PET Letras, UFSM, lança Dicionário Compartilhado de Língua de Fronteira

fronte

Texto: Paola Brum, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias

Edição: Ricardo Bonfanti

Na fronteira gaúcha, região de divisa entre Brasil e Argentina, as pessoas falam diferente. A língua naquela região possui muita influência do espanhol, o que originou expressões como “bem capaz”, “cusco”, “eito”, entre outras, bastante usuais, porém, não encontradas nos dicionários de língua portuguesa.

Para que os moradores de outras regiões possam compreender o significado destas palavras, o grupo do Programa de Educação Tutorial (PET) Letras da UFSM criou o Dicionário Compartilhado de Língua da Fronteira. Elaborado por estudantes de escolas de Itaqui, o Dicionário foi lançado em junho.

A produção do Dicionário Compartilhado de Língua de Fronteira foi proposta pelo Grupo PET do curso de Letras, que, para isso, firmou parceria com o Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), coordenado pela professora Eliana Sturza, em 2014.

No título, “compartilhado” se refere à construção feita entre vários autores, que são crianças e jovens estudantes das escolas Otávio Silveira e Vicente Solés, de Itaqui, na fronteira entre Brasil e Argentina. E “de língua da fronteira” porque reúne os verbetes originados do dialeto que se fala naquela região e, com influência de dois idiomas.

A proposta do trabalho foi reunir os estudantes para pensar sobre essa linguagem falada na fronteira e que constitui sentidos. “É provocá-los a refletir sobre a língua que faz deles o que eles realmente são. A língua da fronteira é a língua portuguesa do Brasil, mas também é outra, é regional do Rio Grande do Sul e é atravessada pelo espanhol falado do outro lado do rio”, explica a tutora do PET Letras, professora Verli Petri.

Os dicionários – um de cada escola – não têm o objetivo de dar conta da totalidade da língua, bem como não correspondem às expectativas formais de um dicionário elaborado por especialistas. Foram elaborados pelos estudantes itaquienses, sob a orientação de integrantes do grupo PET Letras, supervisionados pela professora-tutora. Além disso, contaram com a colaboração dos professores de línguas portuguesa e espanhola das escolas.

O projeto objetivou levar os alunos a refletirem sobre a sua própria língua, a condição de fronteiriço, a formação de uma identidade linguística e cultural diferenciada. “Acreditamos que esse trabalho contribui para a formação de sujeitos que falam a língua, que pensam sobre ela e que vão construindo sua cidadania com orgulho de ser um ‘sujeito da fronteira’”, comenta Verli.

O lançamento, em junho, foi seguido de sessão de autógrafos na Escola Pão dos Pobres, em Santa Maria, local onde o PET Letras realiza outro projeto. Na sequência, os alunos das escolas de Itaqui, autores dos verbetes, que estiveram presentes, foram levados para um passeio pela Universidade. À tarde, o lançamento aconteceu no miniauditório do PPG Letras. Na ocasião, os autores apresentaram um pouco dos seus verbetes.

Os dicionários não estão disponíveis, pois esta é uma edição limitada. Há um projeto para que sejam transformados em e-book ainda neste ano.

Confira a cobertura do lançamento feita pela TV Campus:

 Fonte: Notícias UFSM

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