MEC garante mais apoio à educação de surdos
Ampliar as políticas de afirmação de pessoas com problemas auditivos. Foi o que garantiu o ministro da Educação, Mendonça Filho, durante entrevista
O Ministério da Educação (MEC) afirmou, nessa segunda-feira (06), que busca ampliar a acessibilidade e políticas de afirmação de surdos. Segundo o gestor da pasta federal, Mendonça Filho, está incluída na proposta da Base Nacional Comum Curricular, a formação adequada de professores. O treinamento específico é o passo para “uma política pública cada vez mais inclusiva, respeitando a condição específica dos surdos ou daqueles que têm deficiência auditiva no nosso País”, afirmou.
Em entrevista ao programa “Por Dentro do Governo”, o ministro comentou o assunto da redação do Enem deste ano que teve o tema “Desafios para a Formação Educacional de Surdos no Brasil”. Mendonça explicou que é o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), no Rio de Janeiro, quem subsidia as políticas públicas para surdos no âmbito do MEC e apoia a sua implementação pelas esferas subnacionais de governo. “Na ponta, quem tem a responsabilidade direta por essas políticas públicas são os estados e municípios. Cabe ao Ministério da Educação induzir e apoiar políticas nacionais de inclusão geral e específicas”, disse. Mendonça Filho destacou ainda que a língua brasileira de sinais (Libras) precisa ser cada vez mais incorporada na política educacional brasileira.
Apesar de as estratégias de inclusão educacional, segregações educacionais persistem. “Falta profissional com conhecimento pedagógico para pessoas surdas. Um dos mitos é pensar que o surdo não tem capacidade, mas nossa inteligência é a mesma dos ouvintes”, comentou o diretor da Associação de Surdos de Pernambuco, René Ribeiro. O estudante Alessandro Vasconcelos, 22 anos, fez o Enem no último domingo (05) usando o novo recurso de acessibilidade: a videoprova traduzida em Libras. “Não tive dificuldade nenhuma. Foi maravilhoso porque me deu mais clareza e segurança para responder as questões. Já fiz a prova cinco vezes e essa foi a melhor”, afirmou.
O estudante acrescentou que o tema da redação foi motivo de emoção. “Controlei a minha para não errar, mas aproveitei para escrever sobre a realidade de hoje sobre a escola bilíngue e inclusiva. Sugeri também que seja colocado na grade curricular de todas as escolas e universidades a disciplina de libras”, contou. Assim como Alessandro, quase 5 mil candidatos surdos ou com deficiência auditiva se inscreveram neste ano. Do total, 1.635 solicitaram a videoprova, 1.357 optaram por tradutor intérprete de libras e 895 preferiram a leitura labial.
Recife
Salas bilíngues foram regulamentadas na Capital pernambucana pelo Decreto nº 28.587, de 11 de fevereiro de 2015. Hoje, a rede de ensino do Recife tem 122 estudantes surdos, sendo 71 deles atendidos em salas bilíngues e o restante em salas regulares, desde a educação infantil ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
Há 19 turmas bilíngues oferecidas em oito escolas/ polos. No total, 17 docentes estão à frente das aulas e passaram por capacitações para fluência na língua de sinais.
Fonte: Folha PE
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