Bolivianos traduzem Facebook para idioma aimará

Grupo de jovens bolivianos está traduzindo os conteúdos do Facebook para o idioma aimará

agencia_EFE

Um grupo de jovens bolivianos está traduzindo os conteúdos do Facebook para o idioma aimará, para que o idioma indígena se torne uma das línguas oficiais da rede social, informou nesta quarta-feira o coordenador da comunidade virtual Jaqi-Aru, Rubén Hilari, responsável pelo projeto.

A proposta surgiu em 2012, por iniciativa de Elías Quispe, um dos integrantes de Jaqi-Aru (língua das pessoas) e atual responsável pelo projeto de tradução, explicou Hilari à Agência Efe. Para habilitar a opção do idioma aimara no Facebook é necessária a tradução de 24 mil palavras, um trabalho que começaram há dois anos.

“Como a maioria da equipe sabe inglês, a tradução é feita da língua original para o aimara, sem a ponte do espanhol”, destacou o coordenador da comunidade. A etnia aimara, a qual o presidente boliviano, Evo Morales, pertence, é a segunda maior da Bolívia com 1.191.352 pessoas, logo atrás dos quíchuas (1.281.116), segundo dados do censo de população 2012.

Jaqi-Aru é uma comunidade virtual integrada por jovens aimaras que são lingüistas, programadores de sistemas e educadores, alguns bilíngues e outros trilingues, que promovem o uso dessa língua originária nas novas tecnologias da informação.

A comunidade foi criada em 2009 quando estes jovens viram que o aimara não tinha “presença” na internet, pois ao fazer buscas nessa língua, o único resultado que encontravam eram dicionários ou “coisas básicas”, mas não textos completos, explicou Hilari.

“Isso nos causou uma motivação do fundo da alma. Como é possível que nossa língua não tenha presença na internet? E assim montamos o grupo”, indicou. Desde então, criaram e traduziram blogs, contribuem com conteúdos em aimara na Wikipedia e publicam no idioma em redes sociais como Facebook, Twitter e Google+.

Agora avançam na tradução dos conteúdos do Facebook para que o aimara seja mais uma das 70 opções de idioma da rede social. “Havia outra opção, de traduzir as 200 palavras mais usadas dentro do Facebook. Mas para ter mais impacto, nós preferimos traduzir as 24 mil”, afirmou Hilari, ao revelar que já tem 60% do trabalho pronto.

Há três semanas fizeram contato com a equipe de tradução da rede social, que disse que deviam alcançar pelo menos 90% da tradução para que a língua seja habilitada como “mais uma oficial dentro do Facebook”, sustentou Hilari.

Algumas palavras e frases podem ser traduzidas sem problemas para o aimara, por exemplo, o “No que você está pensando?” é “kuns lup’iskta”, enquanto “início” é “qallta”. No entanto, outras não têm tradução literal na língua indígena, como o famoso “Curtir”, para o qual há diversas opções, entre elas, “Kusawa”, “Muntwa” e “Walikiwa”.

Hilari indicou que as opções de interpretação destas palavras de difícil tradução serão submetidas ao consenso em um debate, de acordo com sua funcionalidade, em oficinas que serão organizadas Jaqi-Aru com jovens aimaras das cidades de El Alto e La Paz, e das comunidades do planalto que já usam o Facebook.

Também serão buscadas contribuições de aimaras que vivem na Europa, Estados Unidos ou em países da América Latina. Os tradutores bolivianos esperam terminar o trabalho em agosto, para apresentar a plataforma ao público em setembro.

Fonte: info.abril.com

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