Ipol realiza formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC
Ipol realiza formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC
Nos dias 24 de junho e 1º de julho, aconteceu a formação dos recenseadores que atuarão no censo linguístico da cidade de Antônio Carlos-SC.
A formação, realizada no Auditório da Secretaria de Saúde do município, foi executada pelo Ipol – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística, sendo ministrada por Rosangela Morello, coordenadora do Ipol, Márcia R. P. Sagaz, coordenadora técnica do censo, e Ana Paula Seiffert, linguista.
Também estavam presentes na formação Altamiro Antônio Kretzer, secretário de Educação e Cultura, Lucia Scussel, coordenadora de Cultura, e Irani Hipólito, da Secretaria de Saúde do município.
As 17 recenseadoras que estavam presentes na formação são agentes de saúde do município. Sempre muito entusiasmadas, participaram ativamente de todas as etapas da formação: sensibilização linguística, metodologia de coleta e, em especial, aplicação do questionário-piloto em alguns munícipes. Também propuseram ajustes no intuito de aperfeiçoar esse que é um dos principais instrumentos do censo, o questionário.
A próxima etapa do censo linguístico será a formação dos digitadores, prevista para este mês. Já a coleta de dados iniciará em agosto.
Antônio Carlos e a língua Hunsrückisch
Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado de Santa Catarina a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010, depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas.
Para saber mais: Ipol realiza Censo Linguístico e Diagnóstico da Língua Hunsrückisch
Ipol realiza Censo Linguístico e Diagnóstico da Língua Hunsrückisch
Ipol realiza Censo Linguístico e Diagnóstico da Língua Hunsrückisch
O Ipol – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística – executará o censo linguístico e o diagnóstico da língua Hunsrückisch na cidade de Antônio Carlos, Santa Catarina. A iniciativa contará com a realização da Secretaria Municipal de Educação e terá apoio da Secretaria de Saúde do município.
Em mais um passo para a concretização do censo linguístico, o Ipol realizará a formação de recenseadores nos dias 24/06 e 01/07, no Auditório da Secretaria de Saúde de Antônio Carlos.
Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010 (ver documento com a lei aqui), depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas (nas comunidades do Louro, Rachadel e Centro).
Antônio Carlos é um dos 12 municípios brasileiros a empunhar uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.
Iniciativa semelhante foi realizada em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, que cooficializou também em lei municipal a língua pomerana em 2009 (ver texto da lei aqui), o que desencadeou uma série de ações, dentre as quais a realização do censo linguístico, protagonizado pela secretaria de educação do município em parceria com o Ipol.
“Com a cooficialização do Hunsrückisch em Antônio Carlos”, afirma Rosangela Morello, coordenadora geral do Ipol, “tem início outra etapa em prol da regulamentação da lei e da implementação de ações para ampliar os âmbitos de usos da língua. São ações que visam a legitimar processos históricos da imigração no Brasil, reconhecendo sua importância na formação da sociedade brasileira”. Rosangela nos lembra também que a região onde atualmente se localiza o município era ocupada por indígenas Xokleng. A partir de 1830 recebeu imigrantes oriundos da região do Hunsrück, sudoeste da Alemanha, como aconteceu em outras localidades no Rio Grande do Sul (Ivoti, Sapiranga, Bom Princípio, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Araricá, Presidente Lucena, Morro Reuter). A partir de 1840, açorianos acompanhados de escravos negros também se instalaram na região. Anos mais tarde, libaneses, ingleses e belgas também se estabeleceram no município. “Toda essa diversidade na formação de Antônio Carlos provavelmente é refletida nas línguas faladas por seus habitantes. É a valorização desse patrimônio linguístico que está no âmago da iniciativa de cooficializar a língua Hunsrückisch ou simplesmente ‘Hunsrücke’”, complementa Morello.
Para o levantamento de dados linguísticos no município, preveem-se duas etapas: o censo linguístico, que produzirá indicadores sobre a língua Hunsrückisch permitindo visualizá-la em suas funções básicas sociais e assim subsidiar e fundamentar a tomada de decisões sobre ela, e o diagnóstico sociolinguístico, que aprofundará o conhecimento sobre os usos do Hunsrückisch em Antônio Carlos, sobretudo quanto à sua modalidade escrita. Ambas as etapas poderão orientar a adoção de uma perspectiva para o ensino da língua no município, por exemplo, ou outras políticas linguísticas com vistas à preservação do patrimônio linguístico – oral e escrito – da cidade.
Política linguística e educacional no ensino superior no Amazonas: línguas e produção de conhecimentos
A Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável é um curso em línguas indígenas e português destinado à formação em nível superior de professores e pesquisadores indígenas.
Considerado o município mais plurilíngue do Brasil, São Gabriel da Cachoeira no estado do Amazonas Em 2002, atendendo a uma demanda de entidades constituídas e representadas pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), decretou oficiais no município as línguas indígenas Tukano, Baniwa e Nheengatu. Para atender esta demanda linguística de forte representação social na cidade, a licenciatura é oferecida pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para indígenas de três pólos território-lingüísticos: Baniwa, Tukano e Nheegatu.
