DOCUMENTÁRIO SOBRE DOUTRINAÇÃO DE NATIVOS NOS EUA CHEGA AO STREAMING

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Documentário cotado ao Oscar investiga a descoberta de possíveis sepulturas não identificadas na Escola Residencial Indígena St. Joseph, no Canadá.

Sugarcane | National Geographic Documentary Films

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira publicado em Aventuras na História, 14/01/2025

Registro de comunidade apache - Domínio Público via Wikimedia Commons

Registro de comunidade apache – Domínio Público via Wikimedia Commons

O documentário “Sugarcane”, que explora o legado devastador das escolas residenciais indígenas na América do Norte, está disponível nas plataformas Disney+ e Hulu.

Dirigido por Julian Brave NoiseCat e Emily Kassie, o filme já conquistou mais de uma dúzia de prêmios em festivais, incluindo o Sundance, onde levou o prêmio deMelhor Direção para Documentário dos EUA.

Recentemente indicado ao Gotham Awards na categoria de Melhor Documentário, ‘Sugarcane’ também recebeu oito indicações no Critics Choice Documentary Awards e figura nas listas de melhores documentários do ano do DOC NYC e do IDA.

O documentário investiga a descoberta de possíveis sepulturas não identificadas na Escola Residencial Indígena St. Joseph, localizada na Colúmbia Britânica, Canadá. Essa instituição, administrada pela Igreja Católica, foi palco de abusos físicos, psicológicos e sexuais contra crianças indígenas.

‘Sugarcane’ revela evidências de crimes horrendos, incluindo casos em que padres engravidaram alunas e, após darem à luz, os bebês foram incinerados.

Além de abordar o caso canadense, o filme também destaca o sistema de internatos indígenas nos Estados Unidos, maior do que o do Canadá, onde práticas semelhantes de abuso e assimilação cultural ocorreram.

Essas escolas, em ambos os países, buscavam apagar as línguas e culturas indígenas, forçando as crianças a adotar normas e costumes da sociedade branca.

Ecos do passado

Joe Biden após discurso à comunidade indígena do Rio Gila, nos arredores de Phoenix, no estado do Arizona

 

 

Na última sexta-feira, o presidente Joe Biden visitou a Reserva Indígena Gila, no Arizona, para reconhecer o impacto do sistema de escolas residenciais. Durante o discurso, ele pediu desculpas formalmente:

“Peço desculpas como presidente dos Estados Unidos da América pelo que fizemos. A política de internatos indígenas é uma marca de vergonha na história americana”.

Os cineastas Kassie e NoiseCat estiveram presentes na ocasião e destacaram a importância do reconhecimento presidencial: “O pedido de desculpas é um marco para as famílias e sobreviventes das escolas residenciais. Estamos honrados que ‘Sugarcane’ contribua para essa conversa tão necessária”.

O documentário foi exibido em cinemas nos EUA e Canadá durante o verão e também levado a comunidades indígenas por meio do “Rez Tour”. Essa iniciativa oferece exibições acessíveis e seguras para povos afetados diretamente pelas escolas residenciais, além de conectar espectadores a recursos de saúde locais.

‘Sugarcane’ também se conecta ao recente relatório do Departamento do Interior dos EUA, que revelou a morte de quase 1.000 crianças  nas mais de 400 escolas federais indígenas do país — número três vezes maior que o registrado no Canadá.

Produzido pela Kassie Films e Hedgehog Films, em parceria com Impact Partners e Fit Via Vi, o documentário conta com a atriz Lily Gladstone como produtora executiva, conforme repercute o Deadline.

https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/historia-hoje/cotado-ao-oscar-documentario-sobre-doutrinacao-indigena-nos-eua-chega-ao-streaming.phtml

Assista o trailer:

Mais sobre o documentário: https://films.nationalgeographic.com/sugarcane

 


Siga a leitura neste artigo de agosto de 2024

EUA RECONHECEM MORTES DE CRIANÇAS INDÍGENAS EM INTERNATOS DO GOVERNO

Por décadas, o governo americano se esforçou para isolar crianças nativas americanas de suas famílias em internatos administrados pelo Estado

Maria Paula Azevedo, sob supervisão de Thiago LincolinsApublicado em 02/08/2024

Turma da escola de Genoa Indian Industrial School em Genoa, Nebraska, em 1910 - Divulgação/Arquivos Nacionais dos Estados Unidos

Na terça-feira, 30, o Departamento do Interior dos Estados Unidos informou no relatório “Federal Indian Boarding Schools Initiative” que ao menos 973 crianças indígenas morreram entre 1871 e 1969 em internatos administrados ou financiados pelo Governo dos EUA.

