protagonismo indígena

Sônia Guajajara entra na lista dos 100 mais influentes da Revista Time

TIME 100 2022: Sonia Guajajara. Nacho Doce—Reuters

A líder indígena maranhense Sônia Bone Guajajara foi escolhida pela revista Time uma das cem pessoas mais influentes do mundo em 2022. Bone, que é coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização membro do Observatório do Clima, e co-fundadora da Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), foi reconhecida na categoria Pioneiros pelo seu trabalho em defesa dos povos indígenas.

“Uma liderança indígena entrar nessa lista é o reconhecimento da luta coletiva que viemos fazendo há anos em defesa dos nossos direitos e do nosso modo de vida. Isso nos motiva a seguir adiante porque é sinal de que estamos transpondo barreiras, ultrapassando todas as fronteiras da invisibilidade. Os povos indígenas merecem estar entre os cem mais influentes porque estamos na linha de frente da luta pela vida. Não é um mérito da Sonia Guajajara, mas sim dos povos indígenas brasileiros”, disse a ativista.

O texto de apresentação publicado na revista, que tem autoria de Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, destaca que “desde cedo, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos. Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista. (…) Sônia Guajajara está na linha de frente da luta contra a tentativa do governo Bolsonaro de destruir as terras indígenas, junto com a floresta amazônica”.

Nascida na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, Bone pertence ao povo guajajara/tentehara. Filha de pais analfabetos, a ativista saiu de casa aos 15 anos para trabalhar e estudar. Ao longo das últimas décadas, formou-se em Letras e Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema), concluiu uma pós-graduação em Educação Especial e recebeu diversos prêmios e honrarias pela sua trajetória profissional. Em 2003 tornou-se coordenadora da Coordenação das Organizações E Articulações Dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima) e, em 2009, foi eleita vice coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Desde 2013, quando assumiu o cargo de coordenadora executiva da Apib, o ativismo de Sônia ganhou projeção nacional e internacional. A liderança guajajara está na linha de frente contra uma série de projetos no Congresso Nacional que retiram direitos dos povos originários e, desde 2008, é uma das vozes que representa o Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU. A ativista, que tem três filhos, também foi a primeira indígena a compor uma chapa presidencial, em 2018, ao lado de Guilherme Boulos.

Em 2019, Bone liderou a Jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota Mais, que levou denúncias sobre violações cometidas pelo atual governo a 12 países da Europa. Em 2021, ela sofreu uma tentativa de intimidação promovida pelo governo Bolsonaro. Na ocasião, por solicitação da Funai, a Polícia Federal a intimou a depor, acusando-a de difamar o governo pela websérie Maracá, a qual denuncia violações de direitos cometidas contra as populações indígenas no contexto da pandemia da Covid-19. O processo foi arquivado mesmo antes do depoimento, pois a PF, após assistir a websérie, concluiu que não havia crime.

Sônia Guajajara é hoje pré-candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo, através do Chamado Pela Terra e da Campanha Indígena – iniciativas coletivas do movimento indígena brasileiro. “Pelo Chamado, estamos encorajando também outras mulheres indígenas a entrar nessa disputa em 2022. Precisamos eleger a ‘bancada do cocar’”, destacou a ativista.

“Ela é uma inspiração, não apenas para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que debata seu passado e finalmente acolha o futuro”, concluiu Boulos na revista.

 

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