Grupos de dança mantém viva a Cultura Pomerana em meio aos Jovens

Canguçu, ou a Serra dos Tapes, como também é conhecida, possui uma significativa parcela da população de origem pomerana. Alguns estudiosos, arriscam a dizer que essa parcela corresponde a 70% dos habitantes de município.

Há pouco tempo, era comum crianças entrarem para a escola falando apenas a língua pomerana ou as duas: a língua materna e o português. Em algumas localidades do interior do município, as famílias sequer costumam se comunicar através do português.

A forte presença de pomeranos levou a uma confusão comum nas pessoas: a distinção entre o alemão e o pomerano. Segundo a professora de Língua Pomerana Tanise Stumpf, algumas pessoas confundem os pomeranos com alemães por ambos terem vindo para o Brasil na mesma época.

— A diferença é grande, tanto na língua quanto nos costumes. A língua se aproxima do alemão, mas é preciso um pouco de associação para as duas dialogarem. Há uma semelhança mais forte das culturas na dança. — explica a professora.

Tanise Stumpf coordena atualmente dois grupos de danças tradicionais: o Dansgrup Fröiligjuugend, com cerca de 15 alunos, atuante há 16 anos na Escola Municipal Carlos Moreira, no Canguçu Velho, e o Dansgrup Pomerjuugend, ou Grupo de Dança de Jovens Pomeranos, com cerca de 35 alunos, da Escola Estadual João de Deus Nunes, atuante desde 2013, representando o município de Canguçu em inúmeros eventos.

“Se a gente não resgatar essa língua, ela vai acabar morrendo. Ela precisa ser retomada, ser trabalhada”, diz. Graduada em Letras e com pós-graduação na área de Educação e das Linguagens e Tecnologias, tem dedicado seu trabalho acadêmico à causa.

— A gente trabalha toda a questão cultural da dança, o histórico dela. Cada passo ou batida na música significa algo. Todo movimento tem uma razão e uma história. Em janeiro deste ano, conseguimos promover aos alunos um curso de dança na cidade de Gramado. Lá, eles ficaram uma semana com um professor da Alemanha que aperfeiçoou o conhecimento deles. — relembra Tanise.

Dentre os maiores desafios, a educadora destaca o custo com o deslocamento dos jovens para os eventos e o alto custo dos trajes oficiais de dança (cerca de R$ 4 mil por peça) — barreira driblada com a criatividade: como a escola não dispõe de recursos para custear os trajes, os alunos organizaram uma vaquinha, compraram um tecido simples e elaboraram um traje. “Quando tu quer muito lutar pela tua cultura, surgem meios para isso.”.

— A participação dos alunos em grupos de dança auxilia em inúmeros aspectos. Desde a desinibição em público, o desenvolvimento do espírito de união, da busca pelo aperfeiçoamento até na criatividade em promover ações para buscar recursos que custeiam o deslocamento deles à festivais. — explica Tanise.

O grupo participa anualmente do Festcap, e da Sudoktoberfest em São Lourenço do Sul. Marcou presença por 3 anos consecutivos do Festival Internacional de Folclores de Nova Petrópolis. Além disso, todos os anos o grupo recebe convite para Festas do Colono e do Motorista e Festa do Fumo.

Para a professora, os eventos são uma maneira de valorizar o trabalho dos alunos, porque eles acabam sendo a atração e carregando o nome da escola consigo, valorizando a cultura local e representando também, toda a comunidade a qual pertencem.

— A dança está na alma. No momento em que o aluno está desenvolvendo os passos de dança, ele está vivendo no sangue e mostrando a sua cultura ao próximo. A dança é uma das maneiras mais simples para perpetuar a cultura e atingir o maior número de pessoas. — completa a educadora.

— Material especial produzido em parceria com o Jornal Tradição

Fonte: Canguçu Notícias

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