De Bandung aos BRICS: dois estilos, um objetivo
De Bandung aos BRICS: dois estilos, um objetivo
Os BRICS avançam para a adoção de medidas estratégicas que os aproximam das definições dos Não Alinhados e questionam a ordem internacional
Beatriz Bissio
“The despised, the insulted, the hurt, the dispossessed—in short, the underdogs of the human race were meeting. Here were class and racial and religious consciousness on a global scale. Who had thought of organizing such a meeting? And what had these nations in common? Nothing, it seemed to me, but what their past relationship to the Western world had made them feel. This meeting of the rejected was in itself a kind of judgment upon the Western world!”
Richard Wright – The Color Curtain: a Report on the Bandung Conference. The World Publishing Company, Cleveland and New York, 1956
A Conferência realizada em Bandung, Indonésia, de 18 a 24 de abril de 1955, reuniu líderes de 30 estados asiáticos e africanos, responsáveis pelo destino de um bilhão e 350 milhões de seres humanos. Em 2015, sessenta anos depois, muitos dos problemas que foram objeto de análise e debate naquela conferência pioneira continuam desafiando a uma enorme parcela da Humanidade. Essa constatação já justifica uma reflexão sobre o sentido e as projeções de Bandung e nos convida a pensar até que ponto mantém vigência alguns dos diagnósticos e propostas desse evento, que constituiu um marco na história das relações internacionais do século XX.
Sheng, uma nova língua na África
Sheng, uma nova língua na África
Na edição 2015 do eLearning Africa – International Conference on ICT for Development, Education and Training (site | facebook), realizada em maio passado na capital da Etiópia, Adis Abeba, uma das apresentações teve como tema a plataforma queniana Go Sheng. Sediada em Nairóbi, no Quênia, a plataforma objetiva promover a língua sheng.
No texto do site eLearning Africa 2015 noticiando esse destaque de sua programação (acesse o texto aqui), afirma-se que a língua sheng “combina línguas como o suaíli, o inglês e um número de línguas tribais do Quênia, juntamente com um pouco de árabe, hindu, francês, alemão, espanhol e italiano. Ela nasceu nas ruas de Nairóbi, em algumas áreas mais severamente afetadas pelas erupções de violência pós-eleições em 2007-2008”. O texto também destaca que essa “nova língua africana está ajudando a reduzir as tensões e unir as pessoas jovens em áreas anteriormente separadas pela violência entre os grupos”.
Na França tem índios? Os Occitanos
Na França tem índios? Os Occitanos
José Ribamar Bessa Freire
“Preservar a tradição não é conservar as cinzas, mas soprar a brasa
para garantir que o fogo continue iluminando” (Jean Jaurés).
A primeira vez que ouvi falar na língua occitana foi em 1972 quando estava exilado em Paris. Uma amiga francesa, Paulette Delpont, me contou que era nessa língua que seu avô ensinava os mais jovens a fabricar aqueles foles antigos que servem para reavivar o fogo na lareira. O vovô morreu no Roussillon, sul da França, onde exercia seu oficio de artesão. Mas a língua d´oc resiste e ainda hoje há quem arrisque a vida por ela. Para defendê-la, o fundador do jornal occitano La Setmana, David Grosclaude, iniciou no final de maio greve de fome contra a política do estado francês que discrimina uma língua tão próxima ao português.
O ‘Atlas das Nações sem Estado da Europa’ «pode ser para muitas pessoas a primeira leitura aprofundada em galego internacional»
O ‘Atlas das Nações sem Estado da Europa’ «pode ser para muitas pessoas a primeira leitura aprofundada em galego internacional»
Falamos com os coordenadores da ediçom galego-portuguesa de um trabalho que atualmente só está disponível em francês e inglês
O Atlas das Nações sem Estado da Europa (ANSEE) é um ambicioso trabalho documental e divulgativo elaborado pola plataforma Eurominority. Dirigido polo bretom Mikael Bodlore-Penlaez, foi editado em francês e inglês. A versom galega que o Novas da Galiza, a Difusora de Letras Artes e Ideas e a Através Editora estám a preparar é umha ediçom atualizada e completada que pretende socializar a realidade presente de povos que, como o nosso, se empenham em manter viva a sua identidade.
Walter Benjamin e as crianças na Era do Rádio
Walter Benjamin e as crianças na Era do Rádio
José Ribamar Bessa Freire
No momento em que a rádio nascia, no final dos anos 1920, uma emissora alemã convidou o filósofo marxista Walter Benjamin (1892-1940), de origem judaica, para fazer um programa dirigido a crianças.
Durante quatro anos, ele produziu 86 emissões com periodicidade variada, cujas gravações ficaram esquecidas até 1985, quando só então, depois de transcritas, foram publicadas na Alemanha. Agora, saiu em português “A hora das crianças. Narrativas radiofônicas de Walter Benjamin“. Bebi o livro de uma só talagada e quero compartilhá-lo aqui com o leitor do Diário do Amazonas.
Babel é aqui: A Alemanha é, cada vez mais, um país de imigrantes e muitas línguas
Babel é aqui: A Alemanha é, cada vez mais, um país de imigrantes e muitas línguas
Ivana Ebel
A cena é típica: eu e meu marido (ou amigos brasileiros) conversando em algum lugar público – pode ser o trem, um restaurante, um parque. Um grupo de alemães em volta começa a olhar e sorrir discretamente. Nós começamos a aposta. Quanto tempo ou qual das pessoas do grupo vai se aproximar e soltar a clássica pergunta: com licença! Mas, que língua vocês estão falando?