Preservação do ‘nosso alemão’ na literatura
A intenção do projeto é que as novas gerações possam estudar esse idioma e ver o modo de escrever adaptado à realidade das colônias da América Latina.
Quem é de origem alemã está acostumado a ouvir e conversar em alemão dentro de casa. Mas com o tempo esse hábito de utilizar a segunda língua mais falada no Brasil está se perdendo. Foi justamente com esse propósito que a Sociedade Internacional de Linguística nomeou, em 2004, um grupo para realizar um projeto com intuito de preservar o ‘nosso alemão’ conhecido por Hunsrik – Platt Taytx.
O projeto tem a participação da escritora venâncio-airense, Solange Maria Hamester Johann, de 60 anos. Ela também foi a homenageada da 18ª Feira do Livro de Venâncio Aires. Solange mora há 40 anos fora do município, mas o carinho pela cidade natal não diminuiu.
Durante sua passagem pela Capital do Chimarrão, conversou com a Folha do Mate e contou um pouco das experiências que já conquistou a partir do momento que aceitou a proposta de preservação do ‘nosso alemão’. ‘A sociedade se preocupa com as línguas que não tem escrita devido a extinção’, comenta.
A intenção do projeto é que as novas gerações possam estudar esse idioma e ver o modo de escrever adaptado à realidade das colônias da América Latina.
Conforme Solange, para muitas pessoas o hunsrik é a primeira língua aprendida em casa e falada por pais e avós. Mas quando chegam à escola, aprendem o português, deixando de lado o costume. Você deve estar pensando que não sabe como se escreve muitas das coisas que são faladas na língua, mas ao ler a primeira frase do livro é possível entender. Foi com essa preocupação que ela traduziu literaturas famosas, como ‘O pequeno príncipe’ para o Hunsrik – Platt Taytx para que avós pudessem ler aos seus netos para que esse hábito não se perdesse. Além dessa obra, ela também possui uma versão das histórias infantis clássicas traduzidas para o alemão.
Atualmente ela trabalha em um projeto em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil para traduzir os textos bíblicos para o alemão. ‘É para muitas pessoas receberem a palavra de Deus na sua língua do coração’, diz, emocionada.
Solange recorda que ouviu muitos depoimentos de pessoas que ficaram emocionadas ao ouvir uma missa ministrada em Hunsrik. Com essa tradução, ela conta que é possível incentivar a leitura em muitos países e localidades que ainda preservam essa língua.
Você sabia?
A cidade de Santa Maria do Herval, localidade que Solange Maria Hamester Johann reside atualmente, publicou um decreto municipal em 2009 que permite que a cidade fale 50% em hunsrik em salas de aula, até a 4ª série.
Fonte: Folha do Mate
Deixe uma resposta
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.