Destruição da Amazônia reduz etnia Akuntsu a apenas 3 mulheres

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As três últimas sobreviventes da etnia indígena Akuntsu vivem nas matas da terra indígena Rio Omerê, no sudeste de Rondônia

Metrópoles:

 atualizado 

Foto colorida das últimas mulheres Akuntsu - Metrópoles

Fotografia: Luciana Keller

A pressão ao longo de décadas de colonizadores e desmatadores reduziu uma das pouco mais de 300 etnias indígenas do Brasil a apenas três representantes. Três mulheres que, no coração da Amazônia, guardam a cultura, a memória e história da etnia Akuntsu, que ocupa a terra indígena Rio Omerê, no sudeste de Rondônia.

Apesar das leis feitas para proteger os povos indígenas, o Estado demorou demais para os Akuntsu, que, quase extintos, não têm o que celebrar no Dia dos Povos Indígenas, que foi na sexta-feira (19/4). As sobreviventes são consideradas indígenas de recente contato, não possuem o português como língua e estão inseridas no tronco linguístico Tupi.

O território delas passou por diversas ameaças num passado recente, em especial a entrada de não indígenas que tinham interesse em ocupar o território. É o que explica Luciana Keller, doutoranda em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e assessora indigenista do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), que realizou pesquisa sobre a etnia.

“Esse coletivo está habitando uma região no arco do desmatamento no sul de Rondônia. É uma região que sofreu muito com os com os projetos de colonização de desenvolvimento ao longo das décadas de 1970 e 1980”, explica a antropóloga.

A especialista destaca que a colonização do território ancestral foi o maior pivô para a morte do povo Akuntsu, mas conta que conflitos entre coletivos indígenas influenciaram no perecimento da população

As mulheres que sobreviveram são Pugapia, Aiga e Babawru. Não se sabe ao certo a idade delas, mas a estimativa é de que Pugapia tenha em torno de 60 anos, Aiga por volta de 50 anos e Babawru entre 35 e 39 anos.

Foto colorida das últimas mulheres Akuntsu - Metrópoles

Fotografia: Luciana Keller

Fotografia: Luciana Keller

Luciana relata que, seguindo a cultura dos Akuntsu, o nome de cada uma pode mudar em decorrência do tempo ou das experiências vividas. “Os nomes contam sobre um estado da pessoa, sobre um momento e ao longo da vida, dependendo da fase, muda o nome. Então Babawru, por exemplo, antes gostava de ser chamada de Canin, que significa criança na língua dos Kanoê”, exemplifica a antropóloga.

As mulheres Akuntsu conservam a ancestralidade por meio do contato com a fauna da Amazônia, em especial as aves. Essa relação harmoniosa com a natureza mantém vivos os conhecimentos transmitidos por gerações – até elas. “É encantador ver as atividades cotidianas girando ao redor dos cuidados com esses animais. Cada animalzinho é alimentado um por um. Elas mastigam um alimento e colocam na boquinha dele. Quando um deles fica doente assim elas ficam super triste”, relata a pesquisadora.

 Relação governamentalO Ministério da Saúde informou que acompanha com regularidade as mulheres Akuntsu, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), mas que há dificuldade de comunicação em decorrência da língua. A pasta completa que elas possuem o esquema vacinal completo e atualizado.

“Em escala de plantão permanente, um técnico de enfermagem fica à disposição durante os 30 dias do mês no posto de saúde localizado dentro da área indígena. Também é oferecido atendimento médico mensal, realizado por um clínico geral. O atendimento odontológico, psicológico e nutricional é semestral ou conforme a necessidade”, menciona o Ministério da Saúde.

Metrópoles entrou em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) sobre a situação atual das mulheres Akuntsu, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Leia a matéria na fonte:

https://www.metropoles.com/brasil/destruicao-da-amazonia-reduz-etnia-akuntsu-a-apenas-3-mulheres

 


Saiba mais puxando a rede IPOL:

. A última dança dos Akuntsu

https://www.survivalbrasil.org/povos/akuntsu

. Líder e último xamã de pequena tribo amazônica morre

7 junho 2016

. Akuntsu, os últimos de uma etnia

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Akuntsu

. Visite a página SURVIVALBRASIL.org

https://www.survivalbrasil.org/sobrenos#our-history

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