Campanha de jovem surda pede que youtubers brasileiros utilizem legendas descritivas
“A comunidade surda pode e deve acompanhar a comunidade ouvinte. Nós queremos igualdade como os ouvintes, não desigualdades por conta da nossa deficiência.”
Para a comunidade surda, as legendas descritivas nos vídeos da internet são uma ferramenta de empoderamento e inclusão.
A youtuber Larissa Jorge é surda e usa o seu canal na rede social de vídeos para compartilhar conteúdos sobre a comunidade não ouvinte, mas também sobre temas de seu interesse, como os tutoriais de maquiagem. Porém, muitas das referências que a jovem tem são de youtubers ouvintes.
Pensando em como ela poderia se aproximar dos conteúdos produzidos por eles, Larissa iniciou a campanha #YoutuberPõeLegenda.
A ideia é que cada pessoa responsável por um canal de conteúdo se preocupe em adicionar as descrições e, assim, a troca de informações e conhecimento entre as comunidades surda e ouvinte possa acontecer.
Em entrevista ao HuffPost Brasil, a youtuber Larissa Jorge explicou um pouco mais sobre a campanha.
Por que você começou essa campanha em defesa das legendas nos vídeos na internet?
Eu queria entender o que os youtubers brasileiros falavam em seus vídeos, mas eu não podia compreender quase nada. Gosto de acompanhar as atualidades e me sentia excluída na internet. Comecei a perceber que youtubers brasileiros que usavam o áudio em inglês colocavam a legenda em português, então por que quando falavam em português não poderiam colocar as legendas descritivas para nós, surdos?
Foi então que decidi fazer algo maior. Conversei com algumas pessoas próximas e decidi criar uma campanha. Escrevi o roteiro com o meu namorado e demorou uns 4 meses para colocarmos no ar.
Criei essa campanha para as pessoas abrirem olhos, pois tem surdos querendo acompanhar os conteúdos igual a qualquer pessoa ouvinte. Criei hashtag #YoutuberPõeLegenda e pedi ajuda para outros youtubers surdos e ouvintes na hora da divulgação. Fiquei feliz com o apoio.
Qual a importância de ações como essa para a comunidade surda?
A comunidade surda pode e deve acompanhar a comunidade ouvinte. Nós queremos igualdade, não desigualdades por conta da nossa deficiência. Também queremos ser independentes, não quero ter que chamar alguém para traduzir todos os vídeos que eu quiser assistir. É sobre empoderamento também.
Você acha que o Brasil tem boas práticas em relação à inclusão da população surda?
Não são muitas, mas as ações que se importam com a gente são muito boas. Eu acho que ainda falta muita informação. As pessoas não sabem, por exemplo, que a segunda língua oficial no Brasil é Libras, que significa língua brasileira de sinais. Não é outro idioma, é o português. Ainda tem muito preconceito com os surdos. Ainda falta muito pra mudar.
O que te motivou a começar a produzir vídeos em Libras?
Comecei gravar os vídeos em Libras sobre maquiagem para conversar com outras meninas surdas. A gente sempre vê esses tutoriais na internet, mas são sempre verbais. Desde que criei meu canal, eu coloquei legenda e não parei de colocar, sempre coloco. Eu também quero que os ouvintes sintam-se a vontade no meu canal. É muito legal essa troca.
Fonte: Huff Post Brasil
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