Timor-Leste quer português como língua de trabalho da União Interparlamentar (UIP)
O presidente do Parlamento Nacional timorense apelou hoje às “nações amigas” para que o português seja aprovado como língua de trabalho da União Interparlamentar (UIP) na Assembleia Geral da instituição que decorre este mês em Genebra.
“Este é um assunto muito importante e, quando fui eleito presidente do parlamento, o primeiro assunto que tratei foi a luta para a introdução da língua portuguesa como língua de trabalho da UIP”, afirmou Arão Noé Amaral em declarações à Lusa.
“Enviei muitas cartas aos países da ASEAN e do G7+ para obter apoio nesta votação. Desejo que, com esta minha presença e intervenção na UIP, consiga que os nossos países amigos apoiem e deem um voto favorável a esta iniciativa”, acrescentou.
Arão Noé Amaral lidera a delegação do parlamento timorense que participa, entre 14 e 18 de outubro em Genebra, na 139.ª Assembleia Geral da União Inter Parlamentar (UIP), onde esta questão deverá ser votada.
“Esta vai ser uma luta para podermos chegar até lá. O número de falantes de português no mundo é muito significativo e, por isso, merece que o português seja língua de trabalho em instituições como a UIP”, disse.
Portugal tem estado a liderar os esforços diplomáticos, especialmente junto dos restantes países lusófonos, para conseguir que o português seja aprovado como língua de trabalho na Assembleia Geral daquela instituição, que decorre este mês em Genebra.
Para isso é necessária uma alteração aos estatutos da organização, posição expressa numa carta que o deputado português Duarte Pacheco enviou a responsáveis parlamentares lusófonos.
“Solicito em nome da delegação portuguesa o seu empenho junto do grupo geopolítico em que se insere, assim como do vosso corpo diplomático junto de Estados amigos, para obter o apoio do maior número de países para esta proposta que nos fortalece a todos e engrandece a própria UIP”, refere a carta.
“Esta é uma hipótese única. Não sabemos quando haverá nova oportunidade de incluir o português como língua de trabalho da UIP, só com o empenho de todos e de cada um de nós será possível alcançar o resultado que todos desejamos”, sublinha.
O objetivo era que a questão tivesse sido debatida e votada na assembleia-geral de março, mas o assunto acabou por ser adiado.
A mexicana Gabriela Cuevas Barron, presidente da UIP, assumiu durante a sua campanha para o cargo o compromisso de incluir o português, o espanhol e o árabe como línguas oficiais da organização, para assim a tornar mais inclusiva.
O objetivo foi acolhido com “reservas” por vários países tendo, por isso, o objetivo sido alterado para conseguir que o português seja língua oficial de trabalho, destacando que é língua oficial de nove Estados membros da UIP e a mais falada no hemisfério sul.
Na carta enviada aos parlamentos lusófonos, Duarte Pacheco refere que mesmo essa opção preocupa alguns dos países, dado o seu eventual impacto nos custos e, por conseguinte, nas contribuições nacionais.
O deputado português diz que no mercado é possível encontrar soluções mais baratas que as atualmente usadas pela UIP e que viabilizam a introdução do português.
Paralelamente a esta questão, Arão Noé Amaral aproveitará a ida a Genebra para dar conta dos avanços democrático em Timor-Leste.
“Timor-Leste sempre esteve a favor da democracia. Desde a proclamação da independência, a 28 de novembro, que definimos a República Democrática de Timor-Leste. A democracia é o nosso princípio e lutamos até á última gota de sangue por isso e muitos guerrilheiros tombaram por causa desta defesa da democracia”, considerou.
“E agora estamos num debate de diferenças políticas internas, mas penso que isso não vai afetar o processo democrático em Timor-Leste”, disse ainda.
Fonte: DN
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