Pesquisadores do Sul do país analisarão dialeto alemão falado na Região Serrana do Estado

A força do idioma alemão, presente nas conversas de muitas famílias de imigrantes da Região Serrana do Estado, será objeto de um estudo nesta semana. Os municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano e Santa Leopoldina, a partir do próximo sábado (12), serão o foco de uma pesquisa que irá mapear os moradores que falam o dialeto hunsruckisch.

O projeto, que é patrocinado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é promovido por uma parceira entre o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio do Projeto Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata – ALMA-H. A pesquisa terá duração de uma semana e fará parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística do Brasil (INDL), que tem como objetivo conhecer a variedade linguística do Brasil.

A pesquisa, que tem como coordenadores o professor da UFRGS, Cleo Vilson Altenhofen, e a professor do IPO de Florianópolis, Rosângela Morello, também terá o apoio de outros três pesquisadores – André Kuster Cid, ex-professor de alemão em Domingos Martins e falante de hunsrückisch, Edenize Ponzo Peres professora de sociolingüística da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Rodrigo Schlenker, professor do IPOL.

Em Marechal Floriano, o grupo será guiado pela professora Reni Klippel e pelo coordenador do Grupo Folclórico Germânico Grünes Tal do distrito de Santa Maria, Werner Bruske. Já em Domingos Martins, o pesquisador André Kuster será o guia, enquanto que em Santa Leopoldina o grupo será recebido por Jones Herzog.

Durante o mapeamento, a equipe fará visitas às zonas rurais destas cidades e também estará aberta para sugestões dos moradores desses lugares. Será analisada a história da língua nos municípios, seu uso e se ela é ensinada às crianças pelos pais ou na escola. Junto com isso, também serão conhecidas e descritas às variedades do dialeto e onde estão essas pessoas que falam o hunsruckisch.

Divulgação dos resultados

Após esse trabalho de campo, os dados coletados serão compilados e transformados em gráficos e dados estatísticos. Quando estiverem prontos, serão publicados no Inventário Nacional da Diversidade Linguística do Brasil (INDL), o que representará o reconhecimento da língua hunsrucküsch ou o hunsriqueano, pelo Estado, como Referência Cultural Brasileira.

Participante do trabalho, a professora de sociolinguística da Ufes, Edenize Ponzo Peres, fala sobre a importância do trabalho. “Esse Inventário dará visibilidade à grande diversidade linguística do estado, e essa pesquisa não ficará apenas no Brasil, o que poderá atrair até pesquisadores internacionais para o Estado. Ao ver sua língua pesquisada e valorizada, esses falantes terão mais predisposição em manter e passar para as gerações futuras. Isso também é uma imensa homenagem, aos imigrantes que lutaram tanto e que construíram boa parte do Espírito Santo. Além disso, o resultado das pesquisas pode amparar os municípios para que desenvolvam políticas linguísticas locais, em apoio a essa parcela de seus moradores”, ressalta a pesquisadora.

Fonte: Montanhas Capixabas

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