Documentos e Leis

Demanda reprimida

Cresce o interesse pelo estudo de “línguas estrangeiras minoritárias” nas redes públicas, mas a oferta de cursos ainda é incipiente

 

Apesar de termos sempre presente a explicação de a unidade nacional em um território tão grande ser tributária da unidade linguística, o Brasil é portador de considerável diversidade também neste campo. Estima-se que pelo menos 35 línguas sejam faladas por imigrantes e descendentes dentro do território, além de outros 180 idiomas
indígenas remanescentes.

 Essa variedade linguística tem reflexos no âmbito da educação pública. Um número crescente – mas que no conjunto é ainda insignificante – de escolas de ensino médio, principalmente em cidades com forte histórico de imigração, tem aberto as portas para o ensino das chamadas “línguas estrangeiras minoritárias”, como o italiano, o alemão, o japonês, o polonês e até mesmo o ucraniano. Na Amazônia e no Centro-Oeste, onde está concentrada a maioria das etnias indígenas, tentativas também têm sido feitas para alfabetizar as crianças em português e na língua nativa.

Cursos de línguas não necessariamente de imigrantes, mas com prestígio devido ao lastro histórico-cultural ou ao poderio econômico do país falante do idioma, vêm igualmente aumentando de número. É o caso do francês – que até o predomínio do inglês nos anos 1960 foi o idioma estrangeiro mais importante no Brasil e cujo status parece em franca recuperação – e do mandarim, a língua oficial da China.

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Muitas línguas para um outro mundo

Nos fóruns sociais, tradutores permitem as trocas entre centenas de militantes. Entretanto, a falta de meios às vezes acaba por privilegiar certas línguas em detrimento de culturas minoritárias, suscitando incompreensões e tensões, enquanto o vocabulário altermundialista coloca problemas inesperados aos intérpretes.

Democracia participativa, gestão responsável dos recursos e dejetos, comércio sustentável, software livre… − um fórum social deve refletir em sua própria organizaçãoas mudanças que conclama com seus desejos. Ele deve em particular garantir o direito dos participantes de se comunicar na língua de sua escolha, pois, nessa área, não escapamos aos mecanismos de dominação. Depois do recurso a um serviço convencional de tradução simultânea em espanhol, português, francês e inglês para as sessões plenárias das duas primeiras edições do Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre, em 2001 e 2002, centenas de militantes se mobilizaram pela diversidade linguística e para garantir a tradução durante o primeiro Fórum Social Europeu (FSE) de Florença. Assim nasceu a rede internacional Babels, presente durante a maior parte dos fóruns organizados nos dez últimos anos.

Além das incontornáveis línguas veiculares, a Babels propõe aquelas do local onde acontece o Fórum: o hindi e o marata no FSM de Bombaim em 2004, o quéchua no Fórum Social das Américas de Quito em 2004, o catalão no Fórum Social Mediterrâneo de Barcelona em 2005, o grego no FSE de Atenas em 2006, o sueco no FSE de Malmö em 2008, a língua dos sinais britânica (BSL) no FSE de Londres em 2004 e a brasileira (Libras) no FSM de Porto Alegre em 2005, e o árabe no FSM de Túnis em 2013. Acrescentam-se a isso os idiomas estratégicos para a extensão dos fóruns nas regiões sub-representadas: línguas indianas (telugu, bengali, malaiala) e asiáticas (coreano, indonésio, japonês e tailandês) em Bombaim, línguas mediterrâneas e da Europa Central e do Leste em Londres, Barcelona e Atenas.

Para além da diversidade linguística, os discursos, as palavras e os conceitos trocados durante essas manifestações apresentam dificuldades para os tradutores-intérpretes profissionais. Para preparar o terreno, os voluntários da associação Ecos, estabelecida na Faculdade de Tradução e Interpretação da Universidade de Granada, inventaram a preparação situacional (sit-prep). Essa formação, organizada segundo as línguas e os níveis de dificuldade, permite aos novatos treinar a interpretação simultânea com vídeos gravados durante os fóruns precedentes.

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Vaticano autoriza missa em línguas indígenas no México

Quando os sinos tocam na igreja Templo la Caridad, na cidade colonial de San Cristóbal de las Casas, no México, o bispo local conduz um grupo de adolescentes indígenas em seu próximo passo na instrução religiosa. A Crisma é um tiro de passagem importante para qualquer católico devoto. É o momento em que eles repetem os compromissos e promessas para Deus feitos em nome deles quando foram batizados. Mas para estes jovens, o que se fala na cerimônia ressoa particularmente. A Crisma está sendo celebrada em tzotzil, a principal língua maia nesta parte do México. Durante séculos, a Igreja católica no Estado de Chiapas, ao sul do país, só realizou cerimônias oficiais em latim ou espanhol. “Quando os padres falam comigo em espanhol, eu não sei o que eles estão dizendo ou explicando”, diz Maria Teresa, de 16 anos. Assim como 65% da população de Chiapas, ela faz parte do povo maia e fala pouco espanhol. “Mas quando eu ouço as palavras na minha própria língua, eu entendo tudo e sinto como se o próprio Jesus Cristo estivesse falando comigo.”

