Prof. Gilvan Müller de Oliveira receberá Prêmio MIL Personalidade Lusófona de 2014

gilvan_muller_oliveiraProf. Gilvan Müller de Oliveira receberá Prêmio MIL Personalidade Lusófona de 2014

O Prêmio Personalidade Lusófona de 2014, atribuído pelo MIL – Movimento Internacional Lusófono, será concedido ao prof. Gilvan Müller de Oliveira, um dos fundadores e atual Assessor do IPOL. Professor na Universidade Federal de Santa Catarina, foi, entre 2010 e 2014, o diretor executivo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), sediado em Cabo Verde.

O prêmio será entregue durante o 3º Congresso da Cidadania Lusófona, que ocorre nos dias 31 de março e 01 de abril de 2015, na Sociedade de Geografia de Lisboa.

Já foram laureados com o Prêmio MIL Personalidade Lusófona: o embaixador brasileiro junto à CPLP, Lauro Moreira, em 2009; o bispo católico timorense D. Carlos Filipe Ximenes Belo, em 2010; o jurista e professor português Adriano Moreira, em 2011; o atual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, em 2012; e o presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa, Ângelo Cristóvão, em 2013.

Clique na imagem para ampliar o cartaz.

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3º CONGRESSO DA CIDADANIA LUSÓFONA
A importância das diásporas: Cultura | Sociedade | Economia | Política
Sociedade de Geografia de Lisboa, 31 de Março | 1 Abril de 2015

Para mais informações: info@movimentolusofono.org
Contacto por telefone: (+351)967044286
www.movimentolusofono.org, pasc.pt

Confira abaixo a programação do 3º Congresso da Cidadania Lusófona:

PROGRAMA

31 de Março

15h: SESSÃO DE ABERTURA

Luís Aires Barros (Sociedade de Geografia de Lisboa)

Maria Perpétua Rocha (PASC: Plataforma de Associações da Sociedade Civil. Casa da Cidadania)

Renato Epifânio (MIL: Movimento Internacional Lusófono)

Luísa Janeirinho (Sphaera Mundi: Museu do Mundo)

16h: A LUSOFONIA E AS DIÁSPORAS

Adriano Moreira, Ângelo Cristóvão e Ximenes Belo

17h: PRÉMIO PERSONALIDADE LUSÓFONA 2014

Gilvan Müller de Oliveira

18h: COMUNICAÇÕES LIVRES

Maria João Neves, Ana Cristina Silva Araújo e António João Saraiva

Clique na imagem para ampliar o cartaz.

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1 de Abril

10h: A IMPORTÂNCIA DAS DIÁSPORAS PARA…

ANGOLA: Liga Africana (Carlos Mariano Manuel) ‘ Casa de Angola (Zeferino Boal)

BRASIL: Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (Renata Baracat) ‘ Academia Brasileira de Filologia (José Mário Botelho) ‘ Instituto Espinhaço (Luiz Cláudio Ferreira de Oliveira)

Moderação: Abel de Lacerda Botelho (Fundação Lusíada)

CABO VERDE: Associação Caboverdeana (Mário de Carvalho)

GALIZA: Associação Pró-Academia Galega de Língua Portuguesa (Maria Dovigo) ‘ Fundação Meendinho (Alexandre Banhos)

Moderação: Eugénio Anacoreta Correia (Observatório de Língua Portuguesa)

13h: INTERVALO PARA ALMOÇO

14h: A IMPORTÂNCIA DAS DIÁSPORAS PARA…

GOA: Casa de Goa (Narana Coissoró)

GUINÉ-BISSAU: Associação Balodiren (Djarga Seidi)

GUINÉ-EQUATORIAL: Associação Fernando Pó (Manuel Pechirra)

Moderação: Alarcão Troni (Sociedade Histórica da Independência de Portugal)

MACAU: Instituto Internacional de Macau (José Ângelo Lobo do Amaral)

MALACA: Associação Coração de Malaca (Luísa Timóteo)

