Descendentes se reúnem em S.José dos Pinhais para falar a língua ladina

Grupo que participou do encontro cultural com o casal anfitrião Giampaolo Zandó e Terezinha Rosa Alves em São José dos Pinhais, no sábado – FOTO FJBRUGNAGO

Grupo de descendentes de imigrantes italianos que vieram do Vale do Biois, Belluno, para a Colônia Luiz Alves, participou de uma excursão a São José dos Pinhais, no sábado, na Chácara Focobon, do engenheiro italiano Giampaolo Zandò e da baiana e também engenheira, Terezinha Rosa Alves. Giampaolo, 75 anos, rodou o mundo a trabalho na construção civil, em vários continentes, mas mantém ligação estreita com a terra natal, em Falcade, no sopé da montanha Focobon, que fica no maciço dolomítico, que ele considera a mais bela do mundo.

Deu o nome da chácara em homenagem à montanha. O casal participou em novembro da comemoração dos 140 anos da imigração italiana a Luiz Alves, na Comunidade Sagrada Família, em Massaranduba, e fez o convite ao bellunesi Luiz Carlos Ronchi para organizar um grupo de até 30 pessoas e conhecer a chácara e falar o dialeto canalin do Vale do Biois, que tem 20 quilômetros de extensão, mas 10 km desabitados. 
Segundo Giampaolo Zandò, muitos descendentes de italianos que vieram a Luiz Alves ainda conservam o dialeto original, que na verdade é uma língua, o ladino-dolomítico (ladin), que se constitui de uma série de dialetos reto-românicos, unidos por estreita afinidade e falados por cerca de 30 mil pessoas no nordeste da Itália, na zona das montanhas Dolomitas, porção oriental do arco alpino – a chamada “ilha linguística ladino-dolomítica”.

Assim define a Wikipédia. É um número pequeno de falantes que habitam os vales das montanhas dolomitas, rodeados de populações de língua alemã e língua italiana. Giampaolo explicou que em função do seu trabalho em vários países, conservou a língua ladina, mas atualmente, nas montanhas, muitas palavras acabaram modificadas por conta da influência veneta, principalmente entre os mais jovens.

Mais do que conhecer a propriedade com plantio de kiwi e uva, o encontro permitiu a aproximação e o mais importante, falar o dialeto ou o ladin entre o italiano Zandò que conserva a língua na sua estrutura de origem e os descendentes de imigrantes da antiga Colônia de Luiz Alves que foram a São José dos Pinhais, vindos de Jaraguá do Sul, Guaramirim, Massaranduba e Blumenau.

Com pequenas variantes de palavras, o entendimento foi perfeito. A presidente e a vice-presidente da Associazione Bellunesi Nel Mondo, Odila Pavanello Brugnago e Leni Dalle Court, respectivamente, que acompanharam a excursão, destacaram a importância do encontro com Giampaolo Zandò e a conservação do patrimônio imaterial da língua.

“Que outros encontros dessa natureza aconteçam”, concluíram.

Fonte: JDV

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