Escrita de sinais? Como assim?

Escrever em língua de sinais ainda é pouco aceito/ difundido no Brasil, até porque, há algum tempo atrás não existia escrita para as línguas de sinais. Muitas pessoas acreditam que a escrita de sinais está muito aquém de nossa cultura e isso ainda é um grande desafio da comunidade surda. Da mesma forma que a linguagem escrita está associada ao direito de estabelecer uma comunicação em sociedade, a escrita de sinais pode dar ao surdo a autenticidade de se comunicar na sua língua materna, uma vez que a escrita de sinais segue as regras gramaticais da própria língua de sinais.

Atualmente no Brasil existem dois sistemas de escrita em uso, são eles: SignWriting e ELiS. O Primeiro deles, SignWriting foi criado em 1974, por Valérie Sutton com a finalidade de escrever danças, mas com o passar dos anos se tornou um sistema de escrita de sinais.O SignWriting é composto por aproximadamente 900 símbolos, representando a configuração das mãos, movimento, expressões faciais e corporais. Esse sistema de escrita de sinais é o mais difundido atualmente e escreve-se da esquerda para a direita com os símbolos empilhados.

O outro sistema de escrita de sinais foi criado no ano de 1998, no Brasil, por Mariângela Estelita Barros. Nessa época esse sistema foi nomeado de AlfaSig, logo depois passou a ser chamada de QuiroSig, ainda em fase de adaptação e mudanças o sistema teve o nome de ScripSig, mas depois de algum tempo a autora denominou definitivamente esse sistema de escrita de ELiS.

O principal pensamento de Barros foi o de criar uma forma capaz de proporcionar ao surdo o acesso a uma comunicação escrita na sua própria língua. Para a autora, assim como nós somos falantes de Português e escrevemos em Português, o surdo que têm a Libras como língua materna também pode escrever em Libras. A proposta de escrita de sinais ELiS foi reformulada em 2008 e hoje conta com 95 caracteres capazes de representar os sinais de qualquer língua de sinais de qualquer parte do mundo.

ELiS é uma escrita linear e alfabética. No quesito linearidade, se escreve da esquerda para direita e é alfabética porque cada letra representa um elemento de um parâmetro. A Libras é estabelecida através de cinco parâmetros, que são: Configuração de mão (CM), Orientação da palma (OP), Ponto de articulação (PA), Movimento (MO) e Expressões não-manuais (ENM), sendo que em ELiS utiliza-se apenas: Configuração de Dedos (CD), Orientação da Palma (OP), Ponto de articulação (PA) e Movimento (MO), uma vez que as Expressões não-manuais são consideradas como parte do parâmetro Movimento.

A Libras é considerada recente e está sendo alvo de vários estudos em andamento, mas se ela é uma língua “nova”, a sua escrita é ainda mais recente. A autora afirma que a criação desse sistema de escrita ELiS, é algo extremamente novo, mas pode desencadear vários estudos psicolinguísticos na quesito aquisição de linguagem escrita e representação mental de línguas.

Fonte: Hilkia Cibelle da Cruz Oliveira, Diário da Manhã

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