Roteiro para o Português como língua global

A língua portuguesa não é um ativo estratégico porque não gera rendimento, pelo contrário, é um passivo que as empresas da comunidade lusófona têm de suportar.

Foi Daniel David, presidente do Conselho de Administração do grupo SOICO (Sociedade Independente de Comunicação) – o maior grupo de comunicação social em Moçambique -, quem o afirmou, numa declaração que contrariou o tom global mais positivo do debate sobre o Português como ativo estratégico, na tarde desta sexta-feira.

Daniel David justificou a afirmação com o facto de os negócios feitos em Português obrigarem a traduções, com as dificuldades de mobilidade e o preço das viagens entre os países da lusofonia ou com problemas com passaportes. Para “transformar a língua, que é passivo, num ativo”, pediu aos decisores políticos que se esclareçam, tenha uma visão de longo prazo, não olhem para o umbigo nem façam uma gestão eleitoralista. Pediu um “sobressalto de inteligência” que crie um “ambiente favorável para que nós, empresários, façamos negócios”.

A língua Portuguesa tem um valor económico, mensurável, contrapôs Luís Reto, professor no Instituto Universitário de Lisboa e autor do livro “Valor Económico da Língua Portuguesa”.

Olhando para os países que integram a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), encontra-se uma comunidade com presença efetiva em todos os continentes, que ocupa 12,3% da superfícies terrestre do globo, abrange 5,48% das zonas económicas exclusivas e concentra 16,33% das reservas de água doce. Comparando com outras línguas globais, está bem colocada no que respeita ao acesso a recursos naturais e, no final do século, será falada por 520 milhões de pessoas, a maioria das quais a viver em África. “Somos a língua que mais cresce desde o século XV e, com o árabe, seremos a que mais crescerá até ao final do século”, afirmou.

Sinal de que o português é (ou será) uma língua com valor económico é o facto de a China – que planeia com um século de antecedência – ter começado a formar cinco mil professores de Português em 2012, disse Ana Paula Laborinho, da Organização Ibero-Americana e ex presidente Instituto Camões.

O interesse chinês pode ser um sinal positivo, mas Ana Paula Laborinho quis temperar o “discurso de euforia” com as “grandes dificuldades e ameaças”, em particular duas. Primeiro, fazer ciência e publicá-la em português. “Sem isso, não será uma verdadeira língua global”, acredita. Segundo, investir em tecnologias da linguagem que se debrucem sobre o Português, um “desafio ao nosso alcance”.

Para isso, é preciso que o Português “seja defendido, promovido e desenvolvido, bem tratado”, nas palavras de Marisa Mendonça, diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa.

No debate esteve, ainda, Duarte Azinheira, da Imprensa Nacional Casa da Moeda, que lembrou que a empresa aplica em responsabilidade social o equivalente a 1,5% da sua faturação (1,5 milhões de euros por ano), “muito mais do que o Estado gasta em cultura”.

Fonte: JN

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