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A importância do Festival da Cultura Alemã e Pomerana entre as gerações do município de Canguçu/RS
A diversidade cultural de Canguçu sempre fez parte da história do município. Com tradições trazidas dos antepassados, os descendentes de pomeranos e alemães mantém ativos os costumes apreendidos até os dias de hoje. Desde a chegada dos povos nestas terras, as comunidades realizam festividades que mantém vivas a memória de suas famílias.
Para sustentar as tradições dentro das escolas, em 2002, foi criado o Festival da Cultura Alemã e Pomerana (Festcap), um evento que reúne alunos descendentes da cultura. Com os trajes típicos, durante os dias de apresentações, são realizadas apresentações de dança, declamações de poesias, canto, música instrumental, danças e artesanato.

A ideia do Festcap surgiu quando o secretário de educação da época, professor Basílio Barbosa procurou a diretora de uma escola para entender a baixa participação de seus alunos em eventos da cultura gaúcha. A professora Izelda Stumpf relatou que a realidade dos estudantes da instituição era diferente, eles não possuíam ligação com aquelas tradições, mas com a cultura pomerana. E para suprir essa demanda, resolveram iniciar o projeto que hoje é conhecido como o Festcap.

Da dificuldade em confeccionar as vestimentas até a organização da primeira tarde de eventos, tudo foi planejado com muito carinho pelos organizadores. Para viabilizar o começo das atividades do Festicap, iniciadas em 2002 e concretizadas em 2003, foi preciso um esforço coletivo de todos ao redor. Amor pela cultura pomerana expressado através de apresentações escolares foi gratificante para quem sentia a necessidade desse reconhecimento. Em entrevista, a educadora Izelda relembra o orgulho em ter sido pioneira das ações de início das festividades.
“Começar foi muito difícil, não se tinha nada, com todo o esforço das escolas nós conseguimos realizar o primeiro evento em 2003”, conta a idealizadora.
“Foi um sucesso, os pais lotaram o ginásio, se sentiram valorizados. Os avós ficaram orgulhosos, a maioria se quer falava português e, hoje, ainda tem muitos que só falam pomerano”, relembra Izelda que deixou para sua filha Tanise, também atuante na mesma profissão, o gosto pela perpetuação das tradições. Tanise Stumpf é uma estudiosa da cultura pomerana através dos ensaios de danças dos alunos e do ensino da Língua Pomerana.

Ela conta que durante muitos anos, lutou para que o dialeto passasse a compor a grade curricular das escolas de Canguçu.
“Se a gente não resgatar essa língua, ela vai acabar morrendo. Ela precisa ser retomada, ser trabalhada”, diz.
O Festicap mantém esse conhecimento aos mais jovens de forma educacional. “Esse trabalho é reconhecido porque os alunos têm se dado conta da importância de serem pomeranos, sentem orgulho da utilização de uma roupa típica, povo tradicional pomerano, cantar em pomerano”, comemora Tanise. “Estarei sempre lutando para perpetuar essa cultura cada vez mais no nosso município”.

Idiomas ucraniano e polonês passam a ser co-oficiais em Mallet
Projeto tem como objetivo promover parcerias entre as nações e valorizar a cultura viva da imigração no município

