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Morre Jaider Esbell, a espinha dorsal da Bienal de São Paulo

A perda do artivista do povo Macuxi, Jaider Esbell, curador, escritor, educador, ativista, promotor cultural e pensador contemporâneo, deixou a classe artística perplexa. 

São Paulo (SP) – Morreu nesta terça-feira (02/11) em São Paulo, aos 42 anos, o artista, curador, escritor, educador, ativista, promotor cultural e pensador contemporâneo Jaider Esbell, indígena da etnia Macuxi cujo trabalho e pensamento emancipador está na espinha dorsal da 34ª Bienal de São Paulo, em curso no Parque do Ibirapuera até 5 de dezembro. São de Jaider, por exemplo, as gigantescas cobras infláveis de 17 metros de comprimento que boiam no Lago do Ibirapuera, na frente das quais o paulistano tem feito selfies nos últimos dias na capital paulista.

Embora ajude na identificação, é reducionismo identificá-lo só pelas cobras do lago, porque Jaider era um dos mais consistentes teóricos de arte indígena do País. Vivia o auge do reconhecimento como estudioso e como artista. Em outubro, duas de suas obras, os trabalhos Carta ao Velho Mundo (2018-2019) e Na Terra Sem Males (2021), foram anunciadas como novas aquisições do Centre Georges Pompidou (o famoso Beaubourg), de Paris. Oriundo da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde viveu até os 18 anos, Jaider nasceu em Normandia (RR), e seu corpo estava sendo trasladado para Roraima na noite desta terça-feira para ser enterrado no local onde nasceu.

Praticamente toda a histórica 34ª Bienal de São Paulo se assenta no pensamento e na articulação artística de Jaider Esbell, assim como a coletiva em curso no Museu de Arte Moderna (MAM), ali do lado. No MAM, Esbell foi o curador da mostra “Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea”, que reúne 34 artistas dos povos Baniwa, Guarani Mbya, Huni Kuin, Krenak, Karipuna, Lakota, Makuxi, Marubo, Pataxó, Patamona, Taurepang, Tapirapé, Tikmũ’ũn, Maxakali, Tukano, Wapichana, Xakriabá, Xirixana e Yanomami.

“Jaider Esbell era alguém generoso e comprometido, com uma capacidade impressionante de estabelecer vínculos e estimular encontros entre diferentes pessoas, comunidades e saberes”, declarou Jacopo Crivelli Visconti, curador geral da 34ª Bienal de São Paulo. “Sua falta será intensamente sentida. Inseparável de sua brilhante produção artística, ele deixa um legado de luta pelo reconhecimento do valor das culturas e da vida dos povos originários, que não pode arrefecer.”

A partir de 2013, quando passou a percorrer museus pela Europa, Jaider Esbell começou a desenvolver o conceito que chamou de “artevismo”, um ativismo contínuo que preconizava o resgate das motivações essenciais da arte indígena. Participou de diversas mostras internacionais (esteve em 10 países em 2019 ao lado de Daiara Tukano e Fernanda Kaingang) e passou a elaborar uma conceituação do sistema indígena que pressupõe a negação dos sistemas artísticos hegemônicos (europeus, notadamente) e das estratégias de colonização.

“Mais do que um teórico, acho que a questão da arte do Jaider é espiritual e ancestral, ele era neto de um makunaímî”, ponderou o curador, artista visual e gestor Turenko Beça, que era amigo de Jaider. Makunaímî, na etnia Makuxi, era o griô local, o contador de histórias. Jaider, que expôs um conjunto de 20 desenhos estruturados a partir das histórias do seu makunaímî, foi buscar na ancestralidade a força da sua atuação artística, do seu discurso e do posicionamento decolonial – o pensamento decolonial tem sido uma estratégia para dar voz e visibilidade aos povos historicamente subalternizados e oprimidos. “Quando ele expôs aqui, em 2018, eu estava dirigindo a Casa das Artes, ele não só fez a exposição como deu palestras, fez um ritual. Não tem como dissociar a arte dele da questão espiritual”, afirmou Beça.

