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México admite que 20% de dialetos das línguas indígenas tem alto risco de desaparecer

As variantes linguísticas tem menos de 100 falantes e não se transmitem de pais para filhos.

O diretor do Instituto Nacional das Línguas Indígenas do México, Javier López Sánchez, admitiu que 64 dos 364 dialetos dos idiomas autóctones do país americano estão em “alto risco” de desaparecer, segundo explica o jornal Informador.

Cada um destes dialetos, diz López Sánchez, tem menos de 100 falantes, que em muitos casos vivem dispersos em diversas comunidades e onde os pais não estão transmitindo  a língua aos filhos.

oto mangue(Dialetos indígenas falados no México em seu território)

Uma das regiões em que o processo é mais grave é a Baixa Califórnia, onde muitas línguas já desapareceram e outras estão em processo, com casos como o do kiliwa, com uma cinquentena de falantes no início do século XXI.

Segundo López Sánchez, no México há sete milhões de falantes de línguas autóctones. Um milhão destas pessoas são monolíngues no idioma indígena.

Fonte: Diário Liberdade .

O português e o mercado de línguas

Marcos Bagno

O Brasil ocupa hoje a 7a posição entre as maiores economias do mundo. Com seu território continental, é o 5o maior país e o 5o em população. Com nossos mais de 190 milhões de falantes, o português brasileiro é a 3a língua mais falada do Ocidente, atrás somente do espanhol e do inglês. No entanto, nossos governantes até hoje não despertaram para a relevância das línguas no atual mercado globalizado. O português brasileiro cresce de importância no mundo por pura inércia, arrastado pela projeção do país no cenário mundial. Embora tenhamos 85% dos falantes de português no mundo, não temos nenhuma política linguística sistematizada, planejada, para tornar nossa língua um bem de exportação capaz de fazer aumentar ainda mais o nosso PIB. Já Portugal, cinquenta vezes menos que o Brasil e com uma população inferior à da cidade de São Paulo, tem 17% de seu PIB constituído por produtos linguísticos. Na comparação, perdemos de longe para os portugueses, que são há muito tempo muito mais agressivos na promoção de sua língua no exterior. Na UNAM, a Universidade Autônoma Nacional do México, está o maior contingente de aprendizes de português no mundo e tudo levaria a crer que o português brasileiro seria o objeto de desejo dos mexicanos. No entanto, o Instituto Camões, órgão oficial da política linguística portuguesa, ocupa um andar inteiro no centro de línguas da UNAM, enquanto o português brasileiro não recebe nenhum apoio institucional oficial e são os professores brasileiros no exterior que são obrigados a se desdobrar para levar adiante a difusão da nossa língua.

O Brasil poderia muito bem ocupar, no tocante à língua portuguesa, o mesmo papel que ocupam os Estados Unidos no tocante ao inglês. Existe uma Commonwealth, comunidade internacional de países de língua inglesa, da qual os Estados Unidos não fazem parte. Apesar disso, o inglês que impera no mundo é o inglês americano, por razões mais do que óbvias, sem dar a mínima bola para a política linguística do Reino Unido, que também é forte. O Brasil, no entanto, assume uma postura colonizada, de subserviência às decisões linguísticas de Portugal. Por exemplo, os livros didáticos brasileiros continuam estampando até hoje uma norma-padrão abissalmente distante do verdadeiro português brasileiro urbano culto. A ridícula proibição de começar frase com pronome oblíquo só existe porque os portugueses não falam assim. Resultado: 192 milhões de pessoas são obrigadas a seguir uma regra que é natural, espontânea, intuitiva para meros 9 milhões e meio que vivem do outro lado do Atlântico. Ninguém precisa proibir os portugueses de começar frase com pronome oblíquo: a fonologia da língua deles não permite isso, ao contrário da nossa.

O futuro do português no mundo depende do Brasil, mas para isso é necessário empreender pelo menos duas ações bem planejadas e executadas: abandonar a ideia jurássica de que só os portugueses falam bem a língua e reconhecer a legitimidade das opções genuinamente brasileiras de uso da língua, que é tão nossa quanto dos portugueses e até mesmo, se levarmos em conta a população, muito mais nossa do que deles!

