Portugal deve seguir as regras do Novo Acordo Ortográfico
Portugal deve seguir as regras do Novo Acordo Ortográfico
Nova ortografia já é muito usada nos dois países, Brasil e Portugal.
Documentos oficiais de Portugal já têm que obedecer a nova grafia.
André Luiz Azevedo
Lisboa, Portugal
Termina nesta quarta-feira (13) o prazo de seis anos para os portugueses adotarem o jeito de escrever do Novo Acordo Ortográfico. No Brasil, a fase de transição termina oficialmente em 1º de janeiro se 2016. A nova ortografia já é muito usada nos dois países. Mas em Portugal, ainda tem muita gente que contesta o Acordo Ortográfico.
Assista aqui ao vídeo da reportagem veiculada no Jornal Hoje de 12/05.
Há mais de cem anos, Brasil e Portugal tentam unificar a maneira de escrever. O objetivo é que todos os países da comunidade de língua portuguesa, na Europa, África, Ásia e da América, escrevam do mesmo jeito. O último acordo começou a ser negociado na década de 1970 do século passado, foi assinado em 1990, sofreu muitos adiamentos, mas agora, pelo menos em Portugal, o prazo terminou.
Uma das maiores reclamações dos portugueses, que estão contra o novo acordo ortográfico, é sobre as consoantes mudas. Palavras que eles escreviam como actor, actriz, director, factual, optimo, perderam a consoante muda. E ao contário, recepção de hotel, que no Brasil se escreves com p mudo e em Portugal eles escrevem receção, essa palavra será escrita como é no Brasil.
O professor da Academia de Ciências, João Malaca Casteleiro, foi quem negociou o acordo pelo lado de Portugal.
“Os brasileiros tinham que passar a escrever ‘actor’, ‘director’, ‘óptimo’com consoantes que já tinham suprimido há muito tempo. Então, não é mais fácil para quem não articula essas consoantes, suprimi-las, do que obrigar os outros que não as articulam também voltar a escrever elas? É um questão de bom senso, portanto”.
Todos os documentos oficiais do governo e o ensino a partir desta quarta-feira (13) já têm que obedecer a nova grafia. Mas entre escritores, intelectuais e jornalistas há muita resistência. Um dos maiores jornais de Portugal já decidiu que não vai mudar a forma de escrever.
O diretor adjunto do jornal, Nuno Pacheco, diz que assim como nem todos os países de língua inglesa ou espanhola escrevem da mesma forma, com o português também deveria se respeitar as diferenças. Ele acusa o acordo de promover uma grande confusão com a língua.
“Porque agora eu tiro o t ou boto o t, ponho o c ou tiro o c. Por que no lugar dos linguistas se entregarem a um exercício de sedimentarem cada país aquilo que realmente se escreve e como se deve escrever naquele país, naquela delimitação geográfica, acharam que isso podia cruzar os países, todos e é mentira, é falso, não cruza, não é verdade”.
Fonte: Jornal Hoje/G1