A perda inesperada


“É uma perda inesperada porque era um artista que atuava num sistema ainda muito fechado e centralizado, que é o sistema de arte. E ele, de repente, com outros artistas indígenas, começou a crescer nesse espaço, não somente através do seu próprio trabalho, mas da presença política”, disse o curador Cristóvão Coutinho, que também foi amigo de Jaider. “E foi aproximando, eu acredito, a criação do próprio ser indígena, do universo indígena, da nossa vida na contemporaneidade. Eram aproximações muito recentes, e essa cosmogonia indígena e seu discurso são reflexões que vão ser feitas muito mais agora”.

Em entrevista à Amazônia Real, no dia da abertura oficial da 34ª Bienal de São Paulo, Jaider Esbell ponderou que o Brasil dos povos originários passou um processo doloroso de apagamento cultural, no qual “intelectuais indígenas foram rechaçados, seja na arte ou pensamento”, e que ele não via outro caminho senão o de enfrentar as doenças do Brasil e do mundo, hoje dominado pela necropolítica, por meio de um esforço de reatar os fios do ancestral e harmonioso relacionamento com a natureza e o ambiente.

“Na 34ª Bienal, sua contribuição se estendeu para muito além da apresentação de seus próprios trabalhos, envolvendo intensas trocas com os curadores e outros artistas da mostra, uma atuação curatorial histórica na exposição coletiva organizada em parceria entre a Bienal e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, e o desenvolvimento de ações na programação pública da Bienal em colaboração com outros artistas”, disse José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal, em nota pública. “Tinha uma visão muito aguda das urgências do nosso planeta, e sabia como ser um articulador de mundos”, afirmou o curador Paulo Miyada.

Jaider Esbell deixa grandes obras que sintetizam seu pensamento e estão em exibição na Bienal de São Paulo. A primeira, Terreiro de Makunaima – mitos, lendas e estórias em vivências (2010), foi definida pelo artista como “pedagógica”. São os tais desenhos que reproduzem interpretações do universo infantil face à contação de histórias do avô Makunaímî. Das 20 ilustrações, somente uma é assinada por Esbell, as demais são como visões escorridas das histórias que recolheu. Já a série A Guerra dos Kanaimés (2019-2020) é um conjunto de telas impressionante que Jaider produziu sob comissionamento já para o contexto da Bienal, criando cenas alegóricas a partir do mito dos Kanaimés (descritos como espíritos fatais capazes de provocar a morte de quem os encontra).

Jaider dizia, numa conversa com a reportagem da Amazônia Real, que o colonizador se apropriou de quase tudo que o indígena tinha, condicionando as culturas originárias a repetir padrões da religião, da moral e da arte europeias. “Agora, querem se apropriar também do que não entendem: o mistério, a magia”, considera. Questões como o sagrado, a cosmogonia, a mitologia, a comunhão ambiental, para a compreensão dos povos indígenas, não se prestam a um tipo de apreciação tradicional, nem à rotulação costumeira”. É nesse ponto que ele articulou sua estratégia de resistência. “O sistema de arte indígena não tem nada a ver com o sistema dos europeus, que nos foi imposto durante e depois da colonização”.

As expressões pictóricas do indígena contemporâneo, para Jaider, se tornam parte de uma ação de resgate. “Tudo tem espírito, por assim dizer, e nós estamos pobres nisso”, escreveu, num dos textos de maior radicalidade da exposição, escrito para o catálogo da Bienal. “Sabíamos, pois sábios éramos. Amávamo-nos sem nem mandar ou exigir, pois era essencial o dito natural. Enquanto dentro, não enxergávamos o fora, embora suspeitássemos de sua força; seguíamos e cá estamos, à frente. Uns de nós sempre trarão reflexos, complexos; é como passam. Atravessamentos constantes, instantes, eternidades.”

Sarcástico e de uma sinceridade quase rude, ele ironizava quem via “como figura psicodélica” o indígena que milita pela retomada do inconsciente ou os críticos que relacionaram sua obra como algo excêntrico, marcado pelo uso de “pozinhos ou cogumelozinhos ou uma ervinha”, como alfinetou. “Reúno no inconsciente uma tribo de avatares, seres mágicos sem descrição. Jogando redes ao léu, são polidirecionais. Elas tensionam, e pegamos peixes grandes já sem iscas ou armadilhas”, teorizou. “Eles estão vivos, debatem-se em retirada, mas não deveriam. A expertise do pescador trabalha além. Quando logo se completa o rito é o moquém, a paisagem. Moquém – tratar com fogo lento o alimento coletivo, na caçada, para levar para casa. Jornada que esquecemos quando, delongando quereres, edificamos megalópoles”, escreveu, também no texto para o catálogo da Bienal.

