Juiz de direito defende o ensino do alemão nas escolas de Santa Catarina
Márcio Schiefler Fontes diz que Estado está testemunhando sua herança linguística minguar
“No mundo inteiro o multilinguismo se consolida como uma das marcas da educação de qualidade. A onipresença da língua inglesa não suprimiu a necessidade e a vantagem do conhecimento de outros idiomas. Ao contrário, alguns outrora tidos como exóticos (para ficar no japonês nos anos 90 e no mandarim neste início de século) despontam como de grande interesse comercial, turístico e mesmo acadêmico. Enquanto alguns buscam um caminho a seguir, Santa Catarina testemunha sua rica herança linguística minguar geração após geração.
Como primeira língua, o alemão é o idioma mais difundido na Europa. Sua posição proeminente entre as línguas internacionais (rol em que também figura nosso português), com mais de 200 milhões de falantes no mundo, e a posição central da Europa germânica o promovem naturalmente como língua franca dos negócios e de conexão entre diversos povos. Sua semelhança com vários outros idiomas (holandês, ídiche, as línguas nórdicas, o próprio inglês) o torna ferramenta de acesso a inúmeras culturas. Um fator decisivo de expansão da língua alemã no mundo foram as sucessivas levas de migrantes que deixaram a Europa central ao longo de centenas de anos com destino à Europa Oriental, à Grã-Bretanha, às Américas.
Santa Catarina ocupa papel de destaque nessa história, o que só torna mais gritante a ausência de uma política educacional clara de valorização desse potencial que se esvai diante dos olhos, demandando investimento inversamente proporcional à demora de o resgatar. Enquanto a diversidade e a particularidade dos dialetos alemães ainda praticados em SC (Plattdeutsch, Westfälisch, Hunsrückisch) levam alguns pesquisadores a cogitar uma variante própria, o Katharinensisch, nem a rede pública nem a rede particular demonstram aptidão para a importante tarefa. Faltam-nos energia, competência, enfim, vontade.”
Fonte: Diário Catarinense.
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