MOÇAMBIQUE: Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (Delmar Gonçalves)

Moderação: Alexandre da Fonseca (Instituto dos Mares da Lusofonia)

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: Fundação Cacau (Isaura Carvalho) ‘ Casa Internacional de São Tomé e Príncipe (Danilo Salvaterra)

TIMOR-LESTE: Associação Timorense (Joana Amaral)

Moderação: Guilherme de Oliveira Martins (Centro Nacional de Cultura)

18h: MESA PASC

António Gentil Martins, Campos e Cunha, Garcia Leandro, Luís Antunes e Mendo Castro Henriques

20h: JANTAR DE ENCERRAMENTO

Clube Militar Naval (com inscrição prévia)

Fonte: Cidadania Lusófona

Relacionado o II Congresso da Cidadania Lusófona realizado ano passado, recomendamos a leitura deste belo texto da filóloga galega Maria Dovigo.

Instantâneo do II Congresso da Cidadania Lusófona

Instantâneo do II Congresso da Cidadania Lusófona

Que duro esforço o de fundar-se Roma

Por Maria Dovigo

A ciência da cartografia tem as suas limitações. Representar em plano a terra física, onde nascemos, lembramos e morremos, é tarefa sempre inacabada. Não sinto a ciência cartográfica fora desse esforço na beleza e no ir mais além que caracteriza tudo o que está vivo e procura caminho, seja semente de árvore, rio ou homem. E mais: este esforço de fórmulas incertas de amar o próximo. Não sei se foi isso o que animou o geógrafo galego Domingos Fontão quando concebeu a ideia de fazer a carta geométrica da Galiza nos inícios do século XIX, utilizando o método da triangulação geodésica, sistema de medição com o que já se desenhara o mapa de França, e que só se utilizaria para o conjunto do estado espanhol cento e trinta anos depois. Desde a primeira medição astronómica e geométrica da torre Berenguela da catedral de Santiago de Compostela em 1817, Domingos percorreu o pais durante dezassete anos, realizando quase todo o seu trabalho no seu tempo de folga, enquanto era diretor do observatório astronómico de Madrid, e mesmo depois teve grandes dificuldades para o poder imprimir com a escala certa, cousa que só conseguiu em Paris em 1845. A beleza do mapa de Fontão deixou uma longa esteira na literatura galega. Exemplo é a imagem de Adrião Solóvio, o protagonista do romance Arredor de si, passando a vela à frente do mapa de Fontão para alumiar os nomes da terra que ia lendo o seu tio D. Bernaldo, que, moribundo, quis assim ver por última vez a Galiza à que tinha dedicado a sua vida e o seu saber. Quando Outeiro Pedralho levou consigo o mapa aos exilados galegos no Buenos Aires dos anos 40 do século XX, quase cem anos depois, disse que sentia que levava com ele a Galiza toda.

E é que a beleza é esforço que pede a harmonia dos saberes e não deixa de fora nem o catedrático de Matemática Sublime que chegou a ser Fontão nem o velho narrador das glórias humanas, aquele que algum dia cantou as armas e os homens que fundaram Roma e outro a calada epopeia de amor das solitárias mulheres galegas. Na Sociedade de Geografia de Lisboa onde se realizou o congresso que motiva estas notas marginais também há um mapa que representa as viagens dos descobrimentos portugueses. A sala está rodeada das estátuas dos heróis que nem se sabe se voltaram do mar. E ali nos juntamos, novamente, gentes da chamada lusofonia, com as nossas heranças, as nossas narrativas e as nossas carências de homens entre a vida e a história, procurando manter no discurso aquilo que vibra em nós e de cuja continuidade nos sentimos responsáveis, porque o coração manda e nós obedecemos e o demais é ir fazendo com o que temos ou sabemos.