A postura de Jaider sempre foi a de um artista no front, numa postura de combate. “Não vá escrever besteira, hein? Procure os vídeos, eu tenho falado muito sobre essas questões”, avisou, ao terminar a entrevista. Também pediu para que a reportagem da Amazônia Real não escrevesse que ele tinha acabado de entregar uma carta à curadoria geral da exposição pedindo que fosse aumentada a presença indígena na mostra, que, para além do reforço da representação artística, que fossem trazidos indígenas para visitá-la. “Pode parecer intriga, e eu não quero que as coisas fiquem no âmbito da intriga, eu quero olho no olho.”

“Não tem começo, nem fim”

Jaider na 34ª Bienal de São Paulo (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A comunidade artística indígena estava particularmente triste na noite desta terça-feira, Dia de Finados. “Querido, o dia está pesado demais, estamos muito arrasados. Eu estou sem condições de falar alguma coisa, espero que compreenda”, disse Denilson Baniwa, artista brasileiro, curador, designer, ilustrador, comunicador e ativista. “Fica a memória de um artista dedicado à arte, defesa dos direitos indígenas, valorização da cultura e dos saberes ancestrais”, escreveu a deputada federal Joênia Wapichana no Instagram. Sonia Guajajara escreveu, citando as cobras do Lago do Ibirapuera: “Chamada ‘Entidades’, a obra representa o ser fantástico îkiimi, que atravessa vários mundos e não tem começo e nem fim”.

“A morte dele grande símbolo de resistência”, disse o xamã Bu’ú Kennedy, do povo Tukano. “As sementes que ele ajudou semear, dando oportunidade para parentes, eles e elas vão continuar. A arte, acredito, ele foi grande espelho, exemplo que arte é caminho para levar ao conhecimento da sociedade a nossa voz, nossa cultura, através da arte.”

Galeria Jaider Esbell, de Boa Vista (RR), comentou a perda irreparável e solicitou que “nossa dor e recolhimento sejam respeitados”. O Conselho Indígena de Roraima (CIR), também em nota, lamentou a perda de Jaider Esbell, lembrando que ele deixa “um legado de resistência, luta e firme posicionamento. Suas pinturas envolventes, plasticidade e sua escrita manifestavam o que o povo indígena tem de melhor, cultura”. Ainda na nota, o CIR lembra que o artivista vai de encontro à Vovó Bernaldina, sua mãe. A mestra da cultura Macuxi Bernaldina José Pedro foi uma das líderes pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e morreu de Covid-19 em novembro do ano passado.

“É triste porque a gente sabe que era jovem, ou então era isso mesmo que tinha que ser feito. A morte dele também pode ser encarada como um complemento de uma trajetória forte e abrangente, mas de alguma forma também como uma expressão também particular de um artista que estava envolvido em muitos lugares e esse conceito da arte indígena contemporânea ficou presente a partir dele”, afirmou o curador Cristóvão Coutinho.

Documentário “Entre rios e palavras: as línguas indígenas no Pará em 2021”

Este documentário apresenta um panorama das línguas indígenas faladas no Estado do Pará em 2021. Pesquisadores indígenas e não-indígenas debatem sobre os processos históricos de silenciamento e de resistência que envolvem o governo das línguas na região e no Brasil. Nesta abordagem, a língua é tomada não apenas como uma estrutura linguística, mas sim como uma prática cultural fundamental para as cosmologias indígenas, compreendida como a tradução de suas alegrias, de suas dores e de suas transformações históricas.

Muito antes da colonização, as sociedades indígenas já se organizavam pelos leitos dos rios da Amazônia e eles representavam os espaços privilegiados por onde circulavam as línguas indígenas. Hoje, continuam espraiadas pelos rios da região, se apropriando e ao mesmo tempo estabelecendo estratégias de defesa em relação às palavras estrangeiras, que para cá trouxeram novas formas de vida e de morte.

Assista no canal no YOUTUBE do GEDAI – Grupo de Estudo Mediações, Discursos e Sociedades Amazônicas

Lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lança nesta quinta-feira (28) o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2020. Você poderá acompanhar o evento, a partir das 15h (horário de Brasília), por meio dos canais e redes do Cimi e de organizações parceiras da causa indígena. Para garantir a segurança de todos e todas durante a pandemia, o Cimi decidiu realizar o evento em formato virtual.

