FLIP Online tem Margaret Atwood, Eliane Brum, Conceição Evaristo e mais!
Evento se inspirou na capacidade de regeneração e colaboração da natureza para criar uma programação poderosa, capaz de imaginar novos futuros
É tempo de reconexão, após quase dois anos em que a humanidade foi obrigada a se isolar por conta da pandemia de Covid-19. Por isso, a FLIP Online foi buscar na natureza e sua capacidade de regeneração a inspiração para os debates da 19ª edição, que acontece entre os dias 27 de novembro e 5 de dezembro.
Pensar em um novo futuro, com mais responsabilidade ambiental, é o objetivo da festa literária este ano. Para dar conta dessa missão, pela primeira vez o evento contou com um coletivo de curadores. Cinco pessoas das mais diversas áreas uniram suas expertises para estimular reflexões profundas no público e entre os participantes.
Hermano Vianna é antropólogo e o coordenador desse time poderoso. Juntam-se a ele Anna Dantes, colaboradora da Escola Viva Huni Kuin e uma das fundadoras do Selvagem – Ciclo de estudos sobre a vida; Evando Nascimento, escritor e filósofo, pioneiro na reflexão sobre literatura e plantas no Brasil; João Paulo Lima Barreto, antropólogo do povo Tukano, do Alto Rio Negro, fundador do Centro de Medicina Indígena em Manaus; e Pedro Meira Monteiro, professor da Princeton University e um dos fundadores da oficina Poéticas Amazônicas, no Brazil LAB da Universidade.
A programação foi norteada pela ideia de Nhe’éry, que é como o povo Guarani se refere à Mata Atlântica. Isso porque, de acordo com o cineasta e liderança do povo Guarani Mbya, Carlos Papá, essa expressão significa “onde as almas se banham”. Além disso, Nhe’éry é a capacidade de conduzir mensagens por meio de fios de palavras.
Durante a Flip Online, os espectadores podem assistir as 19 mesas pelo YouTube oficial do evento. Para quem não quiser perder nadinha, basta escolher os debates da sua preferência e ativar o sininho. Confira a programação completa aqui.
Um dos destaques é o bate-papo “Folhas e verbos”, no dia 28, às 18h, com a escritora da Costa do Marfim Véronique Tadjo e o poeta brasileiro Edimilson de Almeida Pereira. Enquanto ela escreveu o romance “Na companhia dos homens”, ainda não publicado no Brasil, sobre o auge da pandemia de Ebola na África Ocidental, em que um baobá assiste a tudo, impassível; ele explora muito as árvores em seus poemas, sempre carregados de uma sabedoria ligada ao candomblé e suas conexões ancestrais com o mundo vegetal.
No dia 1º de dezembro, às 18h, a mesa “Fios de palavras” reúne dois escritores e uma artista interessados em refletir sobre plantas e criar obras com temática ambiental. Leonardo Froés mora em um sítio na região de Petrópolis, cultivando várias espécies e abordando esse universo na sua poesia. A poeta Júlia de Carvalho Hansen também evoca a natureza em seus trabalhos, como nos livros “Romã” e “Seiva veneno ou fruto”.
Já a artista plástica e poetisa chilena Cecilia Vicuña usa a arte como uma plataforma de luta, tanto para a defesa aos direitos humanos quanto para a denúncia da destruição ambiental. A proposta do encontro é deixar de lado o antropocentrismo para pensar no mundo natural como o centro de tudo.
Mais tarde no dia 1º, às 20h, Margaret Atwood, autora canadense de “O conto da aia”, e Antonio Nobre, cientista responsável por alguns dos principais estudos sobre as ameaças contra as florestas brasileiras, participam da mesa “Utopia e distopia”. A dupla discute a respeito dos ensinamentos das plantas para garantir que o o mundo não se torne um local distópico.
A iminente catástrofe climática é o tema da conversa “Políticas vegetais”, com o escritor de ficção científica norte-americano Stanley Robinson, de “The ministry for the future” (o “livro da década” segundo o músico/pensador Brian Eno) – obra que se tornou referência para quem discute política ambiental -, e a jornalista Eliane Brun, que acaba de publicar “Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, um relato sobre a tragédia climática em curso na Amazônia. Confira tudo no dia 2, às 20h.
Na FLIP Online também acontece estreia de filme. A cantora, compositora e poeta Iara Rennó lança “Transflorestar – Ato I” no dia 4, às 16h. Trata-se da união entre videoarte (assinada por Mary Gathis), música, poesia, artes visuais e corpo. A artista dirigiu, escreveu o roteiro e atuou na obra que propõe uma nova visão de mundo, centrada na floresta e negando o pensamento antro-falo-eurocentrismo.
Prepare-se para um encontro histórico entre a escritora norte-americana Alice Walker, de “A Cor púrpura”, que recentemente publicou “Em busca dos jardins de nossas mães: Prosa mulherista”, e Conceição Evaristo, considerada uma das mais importantes vozes da literatura brasileira contemporânea e grande fã de Walker. As duas aproveitam a oportunidade para debater literatura, política e jardins na mesa “Em busca do jardim”.
O evento virtual também homenageia pensadores 9as), conhecedore(a)s e mestre(a)s indígenas que foram vítimas da Covid-19. Nomes como Zé Yté, Sibé Feliciano Lana, Higino Tenório, Maria de Lurdes Brandão, Meriná, Alípio Xinuli Irantxe e Domingos Venite mostraram que os seres humanos e a natureza são capazes de habitar o mesmo espaço. A sabedoria deles – e de tantas outras lideranças – estabeleceu uma conversa constante com a mata.
Essa homenagem pode ser vista por meio de cinco encontros em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP. Clique aqui para assistir.
Via Catraca Livre
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