Primeiro, pensa em português. Depois, fala em búlgaro. Qual é a língua materna dos filhos dos imigrantes?

Comemora-se esta quinta-feira o Dia Internacional da Língua Materna. Instituído pela UNESCO em 1999, este dia é uma forma de celebrar e preservar a diversidade linguística. O repórter Miguel Videira foi à descoberta da família Venev, onde as línguas portuguesa e búlgara convivem diariamente.

Foto: Gerardo Santos / Global Imagens

É alto, de olhos azuis e estrutura forte. Chegou a Portugal há 18 anos, sem conhecer o país nem a língua. Hoje, com 43 anos, há até algumas palavras em búlgaro que já não habitam na ponta da sua língua.

Apesar de tudo, Svetlomir Venev conta que a adaptação ao novo país, quando decidiu deixar a Bulgária, não foi fácil.

“Foi um bocadinho difícil. Eu conseguia perceber o que os meus colegas estavam a dizer, mas não conseguia responder”, recorda.

Já para o filho Slavi, que tinha 5 anos quando a família Venev se mudou, a “aprendizagem foi mais rápida”. Entrou para a escola já em Portugal, onde encontrou pessoas “predispostas a ensinar o português”.

Agora, diz que fala “melhor português do que búlgaro”. Pensa em português e considera que esta é, na prática, a sua língua materna, apesar de ter tido primeiro contacto com o búlgaro.

A família fala maioritariamente em português, mas, entre quatro paredes, as duas línguas e as duas culturas convivem todos os dias

“Temos um canal búlgaro no pacote de televisão”, conta Svetlomir. “Eu gosto de ver as notícias, saber o que se passa no nosso país.”

Para o pai, é importante que Slavi e a irmã mantenham a ligação com a língua búlgara. “Gostava que eles soubessem bem a nossa língua e soubessem escrevê-la, porque um dia podem precisar de ir para lá – e assinar algum papel ou contrato – e têm de saber o que estão a fazer”, diz.

Mas se Slavi concorda que saber melhor a língua é uma vantagem, que até o torna “mais recetivo a diferenças culturais”, quanto à ideia de mudar-se para a Bulgária, a conversa já é outra. “Em Portugal, tenho a praia a dois minutos. Na Bulgária, tenho a praia a 600 quilómetros…”, sorri.

Fonte: TSF

 

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