Nota do Cimi: Cimi Regional Mato Grosso repudia violações ao direito à Educação Escolar Indígena
De acordo com a instituição, um edital publicado pela Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso viola a legislação vigente e desrespeita a organização própria de cada povo
O Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Mato Grosso publicou nesta terça-feira (15) nota que denuncia ações da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso (Seduc-MT) contra o direito à Educação Escolar Indígena (EEI). Por meio do Edital PAS/PSS 010/2021 – GS/Seduc-MT, a secretaria viola direitos fundamentais dos povos indígenas.
Na avaliação do Cimi Regional Mato Grosso, o edital, que prevê a contratação temporária de profissionais para a Educação Escolar Indígena, “viola de maneira flagrante a legislação vigente”.
“Ao impor a nucleação das escolas indígenas, a Seduc/MT fere direitos fundamentais dos povos e das escolas indígenas, desrespeitando a organização própria de cada povo e comunidade. As crianças de aldeias distantes terão que sair de madrugada e voltar à tardezinha, o que significa ficar longe da família o dia todo, dificultando, assim, os processos próprios de aprendizagem (cf. Artigo 210 da CF/88), que são vivenciados no seio familiar”, diz um trecho da nota elaborada pelo Cimi Regional Mato Grosso.
No texto, a instituição lembra, ainda, que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) preconiza a Consulta Prévia, Livre e Informada aos povos sobre medidas que os afetem. No entanto, o direito à consulta não foi respeitado no referido edital.
Outro agravante é que a Seduc-MT propôs a utilização de apostilas previamente elaboradas por pessoas não-indígenas, desconsiderando as línguas e cultura dos povos do estado.
“Tais apostilas afrontam a diversidade étnica presente no estado de Mato Grosso, composta por 47 povos com línguas e culturas diferentes. Reedita, assim, o pensamento colonialista homogeneizador e discriminatório, uma vez que as línguas e as culturas indígenas não estão presentes nestas apostilas e os docentes indígenas são considerados incapazes de produzir material didático em suas línguas e adequados à realidade sociocultural de cada povo”.
Na nota, o Cimi Regional Mato Grosso afirmou que a Educação Escolar Indígena “é um processo que ocorre de modos distintos e por meio de pedagogias e instituições próprias em cada cultura”.
“É fato que a Constituição Federal de 1988 reconhece aos povos indígenas, em seu artigo 231, ‘sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições’ e no artigo 210, § 2º ‘a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem’. Assim, a EEI não deve se efetivar a partir de adequações de aspectos periféricos, mas de uma transformação da lógica, da estrutura, dos modos de pensar e fazer educação”, diz um trecho da nota.
Neste edital, mais de 180 professores e professoras, indicados pelas comunidades e experientes na Educação Escolar Indígena, tiveram seus contratos temporários negados pela secretaria sob o argumento de “não atenderem à formação exigida”.
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CIMI
Lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lança nesta quinta-feira (28) o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2020. Você poderá acompanhar o evento, a partir das 15h (horário de Brasília), por meio dos canais e redes do Cimi e de organizações parceiras da causa indígena. Para garantir a segurança de todos e todas durante a pandemia, o Cimi decidiu realizar o evento em formato virtual.
🏹 SOBRE O RELATÓRIO: Dividido em três capítulos principais, a publicação retrata a realidade dos povos indígenas durante o segundo ano do governo de Jair Bolsonaro e apresenta também análises sobre as violações contra seus direitos em meio à pandemia de Covid-19.
✅ Participam do lançamento:
Ernestina Afonso de Souza, liderança do povo Macuxi, da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, em Roraima;
Dário Vitório Kopenawa Yanomami, liderança do povo Yanomami e vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY);
Lucia Rangel, organizadora do relatório, assessora antropológica do Cimi;
Roberto Liebgott, organizador do relatório, coordenador do Cimi Regional Sul;
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB;
Dom Joel Portella, secretário-geral da CNBB;
Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi e arcebispo de Porto Velho/RO;
Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, secretário executivo do Cimi;
✅ Mediação: Marline Dassoler, missionária do Cimi
ℹ️ INFORMAÇÕES:
🗓️ Data: 28 de outubro (quinta-feira)
⏰ Horário: 15h às 16h30 (horário de Brasília)
🖥️ Por onde assistir:
Youtube (Cimi)
Facebook (Cimi)