Revitalização de Línguas

II Seminário Internacional Viva Língua Viva é sediado na UFPA com participação de 29 etnias indígenas

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

O II Seminário Internacional Viva Língua Viva ocorreu na Universidade Federal do Pará (UFPA), de 22 a 25 de novembro, em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a Associação Brasileira de Linguística (Abralin). O evento teve como tema “Revitalização de Línguas: Por que e como fazer?” e também aludiu à Década Internacional das Línguas Indígenas (IDIL 2022-2023), proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de chamar a atenção mundial sobre a situação crítica de muitas línguas indígenas e mobilizar recursos para a sua preservação, revitalização e divulgação.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

A abertura do seminário teve a participação do reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; do prefeito de Belém em exercício, Edilson Moura; da presidente da Abralin, Adelaide Silva; da diretora do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da UFPA, professora Tânia Sarmento-Pantoja; do linguista e diretor da área de Ciências Humanas do MPEG, Hein van der Voort; da diretora da área de Linguística e Literatura da Capes e diretora de pesquisa da UFPA, professora Germana Sales; da coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UFPA, professora Ivânia Neves; e da presidente da comissão organizadora do evento, professora Ana Vilaci Galúcio.

Também participaram da abertura a pró-reitora de Ensino de Graduação da UFPA, professora da área de Linguística Marília Ferreira; a diretora geral da Secretaria Municipal de Educação (Semec), professora Araceli Lemos; bem como a ouvidora do município de Belém e doutoranda da UFPA Márcia Kambeba, que realizou um canto de saudação inicial, em língua indígena, para celebrar o encontro com os parentes.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

 

Na sequência, a mestranda Veraneize dos Anjos, da etnia Arapium, representando os indígenas da região do Baixo Tapajós, abordou o tema “Por que e como fazer a preservação da língua Nhengatu”, conhecida como língua geral amazônica ou tupi moderno, pertencente à família tupi-guarani, sendo então derivada do tronco tupi.

O evento teve a participação de indígenas representantes de 29 etnias de todo o Brasil, entre as quais, os Terena, Kaingang, Apalai, Baniwa, Tembé, Rikbaktsa, Manoki, Galibi, Kali’na, Apurinã, Macuxi, Tapirapé, Galibi-Marworno, Ãwa Ikpeng, Kokama, Karajá, Xakriabá, Puroborá, Kadiweu, Puri, Karipuna, Sakuarabiat, Awa, Guajá, Mÿky. Entre estudantes de graduação, pós-graduação e também docentes em Instituições de Ensino Superior, os indígenas participaram como público, oficineiros(as) e ministrantes do seminário.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

Celebração – A coordenadora do evento, Ana Vilaci Galúcio, iniciou os pronunciamentos de abertura do evento afirmando que a razão de ser do seminário, em sua segunda edição, é justamente a celebração da língua dos povos originários. Ela recordou que o primeiro seminário foi realizado no Rio de Janeiro, em 2019, e destacou o quão é importante que, desta vez, o evento esteja sendo sediado na Amazônia, em Belém. “Estamos aqui para aprender e trocar experiências sobre a revitalização das línguas indígenas, somando esforços à década em que refletimos, no mundo, sobre o tema ‘Nada para nós sem nós’. Que possamos estar na linha de frente para reverter silenciamentos”, afirmou.

A professora Ivânia Neves, representando o PPGL UFPA, pontuou que a realização de um evento como o Viva a Língua Viva era inimaginável há alguns anos e que o seminário vem ressaltar a importância da universidade pública para o resgate da história e do protagonismo indígena no país. Para ela, o fato de hoje existirem alunos e professores indígenas em uma universidade é, por si só, uma revolução e, ao mesmo tempo, uma dívida. “Antes da colonização, Belém era território Tupinambá, terra de Maíra, do povo Maíri, do rio Guamá”, lembrou.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

A coordenadora da área de Linguística e Literatura da Capes, Germana Sales, abordou a mitificação dos povos indígenas na literatura mundial, sendo de extrema importância recuperar, sem nuances, o lugar que é a eles devido na história da colonização, tendo sido historicamente silenciados pela barbárie, a escravidão e o genocídio. Na mesma linha de pensamento, o linguista representante do Museu Goeldi, Hein van der Voort, lembrou que, como consequência disso, muitas línguas indígenas encontram-se em risco de extinção, o que significa que seus falantes, da mesma forma, permanecem ameaçados, sendo, portanto, importante resistir.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

Resistência – A resistência foi o cerne da fala da diretora do ILC UFPA, Tânia Sarmento, para quem o evento é extremamente necessário para a reparação histórica do que têm passado os povos originários no Brasil, sendo a produção científica sobre suas línguas uma das formas de manter viva as suas culturas e identidades. A presidente da Abralin, Adelaide Silva, concordou em dizer que um dos fatores pelos quais a Associação apoia a realização do evento é o de devolver o protagonismo da pesquisa na área aos próprios povos e falantes das línguas indígenas.

O prefeito em exercício de Belém, Edilson Moura, afirmou que a preservação das línguas indígenas é muito importante para preservar a própria cultura que resulta na diversidade sociocultural amazônica, tendo sido a UFPA uma das instituições que vêm permanentemente se esforçando, ainda que em contexto nacional de muitas dificuldades e negacionismos, para manter a ciência em movimento.

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Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

Diversidade – Para o reitor Emmanuel Tourinho, essa tarefa somente é possível por meio de parcerias como a estabelecida com o MPEG e a Abralin para a realização do seminário. Atualmente, por intermédio da política de reserva de vagas, a UFPA possui ativos cerca de 500 estudantes indígenas, além de mais de três mil alunos(as) quilombolas, bem como ribeirinhos(as) e oriundos de comunidades extrativistas, além de migrantes como os da etnia Warao, venezuelanos, aprovados por meio de processos seletivos especiais.

“Temos somado esforços para acolher, na instituição, a diversidade dos povos da Amazônia, na expectativa de que, cada vez mais, a UFPA tenha a cara da nossa sociedade. Somente um ambiente intelectual diverso pode oferecer debates que levem a soluções para os grandes desafios da região amazônica. Ouvir os povos originários é fundamental para uma universidade comprometida com o futuro da Amazônia”, afirmou.

Programação – O II Seminário Internacional Viva Língua Viva seguiu até sexta, 25 de novembro, com atividades realizadas em diversos espaços do Campus UFPA – Guamá. O evento contou com conferências, mesas-redondas, rodas de conversa, oficinas, sessões de comunicações e sessões de pôster, programações culturais, entre outras. A programação completa está disponível no site do evento: https://viva.abralin.org/eventos/viva-lingua-viva-22/.

 

FONTE: Ascom UFPA

IPOL Pesquisa

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