O Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração no sul do Brasil
Além dos estados de Santa Catarina e Espírito Santo, também o Rio Grande do Sul recebeu pesquisadores do Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como Língua Brasileira de Imigração (IHLBrI ) durante o mês de agosto.
Entre os dias 01 e 03 de agosto, Jussara Habel, Gabriel Schmitt e Ana Winckelmann que compõem a equipe do Inventário e do Projeto ALMA-H (Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch) esteve em Nova Petrópolis, RS, para as pesquisas.
A equipe de pesquisadores chegou em Nova Petrópolis, RS, no dia 01 de agosto de 2017 com várias atividades agendadas. Inicialmente, a equipe foi até a Prefeitura para preencher o questionário sociológico e para ouvir as autoridades locais sobre a importância da língua alemã falada em Nova Petrópolis. Durante a tarde, foram recebidos pela Rádio Imperial FM, 104.5, para explicar os objetivos do trabalho aos ouvintes (Conferir entrevista abaixo).
A pesquisa foi realizada com falantes e não falantes de alemão em diferentes ambientes e localidades do município. Vários estabelecimentos comerciais e culturais foram visitados para a conferência dos usos da língua. Os trabalhos se encerraram no dia 03 de agosto com bons resultados sobre as línguas faladas em Nova Petrópolis, especialmente sobre o alemão local (Hunsrückisch). Para uma população estimada em 20.000 habitantes seriam necessários muito mais do que três dias de pesquisas em Nova Petrópolis, a fim de analisar os usos da língua alemã de forma mais detalhada. Por fim, os pesquisadores foram muito bem recebidos pelos munícipes, o que facilitou bastante os trabalhos em prol do registro da língua alemã para o Inventário do Hunsrückisch.
Acompanhe algumas recordações transcritas pela equipe que esteve pesquisando em Nova Petrópolis
Há uma preocupação na cidade em preservar a língua alemã. Diversas pessoas atuam em diferentes frentes, como por exemplo, a professora Célia Heylmann que é a idealizadora, junto com seu marido, do Memorial do Hunsrück, situado em Linha Imperial, próximo do Pinheiro Multissecular, ponto turístico da cidade. Ao conversar com o vice-prefeito, Charles Paetzinger, também percebemos o esforço das autoridades em manter o ensino do alemão standard desde a educação infantil. “Do que adianta termos o Festival do Folclore, a Frühlingsfest e o Roteiro Alemães do Sul, se as pessoas não falarem mais alemão”, nos disse ele. (Gabriel Schmitt)
Lembro que o Secretário de Turismo, Paulo Staudt, comentou sobre os falantes da língua Hunsrückisch que ainda ficam envergonhados pra falar em alemão, sendo que não teria motivos para isso, pois os turistas que chegam à Nova Petrópolis gostam de ouvir a população local falando em alemão. As escolas oferecem teatro e concurso de leitura em Hunsrückisch, o que, a meu ver, já é uma ação bastante positiva pra encorajar os falantes quanto à manutenção da língua alemã falada. (Ana Winckelmann)
Para resumir um pouco o nosso trabalho de pesquisas em Nova Petrópolis gostaria de registrar o termo “Schatz-Deutsch” (alemão tesouro) utilizado pela professora de alemão, Célia W. Heylmann, ao se referir à língua Hunsrückisch falada pelas crianças na escola. É com este termo que a professora tenta explicar a importância do alemão local para estimular a manutenção e o uso da língua. Acredito que o diálogo e as comparações entre o ‘alemão falado’ e o ‘alemão ensinado nas escolas’ são fundamentais para formar cidadãos mais plurilíngues e abertos para lidar com novas culturas. (Jussara Habel)
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