, nove netos e dois bisnetos. Mas ele também deixa para trás milhares de estudantes em todo o mundo, que aprenderam muito com ele sobre sociologia da linguagem, o campo que fundou, e também sobre a possibilidade de ser um estudioso generoso e comprometido com as comunidades de minorias linguísticas. Como uma vez disse ele, sua vida foi o seu trabalho e seu trabalho era sua vida.
Nova publicação do IPOL: Mapas linguísticos do OBEDF
Nova publicação do IPOL: Mapas linguísticos do OBEDF
O resultado da pesquisa apresentada nesta publicação, na forma de mapas linguísticos, constitui um panorama sobre as línguas declaradas como sendo faladas pela comunidade escolar dos municípios de Ponta Porã (MS), Guajará-Mirim (RO) e Epitaciolândia (AC), observando os modos de uso e lugares de circulação das diferentes línguas e dando visibilidade para esse traço evidentemente importante da região fronteiriça, que se singulariza pela diversidade linguística e cultural. O objetivo do livro é apresentar espacialmente as línguas que circulam nas zonas de fronteira pesquisadas e proporcionar aos professores e alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio elementos para discussão em sala de aula sobre a diversidade linguística no Brasil.
Acabamos de receber da gráfica os exemplares de nossa mais recente publicação: o livro OBEDF – Observatório da Educação na Fronteira: Mapas Linguísticos, de Márcia R. P. Sagaz e Rosângela Morello (Florianópolis: IPOL; Editora Garapuvu, 2014, 40p.).
Diante do quadro de promoção e reconhecimento das línguas brasileiras nos últimos anos, uma questão motivou a realização do projeto Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF): “se há tantas línguas no Brasil, como as crianças que aprenderam a falar em outra língua e não sabem ou sabem pouco português aprendem a ler, a escrever, a fazer contas e outros conteúdos quando vão à escola brasileira?”.
Assim, o projeto OBEDF, financiado pela Coordenação de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), através do Edital 038/2010/CAPES/INEP, com coordenação interinstitucional envolvendo a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal de Rondônia (Unir), no âmbito do Observatório da Educação (OBEDUC/CAPES) e escolas da rede pública de ensino dos municípios de Ponta Porã (MS), Guajará-Mirim (RO) e Epitaciolândia (AC), desenvolveu suas atividades entre 2010 e 2013.
Nesse contexto, o projeto OBEDF, em parceria com o IPOL, realizou, dentre outras ações, uma série de levantamentos, constituindo um quadro sobre as línguas declaradas como sendo faladas pela comunidade escolar dos três municípios citados acima, observando os modos de uso e lugares de circulação das diferentes línguas e dando visibilidade para esse traço evidentemente importante da região fronteiriça, que se singulariza pela diversidade linguística e cultural.
A partir dos levamentos, o IPOL responsabilizou-se então pela condução das pesquisas do diagnóstico para o qual contou com uma equipe formada por linguistas e profissionais de Letras e também com a colaboração de bolsistas de graduação e pós-graduação do OBEDF nas discussões que nortearam o trabalho.
O diagnóstico da situação das línguas nas escolas tem como objetivo amplo conhecer as línguas que os alunos, o corpo docente, o pessoal de apoio/funcionários e os gestores falam, conhecem, entendem e com as quais se identificam, assim como o contexto de imersão, a cidade,a fronteira. Com essas informações, objetiva-se proporcionar aos docentes e gestores reflexão sobre a presença de outras línguas, além do português, nas escolas.
Os mapas linguísticos do OBEDF foram desenvolvidos a partir dos dados coletados no diagnóstico sociolinguístico por equipe multidisciplinar e têm como foco apresentar espacialmente as línguas que circulam nas zonas de fronteira pesquisadas e proporcionar aos professores e alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio elementos para discussão em sala de aula sobre a diversidade linguística no Brasil.
Professores de todas as áreas podem lançar mão desta publicação. As áreas do conhecimento, tais como Geografia, Matemática, História, Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras, encontram aqui elementos para discussão e pesquisa de ensino-aprendizagem que podem ser desenvolvidas em sala de aula.
Assim, a pergunta sobre as crianças, suas línguas e seu aprendizado na escola motivou-nos a realizar este trabalho. Acreditamos que a partir dele muitos outros questionamentos podem estimular professores e alunos à construção do conhecimento.
