Os cinco pecados mortais anti-acordo ortográfico (servidos em bandeja de História)

Paulo Corino PintoOs cinco pecados mortais anti-acordo ortográfico (servidos em bandeja de História)

Lembrando que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) passa a ser oficialmente obrigatório em Portugal a partir do próximo dia 13 de maio (conforme Resolução do Conselho de Ministros nº 8/2011) e no Brasil em 1º de janeiro de 2016 (conforme Decreto nº 7.875/2012, que adiou a data estipulada no Decreto nº 6.583/2008, que promulga o AOLP), apresentamos nesta postagem o artigo Os cinco pecados mortais anti-acordo ortográfico (servidos em bandeja de História), de Paulo Jorge de Sousa Pinto, doutor em Ciências Históricas, Universidade Católica Portuguesa.

Publicado originalmente na revista Brotéria n. 177, em outubro de 2013, destacamos abaixo alguns trechos do artigo, que faz uma contundente crítica aos portugueses contrários à implementação do AOLP. O artigo pode ser lido na íntegra aqui.

Leia também: Carlos Alberto Faraco analisa a situação atual do Acordo Ortográfico e Carlos Alberto Faraco: “Devemos alterar o acordo ortográfico de 1990?

“[…] Hoje há língua, mas já não há império. O português é um elo de ligação que une muitos milhões, um património de todos os que a utilizam; é um legado do império, e já não o veículo da sua expansão e afirmação. Ora, um bem comum deve ser gerido de modo comum e, quando há necessidade de acordo entre as partes, esse entendimento deve ser obtido por consenso, em prol da sobrevivência de uma riqueza que todos partilham e a que todos chamam sua.

“É um património ameaçado e em risco. Portugal, como berço da língua, deveria ser o país mais consciente dessas ameaças e a mostrar-se o mais zeloso na sua defesa. Ao invés, mostra-se incapaz de articular um qualquer plano de promoção da sua língua pelos diversos continentes, preferindo exprimir um certo saudosismo depressivo que alimenta o imaginário nacional: os portugueses emocionam-se quando ouvem rezar o terço em português, em Larantuka (Flores, Indonésia), insuflam o ego patriótico quando calha lerem alguma referência à forma como o idioma foi uma espécie de língua franca no Sueste Asiático que resistiu a holandeses e britânicos e orgulham-se quando o reconhecem nos cantos mais remotos do planeta. Mas, simultaneamente, parecem incapazes de projetar expetativas e ambições no futuro e de se coordenar com o restante mundo lusófono.

“Uma das formas mais patéticas dessa incapacidade é o arrastamento da discussão sobre o Acordo Ortográfico, interminável novela com mais de duas décadas e que continua a somar episódios intermitentes de rejeição, de invocação de todo o tipo de argumentos (o último dos quais é o da ilegalidade) para declarar a sua nulidade. Nas chamadas “redes sociais”, prolongam-se as discussões, geralmente muito emotivas e pouco sérias. Se há um escritor, uma figura pública, um vulto da cultura portuguesa, que tece críticas ao Acordo, é de imediato contabilizado como mais uma espingarda para a trincheira do “Não”, espécie de autoproclamado último reduto da língua, aldeia gaulesa de uma alegada invasão “brasileira” ou, não raro, derradeiro baluarte do amor à língua que Pessoa afirmou ser a sua pátria.

“Muito do que se escreve, lê e comenta acerca do Acordo resulta de simples preconceito ou de deficiência de informação; há também teimosia, bairrismo, disparate puro e muito de protesto (contra a crise, contra a agitação do presente, sabe-se lá que mais). Não é raro deparar com pessoas que são contra porque sim, porque lhes disseram vagamente que é uma coisa “brasileira”; mais um prego para este tempo de incertezas, “eles” roubam salários, direitos, subsídios, até a língua bem-amada nos querem tirar. Muitas vezes é esquecido o fundamental: que as línguas modificam-se, que não são estáticas, e que se trata, apenas, de um consenso (palavra tão na moda nos dias que correm) entre os países falantes do português para acertarem velhas diferenças gráficas e para melhor adequarem a escrita à fala. O caso das “consoantes mudas” é paradigmático de algo que deveria ser acolhido com satisfação por todos. Por trás dos pormenores e das questões meramente técnicas emergem, porém, os velhos tiques de potência colonial, arrogantes e insuportáveis, que ocultam um pseudo-purismo tão irreal quanto anacrónico.

“Não sendo linguista e limitando-me, tão-somente, a expressar a minha opinião de leigo, parece-me que a oposição ao Acordo, incorre, fundamentalmente, em cinco erros fundamentais, por ordem decrescente de importância: estreiteza de vistas, ignorância, arrogância, preguiça e reacionarismo.[…]”

Esses erros, os cinco pecados mortais anti-acordo do título, são então apresentados em detalhe no artigo. Clique aqui para acessá-lo na íntegra.

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