Além do português como língua oficial do Brasil, Mallet agora passa a ter dois idiomas co-oficiais: o ucraniano e o polonês. O objetivo da lei, aprovada pela Câmara de Vereadores , é promover a integração das duas nações com o município, bem como reconhecer a importância da imigração das duas etnias para a formação cultural da cidade.
A ação foi possível por meio do projeto de autoria do presidente da Câmara de Vereadores do município, Serjo Gryczak, juntamente com a vereadora Kelly Joselia Calisto Grzeszczyszyn e do vereador Délcio Jurandir Osinski.
De acordo com o presidente da câmara, o município de Mallet foi fundado a partir da imigração polonesa e ucraniana e que, até hoje, muitos moradores praticam as línguas oficiais dos dois países em casa. “Os ucranianos, assim como os poloneses fizeram, fazem e farão parte da história, não somente da questão linguística, mas também pelas tradições, cultura e religiosidade”, explica Serjo.
Portanto, as raízes do projeto surgem a partir da vontade de dar visibilidade aos descendentes que ainda vivem em mallet e praticam algumas dessas tradições. “Quando uma língua se torna co-oficial, você dá respaldo jurídico de que o município oficialize, se preocupe e tente dar proteção às pessoas que fazem parte dessa história”, comenta o vereador.
Ainda, Serjo conta que a co-oficialização das duas línguas abre portas diplomáticas entre Mallet e os dois países. Por isso, eles esperam que a iniciativa permita a realização de parcerias entre as nações, bem como a possibilidade de intercâmbios para a população da região. Além disso, o presidente conta que a partir do projeto ele vislumbra o retorno do ensino das duas línguas no estado. “Nós acreditamos que esse projeto vai fazer renascer as próprias aulas de polonês e ucraniano que já existiram no município de mallet”.
Neste mesmo sentido, o turismo também é um setor que deve ser aquecido com a co-oficialização dos idiomas. “Além de valorizar muito a etnia ucraniana e a etnia polonesa, vai fortalecer e abrir muitas portas para muitas possibilidades a médio e a longo prazo para os Maletenses”, finaliza Serjo.
SOLIDARIEDADE
O projeto de co-oficialização também veio como uma forma de solidariedade ao povo ucraniano que tem convivido com o conflito armado. Estima-se que 60% da população de Mallet tenha descendência ucraniana, sendo a segunda cidade com o maior número do Brasil, ficando apenas atrás de Prudentópolis, com 75%, que também já tem o ucraniano como língua co-oficial.
“Tem muito a ver com a questão que a Ucrânia está vivendo hoje, com a guerra, com a luta pela paz. A gente percebe que essas atitudes são muito bem vindas nessa situação em que o mundo está passando”, explica Serjo. Ainda, o vereador comenta que, assim que a lei for sancionada, o Consul Ucraniano deve vir pessoalmente a Mallet para conhecer o município.
VIA
ILP – Inventário da Língua Pomerana – Encontro de Falantes
O Inventário da Língua Pomerana realizará o seu Encontro de Falantes entre os dias 12 e 13 de agosto 2022, presencialmente na Câmara Municipal de Santa Maria de Jetibá/ES. O evento tem como foco a apresentação dos resultados, debate e encaminhamentos para fortalecimento da língua Pomerana, uma língua brasileira de imigração.
Confira a PROGRAMAÇÃO, acompanhe as notícias!
O Inventário da Língua Pomerana é uma parceria do IPOL com o Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD)/Ministério da Justiça e instituições/pesquisadores do Espírito Santo.
Lançamento do livro” Úkũsse: formas de conhecimento nas artes do diálogo tukano”
A Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) promove o lançamento de Úkũsse: formas de conhecimento nas artes do diálogo tukano, do autor João Rivelino Rezende Barreto. O livro já está à venda na livraria virtual e tem versão gratuita em formato e-book, na estante aberta da editora.
A obra é resultado de uma pesquisa antropológica no noroeste amazônico, tendo como universo temático o povo tukano e sua sabedoria. Partindo de uma etnografia em casa, o autor apresenta o Úkũsse, um conceito-raiz para o entendimento das formas de conhecimento tukano como arte do diálogo. Segundo ele, este conceito é o objeto de pesquisa e também sua metodologia.
Indígena de etnia tukana, Barreto é natural do extremo norte do Amazonas. Também conhecido como Yúpuri, ele é mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e primeiro indígena a concluir seu doutorado em Antropologia na UFSC, em 2019.
A obrigatoriedade do espanhol e a integração latino-americana

A lei de obrigatoriedade do espanhol, veio a ser pensada principalmente por dois fatores. O primeiro é possibilitar aos estudantes do nível médio e fundamental uma nova possibilidade de escolha de língua estrangeira para os estudantes. O segundo, que tem base com a ideia do fato de ser impossível dar aula de línguas sem estar vinculada a sua cultura, que é o maior conhecimento da região, o que pode resultar em uma maior integração regional.
Estes pontos são alguns dos principais, que integram outros inúmeros, que podemos pensar em se tratando desta lei de autoria do deputado federal Felipe Carreiras (PSB-PE) e o senador Humberto Costa (PT-PE), como resultado de uma luta incansável do Movimento Fica Espanhol.
Mesmo que o novo ENEM, tenha repercutido a saída do espanhol da prova mais importante do país, o que pode trazer um conflito ao ensino desta língua, por muitos estudantes acreditarem no ensino escolar apenas e unicamente para o ingresso a universidade.
O espanhol sempre foi uma língua vista em segundo plano, principalmente pela visão pejorativa de que ela é o mesmo que o português. O que vem atrelado ao fato da falta de interesse do país em se ver como parte da América Latina, por se sentir alheio ao resto da região por falar uma língua distinta da maioria dos países que a integram.
Por isso, de alguma forma, seria possível, que o ensino de espanhol, possa ser um ponto inicial, não somente para o brasileiro finalmente se perceber parte do continente, para consolidar “efetivamente a integração latino-americana”.