Pesquisadores da UFU lançam dicionário que explica significados de termos de origem indígena utilizados no Triângulo Mineiro
Ipê, Paranaíba e Uberaba são nomes que constam no estudo que teve início em 1999.
Ipê, Paranaíba e Uberaba são um dos termos indígenas presentes no dia a dia de quem vive no Triângulo Mineiro. Para saber o significado dessas nomenclaturas de origem tupi, pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) lançaram um dicionário com origens, significados e aspectos histórico-culturais desses nomes.
O livro “Toponímia Tupi da região de Uberlândia no Triângulo Mineiro” foi lançado em abril deste ano e traz centenas de nomes de cachoeiras, rios, ruas, bairros e lugares presentes em Uberlândia e cidades do Triângulo Mineiro com origem tupi e seus respectivos significados.
O pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Benedito Prezia, iniciou os estudos em 1999 tendo como parceiras a doutoranda em Estudos Literários pela UFU e pesquisadora de linguística indígena, Juliana Schroden, e a cientista social e coordenadora do Museu do Índio da UFU, Lídia Maria Meirelles.
“Muitas pessoas procuram o Museu do Índio para saber significados de nomes indígenas. Pensando nisso, eu e Juliana, que na época trabalhava como estagiária no museu, tivemos a ideia de catalogar e descobrir o significado dos nomes com origem tupi na cidade e região. Como o Benedito é um pesquisador na área, também contamos com ele para tirar dúvidas e publicar o livro”, explicou Lídia.
Tradução de alguns nomes com origem Tupi presentes no Triângulo Mineiro
Nome | Significado |
Araporã | Lugar de dias bonitos |
Iturama | Região de cachoeiras |
Paranaíba | Rio impraticável ou com pouco peixe |
Uberaba | Rio brilhante |
Ipê | Árvore de casca grossa |
História
A pesquisadora Lídia Meirelles explica que os nomes de origem tupi chegaram aqui pela tentativa dos europeus de padronizar a língua indígena a partir do contato inicial com essas populações.
“Os jesuítas aprenderam a língua tupi, criaram gramáticas que generalizaram esse idioma como se todos os povos indígenas no Brasil falassem essa língua”, disse.
Lídia contou, ainda, que quando os portugueses chegaram ao Brasil, as regiões da costa já se encontravam ocupadas por índios. O contato se deu com povos que falavam línguas da família tupi-guarani.
“Através do entendimento desses dialetos pelos jesuítas e outros europeus, a língua foi generalizada como sendo aquela falada por todos os índios brasileiros. É por isso que, quando bandeirantes paulistas ‘desbravaram’ a capitania de Minas Gerais e outras, deixaram para trás cidades, rios e marcos naturais com nomes originários de dialetos de povos que não viviam por aqui”, comentou.
O tupi foi a língua mais falada no Brasil até o século XVIII. Em 1758, foi legalmente proibido de ser utilizado em estabelecimentos de ensino e em órgãos públicos. Mais de dois séculos foram suficientes para o português incorporar várias palavras do tupi, principalmente as designativas de elementos do universo indígena.
Museu do índio
O Museu do Índio tem como missão colecionar, proteger, interpretar e difundir bens culturais indígenas, buscando o diálogo com a comunidade. De acordo com a UFU, ele foi criado em 1987.
O acervo é composto por cerca de 2.500 objetos das categorias cerâmica, plumária, trançados, armas, indumentária, artefatos mágicos e lúdicos. A cada ano, é visitado por aproximadamente 13 mil alunos e professores do ensino fundamental e médio, além de outras 1.500 pessoas, em média, do público espontâneo.
O museu é aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30. Visitas de grupos neste horário ou em outros períodos devem ser agendadas. O telefone de contato é (34) 3236-3707.
Fonte: G1 Triângulo Mineiro
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