Português entre os idiomas em risco na era digital

 A língua portuguesa corre o risco de perder relevância na era digital caso não seja reforçado o investimento em programas científicos nesta área, alertou, em Lisboa, o coordenador de um estudo europeu.

António Branco, professor do Departamento de Informática da    Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é o coordenador do estudo agora publicado como livro branco, sob o título “A Língua Portuguesa na Era Digital”, pela editora internacional Springer Verlag.

“Apesar de ter um grande número de falantes a nível mundial, com 220 milhões, se não foram tomadas certas medidas, arriscamos a que o português perca relevância na sociedade de informação, se não forem tomadas certas medidas”, disse o responsável à agência Lusa, antes do lançamento da obra, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Durante a manhã, decorreu um workshop sobre o mesmo tema, com a participação de especialistas portugueses e estrangeiros, que debateram o estado atual de desenvolvimento da tecnologia da linguagem para a língua portuguesa.

“A Língua Portuguesa na Era Digital” faz parte de uma coleção de livros brancos sobre “As Línguas na União Europeia da Sociedade da Informação”, resultado de um projeto que abrange 30 línguas europeias.

Este estudo foi realizado por duzentos especialistas pela META-NET, uma rede europeia que engloba 53 centros de investigação em 34 países.

No quadro deste projeto europeu, os especialistas procuraram saber, em termos de tecnologia da linguagem, “como estão a ser equipadas as línguas europeias para fazer face ao choque digital”.

Questionado pela agência Lusa sobre a posição da língua portuguesa neste universo, António Branco revelou que “há um hiato imenso entre o inglês e qualquer outra língua. Em particular, em relação ao português, o hiato é ainda maior”.

Estabelecendo um gráfico para as 30 línguas analisadas no estudo, o inglês surge no primeiro grupo, bastante destacado. Num segundo grupo entra o francês, o alemão, o holandês, o árabe e o chinês.

A língua portuguesa ficou incluída num terceiro grupo – menos bem preparado para fazer face à era digital – onde estão idiomas como o búlgaro, o lituano e o húngaro, avaliou.

No futuro, salientou o especialista, a sociedade de informação usará cada vez mais serviços tecnológicos da linguagem, nomeadamente ao nível da tradução automática, através de máquinas sofisticadas.

No quadro do estudo, os especialistas fizeram um levantamento, analisando o número de citações em dez conferências científicas de topo na área da tecnologia da linguagem.

Contaram o número de referências específicas ao recurso a ferramentas de linguagem e as línguas em que eram aplicadas.

“O inglês surge com 943 referências, e o português com 47 referências”, disse à Lusa António Branco, como exemplo que ilustra a preparação da língua portuguesa na tecnologia da linguagem.

O livro, sublinhou António Branco, foi feito com o objetivo de trazer ao conhecimento do público em geral, das comunidades linguistas, dos jornalistas, e dos decisores políticos, em que consiste a tecnologia da linguagem e a sua importância do futuro das línguas, em particular o português.

Na obra também estão incluídas as recomendações sobre medidas mais urgentes a tomar nesta área, sobretudo com a articulação de política da língua, e de política de investigação e desenvolvimento da investigação científica, com programas específicos multidisciplinares.

Fonte: Diário de Notícias

IPOL Pesquisa
Receba o Boletim
Facebook
Revista Platô

Revistas – SIPLE

Revista Njinga & Sepé

REVISTA NJINGA & SEPÉ

Visite nossos blogs
Forlibi

Forlibi - Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

Forlibi – Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

GELF

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

I Seminário de Gestão em Educação Linguística da Fronteira do MERCOSUL

Clique na imagem
Arquivo
Visitantes