E ali fui eu, também, como a outros encontros à volta da lusofonia em que a Galiza é convocada, cheia das esperanças e perdas duma galega em trânsito, com a convicção de que quem anda em movimento tem de escolher muito bem o que carrega no seu fardel e com a pungente necessidade de comunicação que é sinal dos viajantes. No meu fardel, a impressão da terra física que me deu o clarão primeiro, o horizonte do mar em que nasci, a ligação à minha família, que me deu o norte do amor e o sentido da casa, o meu ofício de interpretar, relacionar e transmitir que aprendi nas aulas de filologia, e a esperança de liberdade para todos os poetas que procuram esse frágil fio da história que a todo nos ligue, intuição de cousas bem dispostas por uma ordem que nos foge mas cujo sentido, de vez em quando, conseguimos agarrar.

O mote do congresso era “Que prioridades na cooperação lusófona?”. Poderia chamar-se também como encontrar fórmulas novas para problemas velhos. Ouvi lógicas, narrativas e símbolos de estruturas estatais, de estruturas institucionais, de estruturas académicas, de estruturas associativas, e, enfim, só vi homens que procuram viver com dignidade, neste mundo nosso em que nunca encaixam as fronteiras dos territórios e as nossas múltiplas pertenças. A medida para cartografar tão extenso mundo oxalá fosse cada vida humana concreta, tão carregada de ouro como as daquelas idades que só os mitos lembram. E oxalá também estivessem os saberes ligados ao centro único do coração que se emociona e se expande, tão naturalmente como as ondas do mar ou as folhas das árvores na primavera.

Todo o discurso sobre a alteridade é, em essência, definir onde está o centro: se o centro é um nós, chamemo-lo poder, se o centro é o outro, chamemo-lo amor. Mas homem não ama sem esforço, ainda que seja o amor a sua natureza primeira. E nesse esforço está descobrir o método para chegar mais além que espero seja nesta alegoria da cidadania lusófona metáfora viageira para o simples amarás o próximo como a ti próprio. Depois de todos os discursos que ouço à volta do termo lusofonia pergunto-me o que é que permite a comunicação e não vejo que seja a língua nem a história. É antes de mais, como bem sabemos os que ensinamos línguas estrangeiras, a pura necessidade de comunicar e o conhecimento de sermos parte de um todo. E o demais são pontes para salvar obstáculos.

É condição física do viajante a consciência do peso e a sua escala mítica a procura do paraíso. É condição física do cidadão a necessidade do muro e a sua dimensão mítica a defesa. Toda construção linguística nasce dessa semente primeira. Como se constrói cidade e muros, leis e ágora, com quem se define pela viagem, não tenho a certeza. Dou em pensar que algo tem a ver com isso que se passou na história entre o peregrino que andava per agros e a construção da cidade de Compostela ou essa transformação que vai das árvores às canoas, que é a voz com que se designa as naus pelas bandas de São Tomé e Príncipe, segundo me conta o meu irmão das ilhas Mário Lopes. O conhecimento que vou tendo faz-me desconfiar de mundos perfeitos, mas se posso dar uma ajudinha aos que vou encontrando na minha vida, dou. Com tanto peso de saber que não serve os meus afetos nem a minha sede de irmandade, tomo a medida da vida humana concreta e sobre ela espero que se assente o muro da cidade que defendo. Espero um espaço não territorial que compreenda e ame os muitos territórios que em nós e com nós transitam. Necessária é a emoção, o afeto e o conhecimento positivo, a medida da nova triangulação geodésica que transforme em cartografia um território que se diz afetivo. Políticas de saúde e políticas de ensino que deem verticalidade à vida dos homens que a perderam neste mundo abrangido pela lusofonia. E espero, como Eneias perdido no mar, que as fadas venham ao encontro dos meus caminhos.

Maria Dovigo nasceu na Corunha em 1972 e mora desde 2000 em Portugal. Licenciada em Filologia Hispânica pela universidade da Corunha, é professora na rede de ensino público português, académica correspondente da Academia Galega da Língua Portuguesa e coordenadora da secção galega do MIL-Movimento Internacional Lusófono. Participa em recitais e publicações de poesia em Portugal e na Galiza.

Fonte: PGL.gal

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