Política Linguística e Educação no Campo
Política Linguística e Educação no Campo
Políticas linguísticas de valorização e promoção de línguas brasileiras faladas por muitos moradores de pequenos municípios brasileiros podem impulsionar mudanças positivas para a Educação no Campo?
Que estratégias podemos definir para alavancar essa discussão?
Com essas questões provocadoras, a coordenadora do IPOL, Profª Drª Rosângela Morello, concluiu sua intervenção na Jornada Temática Educação do Campo na Região Sul, realizada entre os dias 25 e 28 de maio, em Florianópolis, pela CONTAG.
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Em diálogo com a rica discussão do evento, que abordou temas como Educação do Campo: concepção, perspectivas; Educação do campo e a sua relação com a Proteção Infanto Juvenil; Avanços e Desafios das Ações e Políticas Públicas de Educação do Campo; Planejamento estratégico da CONTAG; Projeto Sustentar; Inserção da temática de educação do campo como pauta nas ações de educação desenvolvidas pelos estados e municípios, a professora apresentou um panorama da diversidade linguística brasileira, destacando o fato de boa parte das línguas, sobretudo dos imigrantes, serem ainda faladas em pequenos municípios, muitas vezes por agricultores ou pequenos comerciantes.
Considerando esse quadro, apresentou as politicas linguísticas da cooficialização de línguas realizada por municípios e a política do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), em execução pelo Governo Federal através do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN, MinC, destacando os avanços que representam sobretudo para a garantia dos direitos linguísticos e para o combate à discriminação e ao preconceito linguístico no Brasil.
Uma das mais importantes consequências dessas políticas está, segundo a professora, na possibilidade de incluir as línguas nas práticas de ensino, de usá-las como línguas de instrução, valorizá-las no quadro da história dos sujeitos que as falam, em sincronia com os projetos desenvolvidos nas escolas. Para tanto, indicou a possibilidade de, no I Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues, que ocorrerá em 23, 24 e 25 de setembro deste ano, em Florianópolis, se avançar em uma agenda que contemple esse lugar das línguas na educação, que coloque em pauta o ensino bilíngue e seus desdobramentos na qualificação da educação e para abertura de novas profissões.
Atualmente há 14 municípios brasileiros (ver tabela abaixo) que cooficializaram uma ou mais línguas, empunhando assim uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.