🏹 SOBRE O RELATÓRIO: Dividido em três capítulos principais, a publicação retrata a realidade dos povos indígenas durante o segundo ano do governo de Jair Bolsonaro e apresenta também análises sobre as violações contra seus direitos em meio à pandemia de Covid-19.

Participam do lançamento:

Ernestina Afonso de Souza, liderança do povo Macuxi, da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, em Roraima;
Dário Vitório Kopenawa Yanomami, liderança do povo Yanomami e vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY);
Lucia Rangel, organizadora do relatório, assessora antropológica do Cimi;
Roberto Liebgott, organizador do relatório, coordenador do Cimi Regional Sul;
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB;
Dom Joel Portella, secretário-geral da CNBB;
Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi e arcebispo de Porto Velho/RO;
Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, secretário executivo do Cimi;

Mediação: Marline Dassoler, missionária do Cimi

 

ℹ️ INFORMAÇÕES:

🗓️ Data: 28 de outubro (quinta-feira)
Horário: 15h às 16h30 (horário de Brasília)

🖥️ Por onde assistir:
Youtube (Cimi)
Facebook (Cimi)

👀 Saiba mais

 

Davi Kopenawa é eleito membro colaborador da ABC – Academia Brasileira e Ciências

Na tarde do dia 6 de outubro, antes da Sessão Solene de apresentação dos novos membros eleitos para a Academia Brasileira de Ciências, foi promovida pela ABC uma sessão exclusiva para 300 pessoas, entre Acadêmicos e público inscrito, do filme A Última Floresta.

Ganhador de prêmios internacionais em festivais ao longo do ano, o filme foi dirigido e roteirizado por Luiz Bolognesi e co roteirizado pelo novo membro colaborador da ABC, o líder Yanomami Davi Kopenawa.

Antes da exibição do filme, o presidente da ABC, Luiz Davidovich, destacou a forte ligação entre a “nossa’ ciência e a ciência dos povos originais. “O que nós falamos muito hoje, da saúde única ou one health [conceito de que a chave para a saúde humana está no equilíbrio dos ecossistemas e na conservação da biodiversidade, tendo em vista o bem-estar humano, animal e do planeta], eles já sabem há muito mais tempo que nós.”

Davidovich apontou que a intenção da Academia ao iniciar sua Reunião Magna 2021 com a exibição do filme é dar visibilidade a uma questão fundamental para o Brasil e a humanidade: o desmatamento, a floresta amazônica e o conhecimento dos povos originários. “Essa é a nossa maior riqueza.”

Antes do filme, Davi Kopenawa comentou, em vídeo, a eleição para membro colaborador da ABC:

Foi iniciada então a exibição do filme, que retrata a rara história de resistência cultural dos Yanomami. “Enquanto outros povos são arrastados para a identidade do homem branco, seja pela invasão das igrejas evangélicas, seja pela penetração autorizada ou não de madeireiros, garimpeiros e engenheiros abrindo estradas ou construindo hidrelétricas, os yanomami, liderados pelo grande líder e xamã Davi Kopenawa Yanomami, lutam para se isolar e manter a cultura espiritual e cotidiana viva. Travam uma verdadeira guerra para preservar suas identidades, com inúmeros conflitos internos, como o desejo dos jovens de terem celulares ou deixarem a vida na floresta pela vida nas cidades”, diz o site do filme.

Já em cartaz em diversos cinemas pelo país afora, “o filme ‘A Última Floresta’ é um documentário de longa-metragem que pretende apresentar esses personagens e esse conflito através da observação de situações cotidianas dos yanomami. Do convívio com eles, do desejo de escutá-los e entendê-los a partir da lógica deles próprios, nasceu o filme”, diz ainda o site.

Após a exibição, outro vídeo de Davi Kopenawa exclusivo para a ABC apresenta seus comentários sobre o processo de realização do filme:

Um dos coordenadores da Reunião Magna da ABC 2021, o antropólogo Ruben Oliven (UFRGS) abriu a sessão para comentários de Acadêmicos, dizendo que a reunião deste ano é muito especial, porque marca a ideia de que a ciência pode e deve estar estreitamente ligada com a sociedade. “A ABC, através da eleição de Davi Kopenawa, reconhece os saberes indígenas e sua importância. É uma forma de trabalhar diferente da ciência tradicional, mas igualmente importante. Essa perspectiva marca uma inflexão da academia, mostrando que a ciência precisa ser posta no colo da sociedade.”

