Cabo Verde assinalou Dia da Língua Materna com aulas ministradas em crioulo

Na sexta-feira, 21 de fevereiro, foi comemorado o Dia Internacional da Língua Materna. Cabo Verde está a tentar reforçar e oficializar o ensino do crioulo nas escolas do país.

 O Dia Internacional da Língua Materna, 21 de fevereiro, foi assinalado este ano, em Cabo Verde, com aulas ministradas nos estabelecimentos do ensino básico e secundário em crioulo, a língua materna do país, embora ainda não seja oficializada, segundo a agência Panapress.

O pontapé de saída para tornar o crioulo oficial foi dado a nível político quando a Constituição da República, no nº 2 do seu artigo 9º, atribui ao Estado competência para promover as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana em paridade com a língua portuguesa. Daí que a promoção da aprendizagem das línguas estrangeiras no ensino e a valorização da língua nacional (crioulo) sejam um dos objetivos preconizados no programa do Governo na VIII Legislatura (2011-2016).

Em concomitância, estão sendo tomadas medidas no sentido de fazer com que o país caminhe, progressivamente, para um bilinguismo assumido, com a introdução progressiva da língua materna cabo-verdiana no sistema do ensino, paralelamente ao português. Neste sentido, a implementação de um projeto bilíngue de aprendizagem em língua portuguesa e em crioulo cabo-verdiano constitui uma das novidades do ano letivo 2013-2014. De acordo com o Ministério da Educação e Desporto (MED), trata-se de um projeto inovador que pretende introduzir a língua materna cabo-verdiana no sistema educativo e melhorar também a aprendizagem da língua portuguesa.

O programa começou a ser implementado em duas escolas básicas do país, sendo uma na Praia, no polo número três de Ponta de Água, e a outra no município de São Miguel, no interior da ilha de Santiago, no polo três de Flamengos. Para arrancar com esta experiência, o MED está a formar professores de modo a contribuir para a promoção e valorização de um corpo docente e agentes educativos com capacidade para materializar o ensino bilíngue em todas as escolas do país ao longo dos próximos seis anos.

Em declarações à imprensa, por ocasião da efeméride, a diretora nacional da Educação, Margarida Santos, disse que os resultados do projeto denominado “se ca fila tudo ta fila um ponta” (se não der tudo, vai melhorar uma parte) está a “encorajar” o MED a continuar. “O projeto está a correr bem, na medida em que é uma primeira experiência que se está a fazer em Cabo Verde e é a primeira incursão dos professores na alfabetização em língua materna”, regozijou-se Margarida Santos. Sublinhou que os resultados mostram um desempenho muito bom dos alunos, seja em língua materna, seja em língua portuguesa.

Esclareceu, entretanto, que só no final do ano, quando sair o estudo comparativo que se está a fazer, é que o MED vai ter a resposta se em que escolas e em quantas turmas mais poderá ser implementado o ensino bilíngue. A educação bilíngue em língua cabo-verdiana e portuguesa já vem sendo implementada, com relativo sucesso, há alguns anos em Portugal, envolvendo alunos filhos de imigrantes cabo-verdianos que enfrentam dificuldades na aprendizagem devido à barreira linguística.

Também nos Estados Unidos, a educação bilíngue, crioulo/inglês, introduzida há já vários anos, consiste essencialmente em permitir aos alunos filhos de imigrantes recentes aprender, na sua própria  língua de origem, matérias que constituem os programas de ensino em vigor nas diferentes zonas ou Estados do país acolhedor. Simultaneamente, eles vão aprendendo a língua do país de acolhimento, com as respetivas componentes culturais.

Fonte: Portugal digital.

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