Conheça o corajoso garoto que a Copa do Mundo ignorou

Conheça o corajoso garoto que a Copa do Mundo ignorou
por Frederick Bernas & Anne Herrberg

Wera-Jeguaka-MirimAssista aqui ao vídeo com o garoto Werá Jeguaka Mirim.

Para muitos brasileiros, a realização da Copa do Mundo foi um momento para afirmar o estatuto do país como um verdadeiro jogador no cenário global – finalmente abandonando sua marca como uma nação com grande potencial mas acompanhada por dificuldades.

Com a atenção da mídia voltada para as preocupações organizacionais do espetáculo esportivo, inúmeras histórias foram ofuscadas.

Uma delas foi a de Werá Jeguaka Mirim, um adolescente guarani que destemidamente realizou um protesto na cerimônia de abertura do torneio, um pouco antes de o Brasil começar a jogar contra a Croácia na nova Arena Corinthians, em São Paulo.

Werá estava em um grupo de três crianças – uma branca, um afro-brasileira e uma indígena – que foram escolhidas para soltar pombas da paz no campo como um tributo à tolerância e da diversidade cultural.

Mas Werá tinha outra mensagem a enviar: escondida em sua bermuda havia uma faixa vermelha com os dizeres – “Demarcação Já!”!

Ele ergueu a bandeira na frente de mais de 60.000 espectadores, e milhões mais de telespectadores em todo o mundo, na esperança de capitalizar sobre a oportunidade de exigir o reconhecimento dos direitos territoriais indígenas – mas o ato foi censurado pelo corte das câmeras de TV.

Embora poucos jornalistas tenham registrado a história, fotos de Werá se espalharam nas redes sociais. Ele se tornou um herói para seu povo.

Os Guarani são a maior tribo no Brasil e vivem em cinco estados diferentes. Uma grande parte de suas terras foi reivindicada para a criação de gado e plantações de cana-de-açúcar, enquanto muitos guarani foram forçados a viver em reservas lotadas ou acampamentos nas beiras de estradas, onde a desnutrição e as doenças são crônicas.

Algumas dessas terras indígenas, como a comunidade do Werá, Krukutu, localizam-se relativamente perto das áreas urbanas. A família de Werá vive em um conjunto humilde de cabanas de madeira, situado entre laranjais e bananeiras no que parece ser o meio da selva. A estrada de asfalto mais próxima fica a 7 km, a 3-4 horas de carro da metrópole de São Paulo.

“As pessoas na cidade acham que 25 hectares é muita coisa, mas não é”, explicou Olívio Jekupe, o pai de Werá. “O mundo indígena é diferente – as pessoas vivem em espaços grandes e dependem da natureza para sobreviver.”

Jekupe diz que o crescimento da população está colocando o território indígena sob pressão crescente. Na comunidade de Jaraguá, norte de São Paulo, este problema ficou evidente: grandes famílias são aglomeradas em pequenas casas em ruínas que estão ocupando terra disputada.

Werá estava entre dezenas de jovens que participaram de um acampamento de ação guarani destinado a promover a solidariedade e apoio para Jaraguá, que recentemente recebeu uma ordem jurídica para desocupar o território. Foi uma cena forte para ilustrar a luta mais geral do povo de Werá, que tem esperanças de que seu corajoso protesto inspire uma nova geração a assumir a causa.

Fonte: Fusion

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