Fonte: Coluna de Marcos Bagno para a revista Caros Amigos.

A Guiana introduz a Língua Portuguesa no Ensino Secundário

O governo da Republica Cooperativa da Guiana anunciou que a língua portuguesa vai ser incorporada como matéria curricular no ensino secundário do país. Esta medida surge do interesse das autoridades guianenses por estreitarem laços com o Brasil devido ao crescente desenvolvimento da que já é atualmente a 6ª economia do mundo, circunstância que vai unida ao fato de a Guiana ter uma posição privilegiada como ponto de união do Brasil com o Caribe.

A Diretora do Departamento de Línguas do Queen’s College, que ajudou na elaboração dos currículos, valorizou positivamente esta medida ao haver um fluxo de negócios financiados por capital brasileiro cada vez maior e, portanto, ser maior a necessidade de melhorar a comunicação e aprofundar relações. Assim, a aplicação deste programa vai servir para consolidar o clima de cooperação existente entre os dois países, já concretizado em vários projetos com o objetivo de tornar a Guiana porto de saída das exportações brasileiras para o Atlântico Norte.

Embora a medida, inicialmente, só vá ser implementada em cinco liceus , mais tarde vai-se estender, de jeito progressivo, à totalidade dos centros de ensino secundário do país, através da distribuição de diversos materiais didático para as turmas, assim como de guias curriculares para o professorado. Aliás, o governo manifestou que está negociando com o Conselho de Exames do Caribe (CXC), do qual a Guiana faz parte, a inclusão da Língua Portuguesa como matéria nos exames que certifica esta instituição que envolve dezasseis países caribenhos de fala inglesa.

Fonte: Pglíngua

As línguas minoritárias, vítimas de cortes na Itália

Uma instituição do Estado, a Corte de Cassação, tirou da manga o argumento que não tem nenhuma obrigação de proteger os “dialetos”, ou seja, aquelas falas não incluídas na lei 482/1999 que obriga o governo central italiano a dar apoio ao desenvolvimento, em todos os âmbitos públicos, das denominadas “línguas minoritárias” dentro dos territórios onde se falam.

Como se explica esta decisão? Difícil de entender. Porque se trata de contradizer, abertamente, uma lei que define uma por uma as línguas denominadas minoritárias algumas das quais -em concreto, as duas que não têm um equivalente no estrangeiro, isto é o sardo e o friulano- em virtude da decisão da Corte de Cassação ficariam como rebaixadas, deixariam de ser línguas propriamente ditas. Assim sem mais nem menos.

 De fato, a mudança afeta duas línguas que já são bem reconhecidas, que são objeto de leis em vigor, relacionadas com o ensino e com o uso público ou oficial. Apesar de tudo isto, a Corte de Cassação sentenciava, a 19 de julho, que o sardo e o friulano não podem ser equiparadas a línguas que servem para tudo, em especial no âmbito da justiça. Estas supostas carências levam, automaticamente, a enviar o sardo e o friulano aos limites dos dialetos, não objeto de nenhuma lei.

Languages of Italy

 A governo central não reagiu. Parece insensível às reações que se estão a produzir por todos os lados, reações que costumam converter-se em acusação a este tribunal de se deixar levar pelo ódio daqueles que não admitem a diversidade dentro do Estado italiano. Prática e ideologicamente, a sentença não só representa um ataque à dignidade de línguas e culturas de  povos milenares, como também um desprezo da Constituição italiana, que, em princípio, respeita a diversidade linguística (artigo 6) dos cidadãos da República, que já dispõe de uma própria legislação ao respeito, avalizada pelo mesmo Tribunal Constitucional, e que começa a cumprir a Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias.

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O dialeto esquecido

Comunidade no sul do país usou português para completar as lacunas do dialeto alemão que usa há mais de 180 anos

 Cena do documentário “Walachai” (2009), de Rejane Zilles: dialeto como afirmação de uma cultura.

