Pela memória política, contra o apagamento da história
O documentário “1964 – Um Golpe contra o Brasil” de Alipio Freire tomou lugar no último dia 2 de março, no Memorial da Resistência de São Paulo, às 14 horas. O filme é uma realização do Núcleo de Preservação da Memória Política e da TVT (TV dos Trabalhadores), apoiados pelo Memorial da Resistência de São Paulo e da Secretaria de Cultura. Esta obra é mais um marco da necessidade da preservação histórica contra o apagamento da memória brasileira do fatídico episódio da ditadura militar e todas as suas implicações.
Também vale a pena conferir a entrevista de Alipio Freire para a Revista Caros Amigos.
O bilinguísmo em Cabo Verde
O programa Conversa em Dia da Radiotelevisão Caboverdiana promoveu um debate sobre o bilinguismo em Cabo Verde, que tem como língua oficial o português – ensinada nas escolas e utilizada na administração pública, na imprensa e nas publicações; todavia tem como língua nacional o crioulo cabo-verdiano (criol, kriolu), que está em processo de normalização a fim de tornar-se oficial. Dentre os convidados do programa estão o professor Gilvan Oliveira, presidente do IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa), o escritor Germano Almeida e o professor Emanuel de Pina.
A Pomeranian Teleportation: ‘The Most German City In Brazil’ – Michael Palin em Pomerode
Em abril de 2012 uma equipe da rede televisiva BBC de Londres visitou Pomerode em Santa Catarina e registrou hábitos e costumes locais, herdados dos imigrantes que colonizaram a cidade a partir da segunda metade do século XIX. O apresentador, Michael Palin, famoso pela série de filmes cômicos Monty Python, destaca na matéria a forte presença alemã na localidade, manifestada na culinária, na dança, nos hábitos e na língua. Segundo a matéria, cerca de 90% da população do município seria falante de Pomerano. O local de origem de parte dos imigrantes que se estabeleceram na cidade seria a Pomerânia, região que não mais existe, tendo sido incorporada em parte pela Alemanha e em parte pela Polônia. Além de Pomerode, em vários municípios do Espírito Santo também houve imigração de grupos com procedência da Pomerânia e as características culturais e linguísticas são preservadas. Quanto à reportagem da BBC, passeando através da Rota do Enxaimel em um carro de mola e interagindo com o grupo folclórico Alpino Germânico de Pomerode e outros moradores, o apresentador comenta sobre as especificidades da cidade, que se diferenciam em muito daquilo que tradicionalmente se conhece como “Brasil” no exterior.
Atualmente, o Ipol atua na região de Pomerode através do Projeto Receitas da Imigração – Língua e Memória na Preservação da Arte Culinária que está desenvolvendo em uma publicação plurilíngue português / línguas de imigração (inclusive o pomerano) as receitas culinárias trazidas, modificadas e preparadas pelos descendentes de imigrantes na região. Com o apoio do IPHAN (PNPI/2011), além de Pomerode são contempladas pelo Projeto os municípios de Blumenau, Gaspar, Indaial e Timbó.
*Confira a reportagem da BBC aqui: http://www.bbc.co.uk/programmes/p010skv1
*Para saber mais sobre o Projeto Receitas da Imigração: http://receitasdaimigracao.blogspot.com.br/p/inicio.html
Documentário “Eu Tenho a Palavra”
Uma viagem linguística em busca das origens africanas da cultura brasileira. O antigo reino do Congo foi a origem da maioria dos africanos escravizados no Brasil, que, no cativeiro, criaram diversos dialetos para que pudessem se comunicar livremente. A “língua do negro da Costa” é um desses dialetos, ainda preservado na comunidade remanescente de quilombo de Tabatinga (Bom Despacho, MG). O idioma é composto por um português rural do Brasil-Colônia e línguas do grupo Banto, com predomínio do quimbundo e mbundo, faladas até hoje em Angola. Dois personagens – um falante da “língua do negro da Costa” e outro falante de quimbundo e mbundo – são os guias nessa viagem transoceânica de reconhecimento.
Uma nação, várias línguas
A colonização portuguesa deixou marcas profundas na história linguística do Brasil. Das 1.078 línguas indígenas faladas nos anos de 1.500, restam cerca de 180. A política monolíngue adotada pela Coroa, na qual a língua portuguesa deveria ser a única legítima nas terras tupiniquins, se perpetuou ao longo dos anos e deixou vestígio também nas línguas de imigração, africanas e de sinais. Com o objetivo de dar visibilidade à pluralidade linguística brasileira ainda existente e fomentar políticas voltadas para a manutenção dessas línguas, foi instituído o inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Publicado em dezembro pela presidência da República, o Decreto n° 7.387 prevê a criação de um sistema informatizado que abrigue a documentação das diversas línguas brasileiras.
Políticas Linguísticas no Brasil: o reconhecimento das línguas brasileiras e as demandas por ações articuladas e inovadoras
A implantação, pela primeira vez no Brasil, de uma política nacional de reconhecimento das línguas brasileiras através do Inventário Nacional da Diversidade Linguística, INDL (Decreto 7.387, de 09 de dezembro de 2010), aliada à crescente política de cooficialização de línguas por municípios em diferentes regiões do país – atualmente temos 09 línguas cooficiais em 11 municípios, sendo 5 indígenas e 4 de imigração, marcam um novo papel do Estado no trato de suas línguas e daqueles que as falam, e ao mesmo tempo suscita um salutar debate sobre os desafios que se colocam para a construção de políticas públicas participativas, que respeitem e promovam o direito às línguas em sua diversidade.
Considerando estes desafios, o texto A Carta de Maputo e as Políticas Linguísticas no Brasil. argumenta sobre a necessidade de se pensar iniciativas articuladas e de largo alcance, vindo a dialogar ativamente com todos os interessados em ações de promoção das línguas.
Leia o texto na íntegra: