Língua portuguesa em “aperfeiçoamento” na China
A professora da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim, Zhao Hong Ling, está em Macau e refere que os professores de Português no Continente são muito jovens. “Só quando temos bons professores é que podemos formar melhores alunos”, lembra. O presidente do Instituto Politécnico concorda. Zhao Hong Ling, professora da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim, defendeu ontem em Macau que o ensino de português está em “aperfeiçoamento” na China, e que, nesta fase, é preciso apostar na formação dos docentes e materiais didáticos.
“O ensino da língua portuguesa na China encontra-se numa fase entre a generalização e o aperfeiçoamento; entre o que ensinar e como ensinar”, disse Zhao Hong Ling na abertura do segundo Fórum Internacional de Ensino da Língua Portuguesa na China, a decorrer até sexta-feira no Instituto Politécnico de Macau (IPM).
Para a acadêmica, “é mais importante o amadurecimento do ensino do que criar mais [cursos de português] nas universidades” chinesas, defendeu à margem do fórum, que também integra um curso de formação em pedagogia.
Ao abordar as necessidades do ensino de português na China, Zhao Hong Ling referiu que “o corpo docente é muito jovem e precisa actualizar os seus conhecimentos, [pois] só quando temos bons professores é que podemos formar melhores alunos”.
Por outro lado, apontou a falta de materiais didáticos: “É um problema que encontramos há muito tempo. Está a melhorar, mas precisamos de reforçar muito, no sentido de produzir mais materiais didáticos, convenientes e adequados aos alunos chineses”.
“Os professores estão dispersos a trabalhar em cada universidade e não temos ainda um organismo onde podemos reunir e discutir e fazer um programa, e nesse âmbito fazer manuais”, salientou.
A académica indicou que “é difícil fazer um programa comum para toda a China, porque o objectivo também varia de universidade para universidade”. “Eu bem sei que outras línguas têm um programa comum para toda a China, como por exemplo o Espanhol na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim, e assim é mais fácil fazer uma avaliação dos alunos”, refletiu.
O desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa, nomeadamente Angola, vocacionam as necessidades de Pequim de falantes de português para a economia e comércio, embora as universidades chinesas também formem pessoal para os ministérios e função pública, observou a académica. “Nesse sentido, também temos de ver o mercado e adaptar um pouco o nosso programa”, concluiu.
Organizados pelo IPM, o Fórum Internacional de Ensino da Língua Portuguesa na China e curso de formação em pedagogia de ensino de português contam com cerca de 70 participantes, incluindo 45 profissionais de 20 universidades chinesas e os restantes das instituições de ensino superior e Direcção dos Serviços de Educação de Macau.
Ao concordar com Zhao Hong Ling, o presidente do Instituto Politécnico de Macau, Lei Heong Iok sublinhou: “Realmente faltam materiais. E quase todos os participantes [no fórum] têm menos de 30 anos, o que significa falta de experiência. Precisam, por exemplo, de frequentar mais cursos de mestrado e até de doutoramento”.
Por outro lado, salientou o contributo que o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa, em desenvolvimento desde o ano passado pelo IPM, pode dar tanto na formação como nos materiais audiovisuais, incluindo através de plataformas online. Entretanto, segundo referiu Lei Heong Iok, “até ao ano letivo 2014-2015, pelo menos 32 universidades chinesas tinham criado ou vão criar o curso de língua portuguesa em quase todas as regiões do país”.
Fonte: Ponto Final Macau
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