No Rio Grande do Sul, a 100 quilômetros de Porto Alegre, fica Walachai, um povoado de origem alemã que sempre viveu à margem. Na pequena comunidade rural, localizada na Serra Gaúcha, as pessoas falam um dialeto alemão chamado Hunsrückisch – também conhecido como “hunsriqueano” – e ainda vivem como se vivia cem anos atrás. Não por acaso, Walachai quer dizer “lugar distante, onde o tempo parou” em alemão antigo, expressão que faz jus ao seu clima bucólico. O dialeto hunsriqueano, com origem na região do Hunsrück, no sudoeste da Alemanha, é uma das línguas minoritárias mais faladas no Brasil. Por “língua minoritária” entenda-se o idioma de uma minoria étnica situada numa dada região. O dialeto hunsriqueano representa uma das trinta línguas trazidas ao país por imigrantes, ao lado de aproximadamente 180 línguas indígenas existentes no Brasil. Embora não haja um levantamento preciso sobre o número de pessoas que falam o dialeto, sabe-se que estão espalhados em 38 localidades, a maioria no sul do país – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – onde os primeiros alemães se concentraram, no início do século 19.

 Arcaico

 O distrito de Walachai ficou conhecido quando um professor local, João Benno Wendling, decidiu registrar a história de seu povoado em livro, ao qual teve acesso a diretora de cinema Rejane Zilles, natural da cidade.Foi o bastante para que ela resolvesse transformá-lo no documentário O Livro de Walachai (2007), mais tarde retomado no longa-metragem Walachai (2009), exibido na 33ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em outubro passado. Wendling dedicou toda sua vida à alfabetização em português das crianças do distrito, e suas anotações, mais de 400 páginas escritas à mão, formam um relato minucioso da cultura e dos costumes locais.– Fiquei comovida com a dedicação abnegada deste homem, que durante nove anos, sem nenhum auxílio, se dedicou a registrar a história do nosso povoado. Percebi que tinha ali um ótimo roteiro, mas o tempo urgia, pois o professor na época já tinha 82 anos e a saúde debilitada – conta Rejane.O hunsriqueano é uma espécie de alemão arcaico, recheado de expressões que não encontram mais equivalência na língua alemã atual. Esse dialeto vem sendo transmitido de geração em geração desde a chegada dos primeiros imigrantes alemães, há mais de 180 anos. Por ser essencialmente falado, o hunsriqueano praticado no Brasil não dispõe de uma escrita sistematizada, valendo-se, normalmente, do chamado alemão-padrão (Hochdeutsch) e do português para o registro. Leia Mais

Demanda reprimida

Cresce o interesse pelo estudo de “línguas estrangeiras minoritárias” nas redes públicas, mas a oferta de cursos ainda é incipiente

 

Apesar de termos sempre presente a explicação de a unidade nacional em um território tão grande ser tributária da unidade linguística, o Brasil é portador de considerável diversidade também neste campo. Estima-se que pelo menos 35 línguas sejam faladas por imigrantes e descendentes dentro do território, além de outros 180 idiomas
indígenas remanescentes.

 Essa variedade linguística tem reflexos no âmbito da educação pública. Um número crescente – mas que no conjunto é ainda insignificante – de escolas de ensino médio, principalmente em cidades com forte histórico de imigração, tem aberto as portas para o ensino das chamadas “línguas estrangeiras minoritárias”, como o italiano, o alemão, o japonês, o polonês e até mesmo o ucraniano. Na Amazônia e no Centro-Oeste, onde está concentrada a maioria das etnias indígenas, tentativas também têm sido feitas para alfabetizar as crianças em português e na língua nativa.

Cursos de línguas não necessariamente de imigrantes, mas com prestígio devido ao lastro histórico-cultural ou ao poderio econômico do país falante do idioma, vêm igualmente aumentando de número. É o caso do francês – que até o predomínio do inglês nos anos 1960 foi o idioma estrangeiro mais importante no Brasil e cujo status parece em franca recuperação – e do mandarim, a língua oficial da China.

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