Prêmio Meendinho 2015 será entregue em cerimônia nesta segunda em Florianópolis-SC
Gilvan Müller de Oliveira, professor da UFSC e assessor do IPOL, receberá o Prêmio Meendinho 2015, atribuído pela Fundaçom Meendinho, “por serviços prestados à Língua Portuguesa e à Galiza”.
O Prêmio erá entregue pelo Presidente da Fundaçom, Alexandre Banhos Campos, em cerimônia a ser realizada nesta segunda, 07 de dezembro, das 16 às 17h, na Sala Machado de Assis, 4º andar do Prédio B do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), Campus da UFSC, Florianópolis-SC.
Segundo informe da Fundaçom Meendinho (ver notícia aqui), o prêmio será entregue a Gilvan Müller de Oliveira pelas seguintes razões:
– Como diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), «soube impulsionar a realizaçom dos vocabulários ortográficos dos países lusófonos, convertendo essa disposiçom do acordo ortográfico numha realidade».
– Trabalhou à frente do IILP «sem preconceitos, ficando aberto à realidade plural da língua portuguesa».
– O premiado «sentiu e tratou a Galiza e a sua língua, como o que é, mais uma expressom da diversidade da língua portuguesa».
– Finalmente, Gilvan de Oliveira «converteu o IILP «num ator importante e que vai ser fulcral para o futuro internacional da nossa língua».
Saiba mais sobre a Fundaçom Meendinho
A Fundaçom Meendinho tem o nº de registo de fundações galegas 1999/16. Está classificada por Ordem de 27-07-1999, e declarada de interesse galego por Ordem de 18-08-1999.
A Fundaçom foi a criação dum entusiasta escol de galegos e galegas, que tomaram a iniciativa de a criarem como um instrumento muito útil ao serviço do processo reintegrador, que na Galiza muito cumpre, para caminharmos polos vieiros que pertencem, os próprios por história e natureza.
O seu primeiro órgão de governo estava presidido polo professor Bernardo Penabade Rei, era Vice-Presidente José Manuel Aldea Moscoso, secretária Manuela Ribeira Cascudo e Tesoureira Rosa Maria Verdugo Matés. Ao longo destes anos a Fundaçom Meendinho esteve por trás ou apoiando entusiasticamente iniciativas comunicacionais como o jornal Novas da Galiza, e outras.
No ano 2009, a Fundaçom realizou os processos para a sua adaptação estatutária à Lei de Fundações da Galiza, e também à Lei estatal do Mecenato para obter os benefícios fiscais correspondentes.
A Fundaçom Meendinho, somos a primeira entidade deste tipo da Galiza que está configurada com um padroado galaico-lusitano.
Objetivos
Tal como determina o artigo 6 dos seus estatutos “A Fundaçom Meendinho tem por objeto contribuir para a plena normalizaçom da Língua e a cultura galega bem como para a sua projeçom e divulgaçom nacional e internacional.
Assim mesmo terá como finalidade impulsionar e promover ideias e projetos que levem a um potenciamento dos históricos laços culturais e linguísticos com todos os países de fala portuguesa, especialmente com o vizinho Portugal.
Estes fins inspiram-se, nom só em razões históricas, senom também na ideia de supressom de fronteiras culturais que se abre caminho na Europa atual.
Para o cumprimento destes fins, a Fundaçom fomentará a literatura, artes plásticas, música tradicional e moderna, vídeo, cinema, etnografia, sociologia, intercâmbios docentes, viagens culturais e todos os trabalhos que contribuam a um maior relacionamento da Galiza com a cultura portuguesa.
No padroado da Fundaçom estam pessoas da Galiza e de Portugal.
Formaçom
É vontade da Fundação disponibilizar por qualquer meio, materiais que ajudem à superior formação do povo galego para começarmos nada melhor que sabermos de onde vem o nome da Fundação:
Ele vem do autor da formosa cantiga de amigo “Sedia-m’eu na ermida de Sam Simiom” assinada por Meendinho.
Meendinho foi um jogral medieval, de quem nos chegou apenas uma única, mas extraordinária, cantiga de amigo, cujo cenário é a ermida de São Simão, na Ria de Vigo. Apesar da qualidade desta cantiga, uma das mais notáveis de toda a poesia lírica galego-portuguesa, sua identidade e a sua biografia são ainda quase totalmente desconhecidas.
Achava-me eu na ermida de São Simão
E cercarom-me as ondas, que grandes são:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Estando na ermida ante o altar,
Cercarom-me as ondas grandes do mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
E cercarom-me as ondas, que grandes são,
Não hei barqueiro nem remador:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
E cercarom-me as ondas do alto mar,
Não hei barqueiro, nem sei remar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Não hei barqueiro nem remador
Morrerei eu formosa no mar maior:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Não hei barqueiro, nem sei remar,
Morrerei eu formosa no alto mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
O texto tal e como ele foi escrito há quase 800 anos
Sedia-m’eu (achava-me) na ermida de Sam Simiom
e cercarom-mi as ondas, que grandes som:
eu atendend’o (atender é um galicismo por influência provençal por aguardar/esperar) meu amigo
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
Estando na ermida ant’o altar,
cercarom-mi as ondas grandes do mar:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
E cercarom-mi as ondas, que grandes som,
nom heii barqueiro, nem remador:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
E cercarom-mi as ondas do alto mar,
nom heii barqueiro, nem sei remar:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
Nom heii barqueiro, nem remador,
morrerei eu fremosa no mar maior (mar bravo):
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
Nom heii barqueiro, nem sei remar,
morrerei eu fremosa no alto mar (mar bravo):
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
O poema está recolhido no códice da Biblioteca Nacional de Lisboa e no códice da Biblioteca Vaticana, de lírica medieval.
Fonte: Fundaçom Meendinho