Línguas africanas em destaque

Depois da publicação da obra “Falamos Kimbundu”, o investigador da República do Congo, Jean de Dieu Nsonde, acaba de publicar, sob a égide das Edições L’Harmattan, em Paris, um livro sobre a língua de Nimi a Lukeni, o (Kikongo).

Prenhe em 185 páginas, o ensaio é constituído por sete capítulos, nos quais o autor aborda o agrupado de vintena de variantes do kikongo, presente na parte centro Oeste da África Central, a sua quadra evolução do seculo XV às independências, o contexto antropológico, o essencial da gramática, os elementos da conversa corrente e um pequeno léxico. Doutorado na Universidade de Pa- ris 1 / Pantheon-Sorbonne, Nsonde propõe uma linha média perante a espinhosa transcrição do idioma de Hyacinthus Brusciotthus de Vetralla (1650). Aconselha a utilização dos hábitos herdados do francês e do português, paralelamente o uso do Alfabético Fonético Internacional quando não complica mais a grafia. Entretanto, o bloco do kikongo estende-se por cerca de 300 000 km2 repartido entre Angola, os dois Congo e o Gabão, totalizando uma população locutora avaliada em 6 milhões.

Nota-se neste Quadrilátero que a língua de William Holman Bentley (1887) é atestada em províncias angolanas. Do norte ao sul: Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Malanje, Lunda Norte e Kwanza Norte. O Professor congolês em posto em Guadalupe apoia a teoria da expansão do kikongo paralelamente à constituição do tecido político, federal, a partir de Pembassi, o atual Mbanza Kongo.

REVITALIZAÇÃO
Em breve pronunciamento sobre a referida obra, o historiador angolano e perito da UNESCO no projecto “A Rota do escravo”, simão Sioundoula, apontou a Rádio Ngola Yetu, em Luanda e as rádios províncias de Cabinda, Uíge e Zaire, assim como a Televisão Publica de Angola, as únicas estações na região que emitam em kikongo tradicional; tendo as demais reservado os seus programas ao kikongo veicular, o munukutuba e o kikongo ya l’Etat.

Quanto ao Gabão, referiu que a antena local desperta os seus variantes kikongo (punu e vili), em ocasiões excecionais. Jean de Dieu aponta o Kakongo, na actual Cabinda, como zona de formação do kikongo veicular como consequência da forte movimentação e do tráfico negreiro, em meados do século XVIII, provocando a produção de vários dicionários, processo que se consolidou com o funcionamento activo do porto de Matadi, no seculo XX.

Segundo ele, a versão do pidgin do kikongo, já estava estabelecida, durante o século XVII, na região do Estuário do Zaire, consequência do desmoronamento do conjunto federal, que favoreceu a zona costeira- Soyo, Ngoyo, Kakongo e Loango. Refere ainda que, o autor, ao analisar a substancia linguística e antropológica do falar congense, Nsonde baseia-se, na sua língua materna, o lari, a ultima variante setentrional. A publicação de “Falamos Kikongo” e, a todos pontos de vista, benéfica para a região e Angola, onde se desenvolveu o kikongo, provavelmente, no fim do primeiro decénio da nossa era e beneficia, hoje, da revitalização das médias do Quadrilátero.

Augusto Nunes, augusto.nunes@opais.co.ao

Publicado em O País http://www.opais.net/pt/

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