Reconhecimento de línguas é reivindicado por povos indígenas no Chile

No último dia 21 de fevereiro, a Rede pelos Direitos Educativos e Linguísticos dos povos indígenas (Rede EIB) convocou várias organizações para uma grande comemoração do Dia Mundial da Língua Materna, embora no Chile este dia também seja considerado o Dia Internacional das Línguas Indígenas, um dia dedicado à promoção das línguas nativas.

Marchas, concentrações, fórum e outras manifestações estabeleceram uma defesa das comunidades originárias no Chile e propuseram, entre outros desafios, a aprovação de uma Lei de Direitos Linguísticos dos Povos Indígenas, o que resultaria no reconhecimento das línguas indígenas como nacionais e oficiais em cada território, a fim de promover a proliferação de espaços de ensino-aprendizagem das línguas originárias.

A Rede pelos Direitos Educativos e Linguísticos dos povos indígenas do Chile considera que existe uma deterioração alarmante no uso e transmissão das línguas indígenas.

Em Santiago, a Rede EIB divulgou uma declaração pública onde resumia o atual estado das línguas indígenas no país e pedia ao governo pela tomada de medidas concretas para preservação destas línguas. A Rede EIB indicou que o Chile tinha originalmente oito línguas indígenas faladas, mas esse número foi reduzido para quatro e nenhuma destas são faladas por mais que um terço de suas respectivas populações. A declaração ainda afirmava que uma ação se faz necessária para inverter a situação.

“É necessário voltar a utilizar as línguas: pedir às idosas e idosos que ensinem às meninas e meninos, pressionar o Estado chileno para que cumpra com as obrigações contraídas na assinatura de acordos internacionais que velam pelos direitos dos povos indígenas e suas línguas”, afirmou a organização.

Especificamente, a Rede EIB sugeriu três políticas. 1) que o currículo nacional restabelecesse as unidades de educação indígena que costumavam ser encontradas nas aulas de história, geografia e ciências sociais, mas foram cortadas no início deste ano. 2) o fortalecimento dos direitos das línguas indígenas sob a legislação chilena, que pode incluir a criação de um “Instituto Nacional das Línguas Indígenas”. 3) incluir programas de educação intercultural – incluindo educação bilíngue – em todo o país.

Na região da Araucanía, houve marchas e várias declarações públicas requerendo que o governo tornasse o Mapuzungun (idioma falado pelo povo Mapuche e a língua mais falada no Chile depois do espanhol) uma língua oficial na região. Por sua vez, membros da organização Mapuche Kolectivo We Newen, enviou cartas para os líderes do governo local pedindo que, se a mudança ocorrer, os nomes de certos territórios sejam escritos também em Mapuzungun. Em Temuco, maior cidade da Araucanía, uma marcha pacífica foi organizada em suporte à causa.

Em outras partes do Chile, grandes celebrações foram organizadas pelo Dia Internacional da Língua Materna. Em Osorno, na praça principal aconteceu uma celebração de duas horas durante a tarde que incluiu música e leitura de poesias em línguas indígenas. As celebrações também foram um espaço para educar os membros da comunidade sobre as línguas indígenas e oferecer uma oportunidade para a juventude indígena ouvir as línguas de seus ancestrais. Comemorações semelhantes aconteceram em outras comunidades Mapuche, assim como em comunidades Aymara, Quechua e Rapa Nui, por todo o país.

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