Exposições de arte africana ganham destaque na Bienal do Mercosul
Obras são voltadas para reflexão sobre miscigenação e migrações entre a América, África e Europa
Série de fotografias reúne retratos de mulheres da África do Sul que sofreram ataques xenófobos e homofóbicos | Foto: Zanele Muholi / Divulgação / CP
Promover uma reflexão sobre a miscigenação, fluxos migratórios e o trânsito de religiões, idiomas, tecnologias e artes, que são e foram estabelecidas por meio das conexões existentes há mais de cinco séculos entre a América, África e Europa, é o que a 11º Bienal de Artes Visuais do Mercosul propõe para o público visitante.
Chamada de “O Triângulo Atlântico”, a exposição apresenta 77 artistas, sendo 21 da África, 19 do Brasil, 20 da América Latina, 11 da Europa e seis da América do Norte, além de ações pontuais realizadas em comunidades remanescentes de quilombos localizados em Porto Alegre e Pelotas. Até dia 3 de junho, as obras poderão ser conferidas no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Memorial do RS, Santander Cultural, Praça da Alfândega, e Igreja Nossa Senhora das Dores.
Os artistas e seus trabalhos exploram as relações culturais oriundas das relações desta triangulação, permeadas pelas águas atlânticas, suas tensões, forças e demandas. Sob curadoria do alemão Alfons Hug e da paulista Paula Borghi, é dado destaque para o encontro entre a arte africana e afro-brasileira, as culturas indígena e europeia.
O presidente da Fundação Bienal do Mercosul, Gilberto Schwartsmann, salienta que esta edição busca suscitar questões como “quem somos nós? e que matriz é a nossa?” e, ao mesmo tempo, pretende promover a aceitação pacifica do que é diferente.
O curador Alfons Hug diz que este triângulo é um depósito de memórias e que o Atlântico é testemunha de movimentos migratórios, normalmente forçados, como o dos escravos da África para outros continentes e dos europeus pobres para a América do Norte, também em um regime de semiescravidão. “A Bienal faz uma reflexão sobre o quanto o êxodo do Atlântico Negro alimentou um vigoroso processo de crioulização, que levou a um intenso trânsito de religiões, idiomas, tecnologias, artes e culturas”, salienta.
Em Pelotas, na Casa 6, o que pode ser conferido é resultado de residência de um mês do artista paulistano Jaime Lauriano na comunidade quilombola chamada Vó Elvira, na zona rural pelotense. São desenhos, fotografias e áudios dos quilombolas, além de peças artesanais produzidas por integrantes dos Quilombos do Algodão e Alto do Caixão. Da mesma forma, em Porto Alegre, no Areal da Baronesa, a brasiliense Camila Soato realizou uma residência e traz como resultado uma coletiva com pinturas criadas pelas moradoras da comunidade.
Outro ponto de destaque da mostra é preocupação de recuperar a língua falada. “Cada língua que desaparece, é como um legado que é apagado”, pontua Hug. O apagamento destas línguas é visto como uma tentativa também de eliminar as culturas nativas. Como uma forma de resistência, a Bienal traz uma instalação de vozes africanas e indígenas.
Confira a localização das exposições:
Santander Cultural
Sete de Setembro, 1028
Funcionamento: Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 19h. Sábados, das 10h às 19h, domingo, das 13h às 19h
Memorial do Rio Grande do Sul
Praça da Alfândega, s/n
Funcionamento: Terças-feiras a domingo e feriados, das 9h às 19h
Museus de Arte do RS (MARGS)
Praça da Alfândega, s/n
Funcionamento: Terças-feiras a domingos, das 9h às 19h
Igreja Nossa Senhora das Dores
Rua das Andradas, 587
Terças-feiras a sábados, das 10h às 17h. Domingos, das 13h às 17h (exceto dia 8 de abril)
Quilombo do Areal da Baronesa (Av. Luiz Guaranha, 2, Menino Deus)
Transporte do Centro Histórico até o Quilombo do Areal da Baronesa: ônibus 178, saindo do Mercado Público.
Em Pelotas, na Casa 6
Praça Coronel Pedro Osório, 06
Centro Histórico
Segundas-feiras a sextas-feiras, das 8h às 18h30min
Fonte: Correio do Povo
Deixe uma resposta
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.