Nova abordagem

Apesar de o espanhol permanecer como a linguagem da Igreja no México, gerações de catequizadores e missionários católicos traduziram a Bíblia para o tzotzil e para o tzeltal, outra língua indígena bastante popular na região.

Bispo diz que tradução da Bíblia capturou sentido das palavras em idiomas maias

Nos últimos sete anos, a diocese de San Cristóbal – uma das mais antigas do país – liderou os pedidos ao Vaticano para reconhecer oficialmente a liturgia nas línguas maia. O pedido recebeu atenção em outubro, quando o papa Francisco deu o sinal verde para que a celebração da missa semanal e alguns rituais-chave do catolicismo, como a confissão e o batismo, possam ser feitos nas duas línguas indígenas. O bispo auxiliar de San Cristóbal, o reverendo Enrique Díaz, diz que conseguir o reconhecimento de Roma foi um processo longo e complicado. “Isto é a aceitação não só de uma simples tradução, mas de um estudo meticuloso que captura o sentido das palavras da liturgia e da Bíblia”, diz, enquanto se houve o clero cantar hinos religiosos em tzotzil dentro da Igreja. O bispo dá parte do crédito ao papa Francisco, que o ajudou a conseguir a autorização. “Sem dúvida o papa Francisco trouxe consigo uma nova abordagem”, diz, argumentando que o fato de o pontífice ser argentino influenciou sua atitude em relação à América Latina. “Ele é mais próximo de nós tanto em termos de pensamento latino-americano como sobre os povos indígenas.” “Mesmo que não haja uma presença indígena grande na Argentina, ele passou algum tempo com comunidades indígenas e nos entende bem”, diz Díaz, que viajou para o Vaticano para discutir o papel da Igreja nas comunidades maias com o papa.
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Cooperação entre as Línguas portuguesa, espanhola e francesa pelo multilinguismo

Os secretários-gerais e executivos dos Três Espaços Linguísticos reuniram-se em Paris, na sede da Organização Internacional da Francofonia, no dia 11 de dezembro de 2013.

 Estiveram reunidos na capital francesa o secretário-geral da Organização Internacional da Francofonia (OIF), o antigo presidente do Senegal, Abdou Diouf, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o moçambicano Murade Isaac Murargy, bem como o uruguaio Enrique Iglesias, nome máximo da Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib), que representou o mundo de língua espanhola.

Após a reunião, eles assinaram uma declaração que confirma a importância da diversidade linguística e cultural como ferramenta imprescindível para o desenvolvimento sustentável e vontade mútua de reforçar a cooperação entre as respectivas organizações.

Abdou Diouf inicialmente evocou as ações da OIF em defesa do multilinguismo, lembrando que elas fazem parte de um quadro mais amplo, o do “direito ao respeito e à livre expressão dos povos a partir de suas diferenças”.

De fato, de acordo com o secretário-geral da Francofonia, o “unilinguismo” praticado no mundo, em nome de “supostas considerações práticas e económicas”, exclui “milhões de falantes que descem de categoria linguística no caminho do declive cultural”.
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Justiça falando em Guarani No Paraguai

A língua Guarani é a nova ferramenta que a Justiça paraguaia anexou ao seu trabalho diário em todo o país. A partir de agora, em todas as ações e procedimentos o uso da segunda língua oficial tem peso no tribunal.

Depois de um longo processo, a Secretaria de Política Linguística,  da Suprema Corte paraguaia, apresentou o dicionário Geral Digital Guarani.

Com esta nova ferramenta introduzida língua Justiça Guarani em linguagem jurídica e também em relação aos mecanismos processuais.

O renomado professor Ramón Silva foi quem liderou uma equipe que compilou trabalho de longos anos para chegar a  este dicionário. Assim, o Poder Judiciário é a primeira instituição do Estado para implementar o uso das duas línguas em suas atividades.
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Governos brasileiro e da França darão dez mil bolsas de língua francesa

Única instituição credenciada a realizar os exames para obtenção de proficiência em língua francesa no Brasil, a Aliança Francesa elaborou o curso online que será oferecido pelos governos francês e brasileiro a dez mil universitários que participarão do programa “Ciências sem Fronteiras”. O anúncio será feito amanhã (12), em Brasília, durante encontro dos presidentes François Hollande e Dilma Rousseff.

O curso Aliança Francesa à Distância foi aberto neste ano. O programa (http://www.aliancafrancesaadistancia.com.br/af/) apresenta tipos diferentes de cursos, de acordo com o objetivo de quem pretende aprender o idioma.

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