O documento aponta a existência de pelo menos 74 locais de sepultamento, tanto demarcados quanto não demarcados, em 65 escolas.

Além disso, estima-se que Washington tenha investido mais de US$ 23,3 bilhões no sistema federal,  além de “outras instituições semelhantes e políticas de assimilação associadas”.

“O Governo Federal – facilitado pelo Departamento que eu lidero – tomou medidas deliberadas e estratégicas por meio de políticas federais de internatos indígenas para isolar as crianças de suas famílias, negar-lhes sua identidade e roubar-lhes os idiomas, as culturas e as conexões fundamentais para os povos indígenas. essas políticas causaram traumas duradouros nas comunidades indígenas que o governo Biden-Harris está trabalhando incansavelmente para reparar”, admitiu Deb Haaland, Secretária do Interior dos EUA.

Reconhecimento

Bryan Newland, subsecretário de Assuntos Indígenas, afirmou que, pela primeira vez na história do país, Washington está sendo responsabilizada por seu envolvimento na administração dos internatos, conforme repercutido pela RT Brasil.

“Devemos usar todos os nossos recursos para fortalecer o que eles não puderam destruir. É fundamental que esse trabalho perdure e que os Governos Federal, Estadual e Tribal se baseiem no importante trabalho realizado no âmbito da Iniciativa [Federal Indian Boarding Schools].”, afirmou Newland.

https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/historia-hoje/eua-reconhece-morte-de-criancas-indigenas-em-internados-do-governo.phtml

Sobre a realização do documentário, saiba mais nesta entrevista do Sundance Festival

Julian Brave NoiseCat e Emily Kassie, os cineastas por trás de “Sugarcane”

Por Lucy Spicer

Em 2021, notícias sobre a presença de túmulos de crianças suspeitas na propriedade da escola residencial indiana canadense fizeram manchetes internacionais e chamaram a atenção da documentarista Emily Kassie. “Senti um puxão no meu intestino”, lembra Kassie. “Eu relatei atrocidades em massa em todo o mundo, mas nunca virei minha lente para o meu próprio país.” Kassie começou a procurar nas Primeiras Nações que estavam no processo de obter acesso a outros possíveis locais de sepultura. “Entrei em contato com meu velho amigo e colega Julian (nos sentamos um ao lado do outro em nossos primeiros trabalhos de reportagem). O que eu não sabia é a pesquisa que eu consegui acesso para seguir em St. A Missão de Joseph foi a escola onde a família de Julian frequentou e onde seu pai nasceu.”

A colaboração de Kassie com Julian Brave NoiseCat traria Sugarcane, um documentário que conta com o trauma intergeracional causado pelo sistema escolar residencial, um sistema repleto de abusos que separava as crianças indígenas de suas famílias e culturas. O filme estreou nos EUA. Competição de Documentários no Festival de Cinema de Sundance de 2024, onde Kassie e NoiseCat venceriam os EUA. Prêmio de Direção de Documentário. (siga o link e a leitura)

https://www.sundance.org/blogs/give-me-the-backstory-get-to-know-julian-brave-noisecat-and-emily-kassie-the-filmmakers-behind-sugarcane/

 

. Sobre a premiação em Sundance:

Julian Brave NoiseCat recebe o Prêmio de Direção de Sundance pelo Documentário “Sugarcane”

O ex-membro do Centro de Justiça Racial Julian Brave NoiseCat, juntamente com a codiretora Emily Kassie, recebeu o Prêmio de Direção dos Estados Unidos pelo Documentário Sugarcane no Festival de Cinema de Sundance de 2024. Sugarcane segue uma investigação lançada em 2021 sobre “rumores de abuso físico e sexual há muito circulantes e há muito negados” em St. Missão de Joseph perto de Williams Lake, Colúmbia Britânica, um internato indígena de propriedade católica que funcionou até 1981.

“64 anos atrás, meu pai nasceu em uma escola indiana e foi deixado no incinerador da escola”, disse NoiseCat ao aceitar o prêmio. “Mas ele sobreviveu e aqui estamos.” (siga o link e a leitura)

https://racialjustice.umich.edu/news/2024/julian-brave-noisecat-receives-sundance-directing-award-sugarcane-documentary

 

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