Jornais em alemão ajudaram comunidades a se firmar no Brasil

Por  Júlia Dias Carneiro  / DW – Deutsche Welle

Periódicos foram principal fonte de informação de comunidades alemãs entre os anos 1860 e 1940, ajudando-as a se situarem e se consolidarem no Brasil. Política de nacionalização, durante a era Vargas, selaria o seu fim.

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O “Colonie-Zeitung”, ou “Jornal da colônia”, circulou nos municípios catarinenses de Blumenau e Dona Francisca  (Foto: Laboratório de Estudos da Memória Multilíngue Brasileira)

 

Em 24 de março de 1883, o jornal Germania, periódico em língua alemã editado em São Paulo, publicou na página 3 uma lista intitulada “Dez mandamentos para emigrante”, com conselhos para os alemães que chegavam ao Brasil ano a ano.

Os preceitos incluíam: “Você deve suportar com paciência os primeiros revezes e dificuldades”; “Você deve manter os olhos bem abertos para não ser enganado por falsos amigos”; “Você não deve permanecer muito tempo na cidade, mas seguir rapidamente para o campo para trabalhar”; e “Você deve fazer o máximo possível para aprender a língua do país”.

À medida em que comunidades germânicas foram se estabelecendo no país, jornais em língua alemã foram sendo criados como suas principais fontes de informação – trazendo orientações para os imigrantes recém-chegados, como nos mandamentos acima, ou sobre as regras e burocracias nacionais, e também indo muito além disso, cobrindo as principais notícias nacionais e internacionais para seus leitores.

Levantamentos estimam que 250 títulos de jornais em alemão foram publicados no Brasil entre 1852 e 1941, produzindo 1,3 milhão de páginas em grande formato – daqueles jornalões de ler com os braços bem esticados, com textos palavrosos e letras miúdas, de início sem fotos, com poucas ilustrações e por vezes em tipografia gótica.

Alemães no Brasil: o início de uma migração em massa

 Professor de língua e literatura alemã na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Soethe afirma que esses jornais tiveram números e tiragens muito significativos e são uma fonte de pesquisa essencial sobre o passado das colônias alemãs no Brasil até 1941 – quando Getúlio Vargas proibiu jornais em língua estrangeira no país, interrompendo o ciclo mais rico dessa imprensa.
“Esses periódicos são um grande espelho da vida das comunidades alemãs nesse período, permitindo acompanhar os debates que ocorriam e ter uma visão bastante detalhada do dia a dia”, explica Soethe.

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