O aumento do número de estudantes indígenas formados no nível médio que desejavam continuar seus estudos fizeram com que organizações do movimento indígena passassem a formular reivindicações quanto ao acesso ao ensino superior.
Refletindo as políticas no sentido de ampliar e respeitar a pluralidade linguística das mais diversas etnias e culturas presentes no território Brasileiro, o ensino em língua indígena facilita a preservação destas, na Proteção e a Promoção da diversidade das expressões culturais e de garantias de direitos das minorias étnicas e linguísticas, fazendo com que os falantes do Baniwa, Tukano e Nheegatu exerçam sua cidadania na sociedade brasileira.
A licenciatura indígena está sob responsabilidade do Conselho Universitário Consultivo e Deliberativo do Curso, composto pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), pela UFAM, pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) de São Gabriel da Cachoeira, e pela Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) do Amazonas, por representantes discentes das turmas Baniwa, Tukano e Nheegatu, coordenadores indígenas de cada turma, lideranças tradicionais e representantes docentes.
Mais informações : http://www.ensinosuperiorindigena.ufam.edu.br/
A memória da repressão às línguas de imigração na recuperação de um Atlas Geográfico
Um exemplar do Atlas Geográfico (UNIVERSAL ATLAS, escrito por Friedrich Volckmar e publicado em meados de 1909 em língua alemã), foi salvo por um menino de uma fogueira destinada à destruição de publicações didáticas em línguas de imigração, por volta da época da segunda Guerra Mundial (1939-1945). O aluno teria visto o livro “escorregar” entre a pilha de livros em chamas no pátio da Escola Isolada da Estrada Carolina, no interior do município de Gaspar em Santa Catarina.
Segundo a professora aposentada Edith Manke, este aluno, com receio da forte repressão linguística* que ainda imperava, manteve a publicação escondida no sótão de sua casa até decidir entregá-lo novamente à escola. Muitos anos mais tarde e pelo fato de D. Edith lecionar em língua alemã nesta mesma escola, o Atlas Geográfico acabou ficando sob sua responsabilidade.
Fotos de antes e depois da restauração feita no Atlas
No ano de 2012, a equipe de pesquisadores do IPOL no âmbito do Projeto “Receitas da Imigração: Língua e Memória na Preservação da Arte Culinária” tiveram o privilégio de conhecer um pouco da história de vida de D. Edith e sua ligação com a localidade da Estrada Carolina. Na ocasião, ela nos confiou a posse deste documento histórico. Para ela, mais importante do que estar de posse do Atlas é fazer como que sua história seja conhecida e preservada.
O Dicionário Português-Renano e a valorização das línguas brasileiras: entrevista com André Kuster-Cid
O Hunsrückisch é língua cooficial nos municípios de Antônio Carlos, em Santa Catarina, e Santa Maria do Herval, no Rio Grande do Sul e agrega uma extensa comunidade linguística no Brasil.
No momento em o governo brasileiro, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) conduz a implementação da Política do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) criada pleo Decreto 7. 387 de 09 de dezembro de 2010, e no momento em que municípios brasileiros reconhecem as línguas de seus cidadão através de políticas de cooficialização, como é o caso de Antônio Carlos, que agora implementa ações em prol do Hunsrückisch, o lançamento do Dicionário Português-Renano em Domingos Martins, no Espírito Santo, representa um estímulo ao desenvolvimento dessas e outras politicas linguísticas de promoção e valorização das línguas brasileiras.

E: Porque o título do dicionario é Português-Renano e não Português-Hunsrikisch?
O nome do dicionário é “Dicionário Português-Renano (“Hunsrikisch”). A escolha do nome “Renano” se deu por 3 razões principais:
a) Não existe nem nunca existiu nenhuma unidade política chamada “Hunsrük”. O nome Hunsrück é um conceito geográfico, como “Serra da Mantiqueira”. A província alemã de onde vieram a maioria dos alemães para o Brasil chama-se “Prússia Renana”.
b) Na Dialetologia Germânica não existe nenhum dialeto “Hunsrück”. O que “Hunsrück” é parte da família de dialetos conhecidos como Dialetos Franco-Renanos, que inclui também o Luxemburguês e o Hessiano, povos que também imigraram para o Brasil mas que NÃO vieram do Hunsrück.
c) Toda língua tem seu endônimo (o nome da língua da própria língua) e seu exônimo (o nome da língua em outras línguas). Assim, não dizemos que alguém fala “nihongo”. Dizemos que fala japonês. A palavra “hunsrik, hunsrikisch, hunsriqueano” são pouco eufônicas por serem estranhas à Fonologia do português brasileiro. Não existem palavras em português com a sequência consonantal “nsr”.
A palavra “Hunsrück” é difícil de ser lembrada por não falantes, o que complica sua retenção por políticos, autoridades culturais e população em geral.