Museu do Amanhã: Instituição carioca mostrará aos visitantes como será o mundo 50 anos à frente da data de visita

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Exposição será atualizada com novas pesquisas

Museu do Amanhã: Instituição carioca mostrará aos visitantes como será o mundo 50 anos à frente da data de visita

Por Thais Paiva

Um planeta profundamente transformado pela ação humana e pelos impactos gerados pelas mudanças climáticas, alterações na biodiversidade, crescimento populacional e avanços tecnológicos. Este será o cenário que o visitante vislumbrará ao adentrar o Museu do Amanhã, a ser inaugurado até junho de 2015, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Diferentemente de outros espaços e produtos que se arriscaram a esboçar o futuro, porém, o Museu do Amanhã pouco risco corre de tornar-se ultrapassado: será a primeira instituição de ciência do País com um acervo permanentemente atualizável. Sua expografia retratará o mundo sempre 50 anos à frente do momento da visita.

Isso quer dizer que uma visita na ocasião de sua inauguração, por exemplo, será diferente de uma feita alguns meses depois. Além disso, os ambientes audiovisuais e instalações interativas da instituição pretenderão dar conta do que será o futuro não sem antes mostrar como estes cenários estão ligados às decisões tomadas no presente. “A ideia central é de que o amanhã é hoje e o hoje é o lugar da ação. O museu tem o objetivo de engajar uma reflexão sobre a era do Antropoceno (período mais recente na história do planeta Terra), na qual o homem se tornou uma força planetária capaz de interferir em ecossistemas”, explica Luiz Alberto Oliveira, curador do projeto, que é uma iniciativa da prefeitura do Rio de Janeiro e da Fundação Roberto Marinho.

A atualização do conteúdo será feita de acordo com a divulgação de novos dados e pesquisas científicas. A ideia é que à medida que sejam divulgados possam ser incorporados ao percurso narrativo, modificando o acervo de possibilidades. “Trata-se de um museu de ciências que fala de tendências e cenários possíveis, que podem mudar de acordo com as ações que optamos por empreender hoje”, explica Oliveira. Para isso, o museu contará com a parceria de mais de 30 consultores de diversas áreas e instituições de ciência brasileiras e internacionais como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT).

Com forte enfoque na questão da sustentabilidade, o próprio prédio que abrigará o museu trará algumas inovações. Desenhado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o projeto prevê a utilização de recursos naturais do entorno e medidas para melhorar o desempenho em eficiência termoenergética, redução do consumo de água e emissões de gás carbônico. A água da Baía de Guanabara, por exemplo, será utilizada para refrigerar o interior do museu e também abastecer o espelho d’água e mais de 6 mil placas de células fotovoltaicas nas “asas” do museu – que se movimentarão de acordo com a posição do Sol – captarão energia solar para gerar 200 KW.

A exposição de longa duração será dividida em cinco grandes áreas – Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Imaginação – que resultarão em 53 experiências diferentes. Em cada uma delas, o público terá acesso a um panorama geral sobre o tema e poderá aprofundá-lo se desejar. Outras atrações serão o “Laboratório das Atividades do Amanhã”, um espaço coletivo de experimentação e exibição de projetos e o “Observatório do Amanhã”, que irá reunir e catalogar as informações das últimas pesquisas científicas e tecnológicas.

Apesar de ser fundamentalmente um “museu do futuro”, a parte central do percurso narrativo será dedicada a pensar o hoje, tanto em relação às suas características, como seus possíveis sintomas. Neste contexto, totens gigantes com mais de 10 metros de altura trarão conteúdo audiovisual sobre as intervenções humanas no planeta. A ideia é que o material possa suscitar no visitante a consciência do papel que ele e cada um dos indivíduos desempenha dentro daquela realidade.

“Não estamos simplesmente querendo mostrar como a ciência funciona. Queremos aplicar a ciência para explorar os meios de construção do amanhã a partir de duas grandes diretrizes: a da sustentabilidade e a da convivência”, explica. No campo da sustentabilidade, as experiências vão levar o visitante a se perguntar ‘como queremos viver com o mundo e seus demais habitantes’. Já no campo da convivência, a questão será ‘como queremos viver uns com os outros?’. “Esperamos que as ponderações acerca dessas perguntas contribuam para tornar a experiência da visitação ainda mais rica e motivadora, contribuindo para a construção de um mundo mais colaborativo no plano individual e coletivo”, diz o curador.

Outra proposta é que o museu funcione como uma ferramenta de educação extraescolar. Para isso, deverá estabelecer uma rede de colaboração intensa com outras instituições de cultura, tecnologia e ciência como o vizinho Museu de Arte do Rio (MAR) e a rede Naves (ou Núcleos Avançados de Educação), iniciativas da prefeitura Rio de Janeiro e do Instituto Oi Futuro.

Sobre a garantia de acerto das previsões do futuro que serão ensaiadas pelo museu, Oliveira diz: “Só o que podemos apontar é a vigência, nas próximas décadas, de poderosas tendências que definirão as direções que a civilização contemporânea deverá seguir nas próximas décadas”. Em outras palavras, o que fará ou deixará de fazer parte do acervo do Museu do Amanhã está sendo definido hoje, a cada escolha que fazemos enquanto indivíduos ou sociedade.

Fonte: Carta na Escola

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