Moscou propõe que a Armênia adote o russo como língua oficial
Na última segunda-feira, 17 de julho, Vyacheslav Volodin, Presidente da Duma Federal, Câmara Baixa do Parlamento da Rússia, sugeriu que a Armênia alterasse sua constituição para incluir o russo como idioma oficial do país. A medida faria com que cidadãos armênios que exercem funções ligadas ao transporte pudessem conduzir seus veículos no território da Federação Russa.
A sugestão foi feita após a Duma ter aprovado uma Lei que permite que nacionais dos Estados membros da União Econômica Euroasiática, da qual a Armênia também faz parte, dirijam comercialmente na Rússia, desde que seus países de origem tenham o russo como uma de suas línguas oficiais. A justificativa é de que os motoristas precisariam ter conhecimento do idioma para compreender adequadamente a sinalização de trânsito. No entanto, nenhum teste de proficiência é exigido, apenas a oficialização constitucional. Atualmente, Belarus, Quirguistão e Cazaquistão são os países que cumprem com os requisitos impostos.
Se à primeira vista os benefícios da nova legislação pareçam desproporcionais à exigência, é preciso ressaltar que a diáspora armênia na Rússia responde por mais de 80% das remessas de capital vindos do exterior, e que este montante representou 21% do PIB do país em 2014, ano que marcou o início da crise financeira russa. Se a maioria dos imigrantes armênios tem garantida a permissão de trabalho, uma parcela significativa ainda não possui o status de residência regularizado, sendo estes últimos os maiores agraciados por esta medida. Trabalhadores sazonais que se deslocam entre os dois países também tirariam proveito da lei.
A República do Cáucaso do Sul é a mais etnicamente homogênea das que se tornaram independentes após a desintegração soviética.Mais de 98% de sua população é formada por armênios, que têm sua língua como a única reconhecida oficialmente pelo Estado. No dia seguinte à proposta, o presidente da comissão parlamentar de relações exteriores da Armênia, Armen Ashotyan, afirmou que “na nossa agenda, não há e não haverá uma discussão sobre dar status oficial à língua russa e fixar isto na Constituição”. Contudo, Moscou vem empregando esforços para que o russo se mantenha como língua franca no espaço pós-soviético, sendo provável que novos incentivos sejam apresentados aos armênios.
Como parceira menor em uma aliança assimétrica, a Armênia vem adotando ao longo dos anos uma postura bastante condescendente diante às pressões da Rússia, de quem depende econômica e militarmente. Contudo, a língua armênia, uma das poucas no mundo que possui seu próprio alfabeto, é um dos maiores patrimônios do país e elemento essencial de coesão nacional. Nesse sentido, a decisão de Yerevan, portanto, resultará necessariamente em uma perda, seja a de relevantes recursos financeiros ou de parte de sua identidade como nação.
Fonte: CEIRI Newspaper
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