Apresentamos a seguir o Sumário da publicação.
Sumário
Apresentação
1 Diagnóstico Sociolinguístico
1.1 Escolas participantes
1.2 Dados coletados
2 As cidades e seus aspectos linguísticos
Ponta Porã (MS): fronteira seca
Guajará-Mirim (RO): pérola do Mamoré
Epitaciolândia (AC): município independente
3 Mapeamento das línguas
3.1 Guia de Símbolos
3.2 Línguas Declaradas
3.3 Sobre os Mapas: Arranjo Geral
Mapa 1 – Línguas declaradas / Línguas indígenas declaradas
Mapa 2 – Arranjo geral
3.4 Sobre os Mapas: Mapas Temáticos
Mapa 3 – Espanhol Proficiência em Leitura
Mapa 4 – Espanhol língua materna – Língua do lar
Mapa 5 – Guarani língua materna – Língua do lar / Guarani âmbitos de uso
Mapa 6 – Espanhol âmbitos de uso
Mapa 7 – Atitudes linguísticas
Mapa 8 – Português língua materna – Língua do lar e âmbitos de uso
Referências
Gestão do multilinguismo na fronteira é tema de Tese de Doutorado
Gestão do multilinguismo na fronteira é tema de Tese de Doutorado
Na última terça-feira, 24, Isis Ribeiro Berger, professora da UNIOESTE e aluna do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC, defendeu sua Tese de Doutorado sobre gestão do multilinguismo em escolas brasileiras de Ponta Porã, município situado na fronteira Brasil – Paraguai. A tese desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. Gilvan Müller de Oliveira teve como recorte espaço-temporal as ações e encaminhamentos do Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF), projeto coordenado pela Profª Drª Rosângela Morello entre 2011 e 2013.
A Banca Avaliadora da Tese foi constituída pelos professores Drª Eliana Sturza (UFSM), Prof. Dr. Cléo Altenhofen (UFRGS), Profª Drª Cristine Severo (UFSC), Prof. Dr. Felício Margotti (UFSC) e Profª Drª Rosângela Morello, que coordena o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Políticas Linguísticas (IPOL).
A tese contribui com a construção de uma ótica para análise do fenômeno da gestão do multilinguismo na fronteira entrelaçando saberes de diferentes campos do saber (a exemplo da Geografia, Sociologia e Filosofia) e conferindo visibilidade ao papel dos educadores como gestores dos espaços das línguas nas escolas e como gestores das fronteiras. Em sua análise a autora aborda diferentes mecanismos que reforçam o funcionamento monolíngue das escolas e contrapõe o quadro político-linguístico-educacional à realidade multi/plurilíngue na qual os educadores dessa fronteira estão inseridos. Partindo dessa análise, a pesquisadora contribui com a identificação de diferentes práticas escolares cotidianas de gestão do multi/plurilinguismo e análise de tentativas de promoção do multilinguismo nas escolas à luz das diferentes orientações político-linguísticas propostas por Ruiz (1984): língua-enquanto-problema, língua-enquanto-direito, língua-enquanto-recurso.
Dentre os diversos tópicos debatidos durante a defesa, destacou-se a importância da construção da visibilidade das demandas linguístico-educacionais existentes nas fronteiras nacionais como parte das necessárias ações ainda a serem desenvolvidas no âmbito das políticas públicas. Com relação aos aspectos levantados pelos avaliadores, foi ressaltado o importante papel que as escolas possuem na tarefa de desconstrução de imaginários e representações em torno das línguas e das fronteiras.
A tese de Isis Ribeiro Berger foi aprovada e constitui-se como uma contribuição importante entre um conjunto de ações, projetos e pesquisas que vem sendo desenvolvidas no âmbito da Política Linguística com a participação, acompanhamento e assessoramento e do IPOL.
Leia também: Defesa de Tese de Doutorado a partir de pesquisa no âmbito do OBEDF
Defesa de Tese de Doutorado a partir de pesquisa no âmbito do OBEDF
“Gestão do multi/plurilinguismo em escolas brasileiras na fronteira Brasil-Paraguai”
Nesta terça, 24 de fevereiro de 2015, será realizada, no Campus da UFSC, a defesa da tese intitulada “Gestão do multi/plurilinguismo em escolas brasileiras na fronteira Brasil-Paraguai”. A tese de autoria de Isis Ribeiro Berger, bolsista do OBEDF (Observatório da Educação na Fronteira) e aluna do programa de pós-graduação em Linguística da UFSC, foi desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. Gilvan Muller de Oliveira.
