Governo do Acre elabora lei e realiza consulta pública para tornar oficial o uso do gentílico “acreano”

acreGoverno está realizando, até 13/02, consulta pública sobre o uso dos termos “acreano” e “acriano”. Para participar do abaixo assinado, clique aqui.

Samuel Bryan e Márcia Moreira

O Poder Executivo estadual está elaborando um projeto de lei que poderá tornar o gentílico “acreano” o adjetivo pátrio oficial em todo o Acre. Antes de ser encaminhado para aprovação na Assembleia Legislativa (Aleac), o governo do Estado também realiza uma consulta popular que está disponível aqui.

Assunto está sendo colocado em pauta durante reuniões - Foto: Sérgio Vale/Secom

Assunto está sendo colocado em pauta durante reuniões – Foto: Sérgio Vale/Secom

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa manteve a normatização que já existia, definindo o gentílico como “acriano”. Segundo essa regra, do substantivo próprio “Iraque”, por exemplo, retira-se a vogal final e acrescenta-se o sufixo “iano”: “iraquiano”. Ou de “Jordânia”: “jordaniano”.

Ainda assim, no Acre nunca se utilizou a norma-padrão e permaneceu a adoção do gentílico consagrado pelo uso, “acreano”. Com o projeto de lei garantindo o uso oficial da linguagem utilizada pela população, fica patente o respeito à história, à cultura e mesmo ao hino, além de todos os documentos históricos produzidos no Acre desde o final século XIX.

Para a chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, é uma questão de responsabilidade: “Estamos tratando da nossa identidade cultural, da memória social, do sentimento de pertencimento”.

Contraria o Acordo?
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário internacional. Ele já se encontrava assinado desde 1990 por oito países que falam o idioma, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que teve sua implantação. Ainda assim, é um equívoco afirmar que o acordo visa uniformizar a língua, já que uma língua não existe apenas em função de sua ortografia.

Por isso, o documento também abriu possibilidades para que o que é praticado por usos e costumes possa ser adotado. Assim, a proposta de lei estadual não terá nenhuma contradição ao Acordo Ortográfico.

“Vamos adotar isso como lei porque, se não há nenhuma alteração dizendo que reconhecemos o uso do gentílico com ‘e’, um site como o Wikipedia, por exemplo, irá reconhecer apenas o com ‘i’. É como se apagássemos nossa história e só vamos ter uma a partir do momento em que escrevermos com ‘i’ ou em que se mude todos os documentos oficiais para se ter o ‘i’. A lei vai garantir que em documentos oficiais e normativas a obrigatoriedade seja do gentílico ‘acreano’”, explica Márcia Regina.

A presidente da AAL posiciona-se a favor da grafia “acreano” - Foto: Diego Gurgel/Secom

A presidente da AAL posiciona-se a favor da grafia “acreano” – Foto: Diego Gurgel/Secom

Posicionamento das Academias de Letras
A AAL, assim como a Academia Juvenil Acreana de Letras (Ajal), posiciona-se contra a grafia “acriano”. Segundo a presidente da AAL, Luísa Karlberg, durante pesquisas, identificou-se que o gentílico foi usado em documentos em 1878, antes mesmo de o Acre ser legitimado como território brasileiro.

“A tradição de um povo é soberana até mesmo sobre um idioma. O povo é que caracteriza seu gentílico, sendo assim, somos contrários ao uso de ‘acriano’”, diz.

Já a Ajal defende uma consulta pública. O presidente do órgão, Jackson Viana, afirma: “Assim como o brasão, a bandeira e o hino, o gentílico é parte de uma cultura, e isso não pode ser mudado”, ressalta.

Consulta pública

Com objetivo de ouvir a sociedade sobre o gentílico local, o governo do Acre lançou no dia 25/01 uma consulta pública sobre o uso dos termos “acreano” e “acriano”. Caso aprovado o termo “acreano”, que é tradicionalmente utilizado, será encaminhado um projeto de lei à Assembleia Legislativa para tornar oficial o seu uso. A consulta estará disponível até o dia 13 de fevereiro. Para participar do abaixo assinado, basta clicar aqui.

De acordo com a secretária de Estado de Comunicação, Andréa Zílio, a consulta é uma forma de ouvir a população. “Já que se trata de nossa identidade cultural, memória e sentimento de pertencimento, acreditamos que a consulta vai reforçar o que propõe o projeto de lei”, destaca.

Para a presidente interina da Academia Acreana de Letras, Margarete Prado, a expectativa é boa para que o gentílico se mantenha como está sendo usado. “Estamos fazendo campanha na Universidade Federal do Acre (Ufac) e em nossas páginas. Esperamos que se tenha várias assinaturas e o gentílico acreano permaneça”, diz.

Pai e filha divergem sobre o uso do gentílico - Foto: Diego Gurgel/Secom

Pai e filha divergem sobre o uso do gentílico – Foto: Diego Gurgel/Secom

O que diz a população?
O professor Gaspar Mascarenhas, de 46 anos, defende que se mantenha o uso do gentílico “acreano”. Segundo ele, a palavra soa mais bonita desta forma. “Acho que escrever com a letra “i” é muito estranho. Somos acostumados a usar o “e” na palavra, mudar isso não é uma boa escolha”, destaca.

Diferente dele, a filha Vivian, de 14 anos, diz que prefere o termo “acriano”. “Acho que deve ser dessa forma pois é como falamos. A maioria das pessoas falam com o som do “i”, e temos que escrever conforme falamos”, diz.

Leia também: Acreano ou acriano? Por Onides Bonaccorsi Queiroz

Fonte: Notícias do Acre

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