“Se matam um de nossos filhos, nós parimos mais três”: resistência e luta na 1ª Marcha das Mulheres Indígenas (por Letícia Cao Ponso)
Nas centenas de barracas coloridas de um acampamento no gramado do pátio externo da FUNARTE, em Brasília, entre o Planetário, o Parque da Cidade e o estádio Mané Garrincha, mulheres indígenas de 115 etnias preparam-se para a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, que tem como tema: “Território: nosso corpo, nosso espírito”. Um céu limpo de azul profundo e nuvens esparsas enquadra o cenário – o mar de Brasília, como definiu Lúcio Costa –, e os 20% de umidade no ar deixam uma secura que fecha a garganta, provoca tosse, irrita as vias aéreas até sangrar o nariz. Com as bocas secas e poeira nos olhos, mulheres de todas as idades e regiões brasileiras se cruzam, se cumprimentam, conversam, planejam, articulam e chamam-se sempre pelo mesmo vocativo: parente. Todas são parentes com um objetivo em comum: dar visibilidade às ações de defesa e garantia dos direitos indígenas, em especial o cuidado com a mãe terra, com o território, com o corpo e com o espírito.
Fonte: Sul 21
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