O trabalho aborda a gestão da presença e do lugar das línguas nos espaços de escolas brasileiras situadas na fronteira Ponta Porã (Brasil) – Pedro Juán Caballero (Paraguai) e parte de pesquisa realizada de 2011 a 2013 entre educadores de duas escolas situadas em Ponta Porã, no âmbito do Projeto Observatório da Educação na Fronteira coordenado pela Profª Drª Rosângela Morello.
A pesquisa participa de um conjunto de ações com vistas à construção de um espaço de visibilidade das demandas linguístico-educacionais existentes nas fronteiras, que tem sido possível no recente quadro político, que vem tornando visíveis tanto a coexistência de línguas no âmbito do território nacional como a compreensão das fronteiras enquanto potenciais espaços à integração.
Abaixo apresentamos o Resumo da tese.
Atlas Sociolingüístico de Pueblos Indígenas en América Latina: disponibilizados links para acessar os dois tomos, o material do DVD e o blog
Atlas Sociolingüístico de Pueblos Indígenas en América Latina
O Atlas Sociolingüístico de Pueblos Indígenas en América Latina, publicado originalmente em 2009 numa parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo (AECID) e a Fundación para la Educación en Contextos de Multilingüismo y Pluriculturalidad (FUNPROEIB Andes), mostra a imensa diversidade étnica e cultural da população indígena da região, desempenhando um importante papel de disseminador e valorizador das sociedades indígenas latino-americanas, além de ser um documento que permite aprofundar o debate sobre as políticas, planos e programas de interesse destes povos.
A versão em pdf do Atlas, em dois tomos, pode ser baixada aqui e aqui. Também é possível acessar aqui ao material do DVD que acompanha os tomos, no qual o internauta visualiza vários recursos do Atlas.
Outro recurso importante é o Blog do Atlas (acesse aqui), que apresenta mapas e fichas com informações de cada um de los 522 povos indígenas que vivem na América Latina, distribuídos em 20 países (Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela).
Disponibilizada versão digital do livro “Os desafios da integração sul-americana: autonomia e desenvolvimento”
Disponibilizada versão digital do livro Os desafios da integração sul-americana: autonomia e desenvolvimento
Baixe aqui o livro eletrônico formato PDF
Baixe aqui o livro eletrônico formato E-pub
O livro Os desafios da integração sul-americana: autonomia e desenvolvimento, organizado por Ingrid Sarti, José Renato Vieira Martins, Monica Leite Lessa e Glauber Cardoso Carvalho (Rio de Janeiro: FoMerco / Letra e Imagem, 2014), reúne uma seleção de textos e depoimentos que buscam analisar as implicações, os problemas e os avanços do processo de integração da América do Sul no século XXI. Foram extraídos dos simpósios e painéis realizados durante o XIV Congresso Internacional do Fórum Universitário Mercosul – FoMerco, em 2013, na Universidade Federal do Tocantins, em Palmas, e agora se somam à produção originada no âmbito dos sete últimos Congressos Internacionais do Fórum Universitário Mercosul – FoMerco.
Intelectuais e pesquisadores oriundos de diferentes instituições e nacionalidades muitas vezes divergem nas avaliações do processo da integração sul-americana vigente. Contudo, há um ponto de partida conceitual comum à literatura desenvolvida pelos colaboradores do FoMerco. Trata-se do reconhecimento de que se inaugura um ciclo virtuoso na política do continente, como estratégia de inserção soberana da região e condição de superação do tradicional papel subalterno de periferia do capitalismo a que foi relegada desde seus primórdios, quando se elege a autonomia da política externa associada ao propósito do desenvolvimento econômico-social. Em suma, um marco conceitual de integração que se apoia sobre uma noção de autonomia dada pela afirmação dos blocos regionais e pela recusa dos acordos de livre-comércio bilaterais, principalmente com as potências hegemônicas.
Acesse aqui ao site da FoMerco e aqui à sua página no Facebook.
Fonte: FoMerco