Ele afirmou ainda que a questão indígena não é apenas uma questão de terras, mas uma questão moral. “Eu acredito que uma forma de avaliar uma sociedade é observando como tratam seus povos originários O Brasil tem uma dívida moral com os povos indígenas e eles não estão sozinhos na sua luta contra o governo de extrema direita, que tem levado à destruição dos direitos constitucionais estabelecidos em 1988.”

A vice-presidente da ABC, Helena Nader, declarou que aquela data era um marco divisório para a ABC, considerando o período em que o Brasil está. “Reconhecemos a importância dos saberes tradicionais para a sociedade global, em especial a sociedade brasileira. A tortura a gente já tem, mas levar a esperança, como esse filme mostra, é muito relevante.”

O antropólogo e Acadêmico Eduardo Viveiros de Castro escreveu o prefácio do livro A Queda do Céu, de Kopenawa e Bruce Albert. No evento, ele declarou que graças a sabedoria de Kopenawa, “não poderemos mais dizer que não sabíamos como agir. Ele tem desempenhado um papel de alta relevância e incansável na conjuntura internacional.”

Ele descreve Kopenawa em várias dimensões: como profeta, anunciador do que acontecerá com o mundo de acordo com nossas ações; como diplomata, por promover o diálogo internacional sobre as terras indígenas; como líder político, pela organização da resistência de seu povo; e como antropólogo, titular pleno da condição de cientista social.

Viveiros de Castro afirmou que “temos a obrigação de levar a sério aquilo que é dito pelos povos indígenas, pela voz de Davi Kopenawa e pelos outros povos tradicionais – isto é, aqueles que ainda resistem ao liquidificador ecocida e etnocida do processo civilizador hegemônico.”

Luiz Bolognesi, diretor e co-roteirista do filme, destacou sua percepção sobre o impacto que as ameaças à democracia e os ataques que o governo tem feito à ciência e ao pensamento produzem. “Estamos vendo a crise hidrelétrica, além de tantas outras crises, os ataques aos princípios básicos de democracia… Isto tudo tem que nos levar a refletir e agir com um pouco de lucidez”, afirmou.

Ele contou como o filme começou a ser construído. Relatou a posição de Kopenawa, logo no início do processo, dizendo: “Nós temos doenças, temos malária, temos COVID, mas o filme não pode ser sobre isso. Nós vamos falar da nossa força, da nossa beleza, do potencial dos xamãs Yanomami e, dentro disso, explorar esses outros assuntos. Eu não quero um filme de vítimas, porque não somos vítimas.’”

Bolognesi apontou que precisávamos ter universidades indígenas, “não para eles virem para cá estudar medicina, sociologia, antropologia, mas sim para nós, brancos, estudarmos e entendermos a ciência desses povos originários, que é muito viva e tem sua própria capacidade.  É hora de aprendermos com eles”, finalizou.

Assista aqui o debate na íntegra. 


Reunião Magna da ABC 2021 foi realizada ainda nos dias 8, 13 e 15 de outubro.

Início das atividades da disciplina Políticas Linguísticas Regionais

 

A disciplina Políticas Linguísticas Regionais será ofertada pelo Programa de Pós-graduação em Linguística (PPGL) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil, em parceria com a Universidade Pompeu Fabra (UPF), Barcelona, Espanha. A disciplina será ministrada pelos professores Dr. Gilvan Müller de Oliveira (UFSC) e pelo Dr. Vicent Climent-Ferrando entre 27 de outubro de 2021 (primeira parte) e 16 de março de 2022 (segunda parte). Seguindo a metodologia OMMIP-on-line, multilíngue, multidisciplinar, interinstitucional e pluricontinental, e com atividades síncronas e assíncronas, a disciplina terá a participação de professores e estudantes das 25 instituições da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, coordenada pela UFSC. As aulas e atividades serão conduzidas em português, espanhol, inglês e francês.

 

Toda a informação pode ser consultada AQUI

I Congresso Internacional de Línguas Pluricêntricas (I PLURI) – Programação de 22 de outubro 2021

Acompanhe a Programação de 22 de outubro 2021

Mais informações AQUI

 

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