Diversidade linguística no Paquistão: manifestação em defesa das línguas maternas

ISLAMABAD: O governo federal deve conceder o estatuto de língua nacional para todas as línguas do Paquistão para promover e proteger a diversidade linguística do país.

Esta demanda foi apresentada no domingo, em uma resolução de 11 pontos aprovada pelos participantes em um festival organizado pela Associação de Graduados Sindh (SGA) e Teatro Wallay, uma companhia de teatro baseada em Islamabad, no âmbito do Dia Internacional da Língua Materna.

Grupo de música Sufi Laqa de Hunza e Chitral apresentando no festival.

O festival, que teve a participação de palestrantes de pelo menos 15 línguas diferentes do Paquistão, foi realizada no Auditório Shah Abdul Latif .

A resolução SGA convocou o governo federal a provar sua vontade política de proteger o patrimônio paquistanês em acordo com o estatuto de língua nacional, para todas as línguas locais. Ela também solicitou que os governos das províncias cpromovam as línguas e garantam que as crianças sejam educadas em sua língua materna.

O governo deveria alocar recursos iguais para a proteção das línguas, afirma a resolução. De acordo com um relatório da UNESCO, 28 línguas paquistanesas estão em risco ou vulneráveis ​​à extinção. Entre estes idiomas estão o brahui, Balti, Burushaski, Kundal Shahi, Kalasha, Torwali e Wakhi entre outros.

A resolução também solicitou que os sinais de trânsito, rótulos de produtos, informações sobre viagens e leis sejam impressos em línguas regionais. Também foi feito um apelo à Entidade Reguladora da Mídia Eletrônica Paquistanesa  para garantir a emissão de licença de transmissão para organizações de mídia regionais e para obter dos canais privados algum tempo para transmissões em línguas locais.

Os oradores defenderam que cada indivíduo é mais capaz de expressar-se em sua língua materna e que o ensino às crianças na sua língua materna é importante. Eles disseram que o Urdu foi promovido acima das línguas regionais após a separação do Paquistão e da Índia, embora muitas línguas regionais tenham estado à frente em 1947.

Naseer Memon, diretor executivo da Organização Fortalecimento Participativa, relatou as queixas da população do Paquistão Oriental sobre o tratamento dado à língua bengali após a separação.

Com Jinnah e Khawaja Nazimuddin tendo decidido em favor do urdu como língua das províncias, em 1948 e 1952, respectivamente, o movimento para o Bengali na atual Bangladesh foi esmagado pelo governo. Três estudantes da Universidade de Dhaka foram mortos pelas autoridades em 1952, nos protestos em prol do estatuto de língua nacional para o Bengali, disse Memon.

Protestos semelhantes foram testemunhados em 1973 em Sindh quando a população da província exigiu que listas de eleitores fossem impressas em Sindi, disse ele.

Memon disse que o Urdu é uma boa língua , mas sua promoção não deve ser à custa da diversidade cultural do país e do pluralismo linguístico.

“O futuro do Paquistão não está no Paquistão religioso, mas no Paquistão cultural”, disse ele.

O escritor Ahmed Salim, que falou em Punjabi, disse  que as elites de Punjabi são responsáveis pela negligência de língua punjabi e pela promoção de uma narrativa que identificou o urdu como língua de cultura islâmica, tornando todas as outras línguas locais inferiores.

“O Punjabi nunca teve o seu devido direito na província e isso lhe foi negado pelos próprios Punjabis”, disse Saleem. “Era a língua oficial da província até 1947, mas depois de separação, ele foi rotulado como língua de Sikhs. Eu gostaria de perguntar, foram Waris Shah e Bulleh Shah também Sikhs? “. Ele disse que a hegemonia do Punjab sempre foi focada em usurpar os direitos de outras províncias, em vez de ajudar a promover a diversidade.

“Como aqueles que tentam escravizar os outros podem se libertar?”, perguntou Saleem.

O festival também incluiu apresentações musicais de Chitral, Hunza, Sindh e Khyber-Pakthunkhwa, bem como recitais de poesia em várias línguas paquistanesas.

Publicado em The Express Tribune, 24 de fevereiro th , 2014.
Fonte: The Express Tribune.

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