Há 44 mil alunos a aprender português no Senegal
É a primeira língua de dezenas de milhões de alunos mas só 11 países a têm nos currículos oficiais como segunda ou terceira, abrangendo 80 mil estudantes
Por Pedro Sousa Tavares
“Esta é uma relação que tem muitos antecedentes”, diz ao DN Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões. O português, lembra, está nos currículos desde 1960, ano em que o país ganhou a independência e passou a ser liderado pelo político e escritor Léopold Sedar Senghor, cujo apelido paterno deriva da palavra portuguesa: “Senhor”. “Durante muito tempo, a figura de Senghor foi protetora e tutelar da luta contra o domínio colonial, a par do [angolano] Agostinho Neto. Essas duas figuras contribuíam para essa presença, ainda hoje, de uma massa tão grande de interessados no Português, que depois tem também uma expressão na universidade, onde se formam os professores que nas 14 regiões ensinam a língua.
Há outros antecedentes históricos. Os portugueses foram os primeiros estrangeiros a chegar ao local, em meados do século XV. A Sul, junto à fronteira com a Guiné-Bissau, existe o enclave de Casamansa – assim batizada pelo navegador Dinis Dias, que a descobriu em 1455 -, que chegou a estar integrada em território nacional e onde ainda é falado um dialeto com origem no Português.
Curiosamente, conta Ana Paula Laborinho, “nem sequer é aí que está a maioria” dos alunos que aprendem a língua. Ainda que seja aí que a cooperação portuguesa “está a apostar”, nomeadamente através da abertura, em 2015, de um Centro de Língua Portuguesa na Universidade de Ziguinchor.
Quanto ao resto do país, embora a cooperação nacional esteja presente, a oferta do Português já está autonomizada há muito tempo, existindo um programa nacional para a disciplina. “Os professores que saem das universidades do Senegal já estão bem preparados”, diz. “O trabalho que fazemos com m eles é diferente do que acontece com outros países”.
Um mapa-mundo da língua
A oferta do ensino da Língua Portuguesa não se esgota, naturalmente, nestes países que a decidiram englobar nos seus currículos, e aos quais se deverão juntar em breve a Alemanha e a França.
Só na rede em que o Instituto Camões tem alguma participação existem perto de 160 mil estudantes, a maioria dos quais no ensino superior. E diversas países têm ofertas autonomizadas da língua, quer no básico e secundário quer no superior. Apenas a China – revela o Atlas da Língua Portuguesa, que será publicado na próxima semana (ver caixa), tem cerca de 30 universidades que oferecem a língua aos seus alunos.
O ensino do Português está também disponível na generalidade dos países europeus, através de ofertas públicas e privadas dirigidas à comunidade lusófona – só em França há mais de 10 mil alunos – e das secções portuguesas das Escolas Europeias (da Comissão Europeia), com 600 alunos. A Rede de escolas do Ministério da Educação no estrangeiro ensina o currículo português em todos os países da CPLP, à exceção do Brasil – está prevista a abertura de uma escola em São Paulo – e da Guiné Equatorial, abrangendo 6500 alunos. Em Timor, 7000 aprendem ainda nos centros de aprendizagem e formação escolar.
Onde se aprende como segunda língua
Existe ensino do Português em praticamente todo o mundo. Mas há apenas 11 países (nos Estados Unidos apenas nos estados do Massachusettse de Rhode Island) em que todos os alunos do secundário podem optar pela disciplina.
Senegal 44 000
Espanha 23 018
EUA 10 074
Namíbia 1 919
Bulgária 805
Polónia 150
Roménia 167
Hungria 90
República Checa 45
Croácia 30
Noruega Sem informação
Fonte: Diário de Notícias Portugal